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Itapema FM  | 07/04/2015 09h44min

Billie Holiday completaria 100 anos nesta terça-feira

Exposta como vítima e criminosa, cantora, para além da voz imortal, foi ícone da luta pela igualdade racial

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Poucas cantoras representam tanto para um conjunto de gêneros musicais quanto Billie Holiday. Talvez porque nunca tenha de fato interpretado uma canção, mas sim personificado a tristeza que carregava na alma e despejava no palco. Ninguém jamais cantará o blues, o jazz e o soul como Billie cantou.

Nascida Eleanora Fagan há exatos 100 anos, em Baltimore, filha de mãe solteira, teve a típica infância rica em privações que uma criança pobre e negra teria nos EUA da década de 1920. Quase sem acesso a escola e passando a maior parte do tempo sozinha, foi criada em lares adotivos onde foi vítima de abuso sexual e acabou em um internato católico. Quando saiu, partiu para Nova York, onde a mãe tentaria recomeçar a vida.


Billie em 1917, em foto de família (Fotógrafo desconhecido)

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No começo dos anos 1930, enquanto trabalhava como prostituta, conheceu o universo dos bares de música negra do Harlem. Adotando o nome da atriz Billie Dove, passou a acompanhar grupos de jazz e blues que precisavam de cantoras e foi, aos poucos, criando boa reputação no meio. Em 1933, aos 18 anos, caiu nas graças do produtor John Hammond e gravou seu primeiro compacto comercial: acompanhada de Benny Goodman, imortalizou as canções Your Mother's Son-In-Law e Riffin' the Scotch.

O disco impulsiona a carreira de Billie, que passa a acompanhar big bands famosas, como as comandadas por Count Basie e Artie Shaw — com este, torna-se a primeira cantora negra a integrar uma banda de brancos. A questão racial nunca a abandonou: em 1939, rompeu com sua gravadora, a Columbia, para poder musicar o poema Strange Fruit, que falava sobre o linchamento de um homem negro. No mesmo ano, estreou a canção no palco do Café Society, primeiro clube multirracial de Nova York.

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Nos anos 1940, seu triunfo musical anda em compasso com os problemas pessoais. Envolvida em relacionamentos conturbados e viciada em drogas, acaba presa várias vezes por posse de narcóticos, o que a afasta dos palcos — mas não diminui sua fama e carisma, esgotando ingressos para espetáculos no Carnegie Hall e na Broadway. Em 1954, parte para sua primeira turnê europeia, onde é aclamada. Cinco anos depois, morre de cirrose hepática, no dia 17 de julho, em Nova York.

Seu legado, no entanto, jamais foi esquecido. Em 1972, sua cinebiografia, estrelada por Diana Ross, é indicada a cinco Oscar. Nos anos seguintes, ganha todo tipo de homenagem — de estátua em sua cidade natal a música do U2 (Angel of Harlem), além de ter sua obra eleita para o Hall da Fama do Grammy.

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