Atualizada às 07h06min Karine Wenzel  |  karine.wenzel@diario.com.br

Arthur Mendonça Cataldo chega às 11h na academia no Campeche, em Florianópolis. O treino, que ocorre duas vezes por semana, dura em torno de 45 minutos e tem como principal objetivo fortalecer a musculatura, principalmente das pernas. Os movimentos são feitos lentamente e cada série de exercícios exige esforço do aluno para levantar os pesos. Até aí nenhuma novidade, exceto que Arthur completou 100 anos em março.

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O aposentado faz parte de um grupo que tem ocupado esteiras e aparelhos nas academias de musculação: os acima de 70 anos. Cientes da necessidade de cuidar da saúde, eles enxergam a atividade física como meio de prevenir doenças, evitar quedas e dores e melhorar o relacionamento interpessoal.

Paulo Roberto de Lima, médico do esporte e proprietário do Instituto Bios, academia de musculação terapêutica adaptada em Florianópolis, explica que a partir dos 50 anos há perda de massa óssea e muscular e isso torna mais difícil realizar atividades cotidianas, como subir escadas ou carregar sacolas:

— O exercício promove a volta dessa qualidade de vida, mas é importante ter regularidade. Essa sociabilização na academia também auxilia no suporte emocional.

Tânia Bertoldo Benedetti, uma das autoras do livro Atividade Física e o Idoso: Concepção Gerontológica e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), reforça a importância da atividade física entre o grupo com mais idade:

— As pessoas mais ativas tem menor número de problemas de saúde e de medicamentos, além disso, procuram menos os serviços de saúde.

Para os que planejam fazer exercícios físicos até os 100 anos, como o Arthur, ele resiste em contar o segredo de tamanha disposição, mas confidencia três fatores que também auxiliam para manter a saúde: comer banana diariamente, vinho e muito água.



Arthur tem 100 anos e treina duas vezes por semana. Foto: Betina Humeres.


Casal de mais de 70 anos vai junto à academia

Aldo Schutz, de 71 anos, e sua esposa Doraci, 70 anos, comprovam os benefícios da atividade física. Doraci iniciou seu treino em uma academia de musculação há quatro anos. As idas à academia três vezes por semana foram fundamentais para melhorar os sintomas da artrose e das dores fortes nos joelhos, que iniciaram há 12 anos.

— Antes a musculação era um bicho de sete cabeças para mim e achei que não conseguiria. Hoje me sinto mais disposta para tudo — afirma Doraci.

Aldo foi um pouco mais resistente e começou a acompanhar a esposa na academia em outubro do ano passado, mas já comemora os resultados, conquistados com o exercícios físicos e cirurgia bariátrica. Hipertensão, altas taxas de colesterol, triglicerídeos e glicose ficaram no passado.

— Faço exercícios físicos não por estética ou vaidade, mas por qualidade de vida _ diz.

Luciana Gomes Alves, professora de Educação Física e Envelhecimento Humano da Universidade do Vale do Itajaí (Univali) afirma que há uma mudança de comportamento dos idosos, que hoje priorizam mais a saúde e qualidade de vida:

— O corpo é igual a uma máquina, tem que estar em movimento. Se parar por um tempo, demora mais a recuperação em caso de lesões, por exemplo — diz.

::: 5 dicas para quem tem mais de 60 anos e quer se movimentar

Atividades com afinidade

Foque em exercícios que goste de fazer e que tenha afinidade. Isso garante mais disposição e que os idosos continuem nas aulas e não desistam.

Avalie a saúde

Consulte um médico para verificar se tem alguma restrição para prática de atividades físicas. Faça avaliação física periodicamente para verificar seu estado de saúde e acompanhar os resultados.

Locais e grupos focados

Procure profissionais, locais ou grupos que trabalham com idosos ou que têm profissionais voltados para esta área. Alguns cuidados com a prescrição de exercícios, especialmente com as articulações dos idosos, devem ser priorizados.

Respeite seus limites

Comece devagar e aumente gradativamente os exercícios. Alguns idosos têm receio de aumentar a intensidade dos exercícios, mas para que ocorra uma evolução e adaptação do corpo, é necessário.

Força e flexibilidade

Nos idosos exercícios devem trabalhar, principalmente, força, flexibilidade, equilíbrio, agilidade e resistência. Isso evita, por exemplo, quedas e torna a recuperação mais rápida e menos dolorida. Diversas atividades podem proporcionar isso, porém é importante dosar. Ao invés de só caminhar, que aumenta a resistência, intercale com musculação, que fortalece e torna mais flexível.

::: Muito além da estética

O exercício físico na terceira idade proporciona diversas melhorias no corpo e na mente dos idosos, que vão muito além do corpo sarado. Confira alguns resultados alcançados com atividades regulares:

Estimula os grupos musculares

Melhora coordenação dos braços e pernas

Melhora a capacidade motora, articular, muscular e cardiorrespiratória;

Acompanhada de um controle nutricional, auxilia na queima de calorias que diminui a gordura corporal

Aumenta a eficiência dos pulmões, coração e vasos sanguíneos

Fortalece a musculatura dos membros inferiores, auxiliando na sustentação da postura corporal

Auxilia no combate à insônia

Estimula a criatividade

Proporcionar melhor contato social

Fontes: Laylla Fernanda Moraes, instrutora de musculação na Academia Fórmula; Luciana Gomes Alves, professora de Educação Física e Envelhecimento Humano da Universidade do Vale do Itajaí (Univali); Paulo Roberto Machado de Lima, médico do esporte e fisiatra; Tânia Bertoldo Benedetti, professora da Universidade Federal de Santa Catarina.

DIÁRIO CATARINENSE