Com exceção dos fundadores Paul Stanley e Gene Simmons, ninguém - incluindo as formações passadas - tem mais tempo de Kiss do que Eric Singer. Suas três passagens pela banda somam 18 anos, dos quais os últimos 11 consecutivos. É ele quem estará nas baquetas quando o brado "You want the best, you got the best" (Vocês querem o melhor, vocês tem o melhor) irromper das caixas de som anunciando o início do show do grupo em Florianópolis, no próximo dia 20, por onde a lenda do rock começa turnê no Brasil que comemora os 40 anos de carreira

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Com trabalhos ao lado de gigantes como Black Sabbath e Alice Cooper no currículo, Singer entrou no Kiss aos 34 anos, em substituição a Eric Carr, morto de câncer em 1992. Desde então, saiu em 1997, voltou em 2001, foi embora de novo em 2002 e retornou em 2004. De sua casa em Los Angeles, ele atendeu o Anexo por telefone para a entrevista exclusiva abaixo.


Anexo- Qual a motivação para continuar subindo ao palco noite após noite pelo mundo após todos estes anos?

Eric Singer - Acho que se você gosta do que faz, ama a música e gosta de interpretar personagens para as pessoas as coisas simplesmente acontecem. Você não consegue se desligar de ser um músico ou artista, como se fosse uma chave de luz. Não funciona desse jeito. Rock é sobre quebrar regras, é isso que faz os Rolling Stones continuarem fazendo turnês por décadas

Anexo - Você não temeu a reação dos velhos fãs quando decidiu interpretar The Cat, o mesmo personagem do primeiro baterista, Peter Criss, quando o Kiss voltou a usar maquiagem, em 1998?

Singer - Isso é assunto velho. Próxima pergunta, por favor. Sério, ninguém se importa com isso. Há pessoas que não gostam; tudo bem, eu as respeito. Eu cresci como um fã do Kiss e fiquei tão feliz quando me convidaram para entrar na banda que nunca dei muita importância à maquiagem.

Anexo - Como você gostaria de ser lembrado pelos fãs do Kiss?

Singer - Para ser honesto com você, nunca pensei nisso. Não me preocupo com legado ou coisas do tipo. Sou um baterista, um músico, e tenho tocado durante toda a minha vida. Venho de uma família de músicos, meu pai tinha uma banda, meu irmão era cantor, meu irmão mais velho era dançarino, então eu cresci num ambiente de música e entretenimento. Nunca pensei em criar algum tipo de legado. Apenas amo tocar, toco para viver e é o que faço. Sabe com o que me importo? Em ser feliz, gostar do que faço e fazer as pessoas felizes. Isso é fantástico.

Anexo - O que você estaria fazendo hoje se não estivesse no Kiss?

Singer - Provavelmente, estaria tocando com outro artista, como fazia quando ainda não estava na banda. Minha coisa favorita é tocar bateria e fazer música, é o que venho fazendo por 30 anos: gravando discos e fazendo shows com outros artistas.

Anexo - O que você faz quando não está com o Kiss, tem algum hobby?

Singer - Eu coleciono relógios, gosto de carros, de ir a bons restaurantes... Na verdade, gosto das mesmas coisas que a maioria das pessoas. Adoro esportes, sou um grande fã de basquete.

Anexo - Você torce para algum time da NBA?

Singer - Sim, para os Lakers porque moro aqui e para os Cavaliers porque sou de Cleveland.

Anexo - O que você achou da volta de Lebron James aos Cavaliers?

Singer - Claro que fiquei muito feliz. Eu tinha ficado furioso quando ele deixou o time.

Anexo - Mas você chegou a queimar camisetas da equipe com o nome dele quando ele foi jogar no Miami Heat, como fizeram outros torcedores?

Singer - Não, não (risos). Mas eu entendo as pessoas que reagiram assim. Entendo a paixão por esportes, a paixão por determinadas bandas. Mas, ei, é apenas basquete, apenas entretenimento! Odiei Lebron quando ele nos trocou pelo Miami Heat, mas torci para que eles fossem derrotados pelos Cavaliers ou pelos Lakers do mesmo jeito que torceria se ele não estivesse jogando lá. Torço para o meu time, não para este ou aquele atleta.

Anexo - Qual a sua relação com Gene Simmons e Paul Stanley quando vocês não estão tocando juntos? Vocês são amigos, saem para beber?

Singer - Eles não bebem (risos)! Mas nós somos amigos, podemos tomar um vinho de vez em quando. Quando estamos em turnê, Gene não é muito de sair, ele costuma ir do palco para o hotel. Mas nós sentamos lado a lado no camarim para fazer a maquiagem e acabamos conversando sobre tudo quanto é assunto. Gene me lembra meu pai, eu o chamo de "tio Gene", é como se ele fosse meu tio maluco.

Anexo - Você concorda com Gene Simmons, que recentemente declarou que as novas tecnologias mataram o rock?

Singer - Acho que ele estava se referindo ao compartilhamento de arquivos online. Todo mundo sabe que isso é ilegal, que é errado. Você está roubando música das pessoas. É a mesma coisa de você ir a uma loja, pegar o disco de sua banda predileta e sair sem pagar. Os mais jovens não se ligam porque vêm fazendo isso sua vida inteira. Como eles pensam que os músicos vivem? Como eles pensam que os músicos pagam suas contas? Como eles pensam que os músicos conseguem sair em turnê? As pessoas não querem mais pagar pela música, querem tudo de graça. É disso que eu acho que Gene estava falando. A tecnologia é sensacional, mas, para uma banda que está começando, torna muito difícil viver de música.

Anexo - Então, o você diria para um garoto que quer montar uma banda?

Singer - Eu diria para ele procurar outra coisa para fazer. Arrumar um emprego.


AGENDE-SE

O quê: show que comemora os 40 anos de carreira da Banda Kiss.
Quando: 20 de abril. Abertura da casa às 18h, show previsto para as 21h
Onde: Devassa On Stage (Rod. Maurício Sirotsky Sobrinho, 2500, Jurerê Internacional, Florianópolis)
Quando: Pista 2º lote - R$ 300 e R$ 150 (meia e clube do assinante Diário Catarinense), Pista Vip 2º lote - R$ 330 e R$ 165 (clube do assinante Diário Catarinense), à venda no Blueticket
Classificação: 16 anos