Se ainda vivo, o poeta Castro Alves poderia arriscar substituir suas bendições àquele que semeia "livros, livros à mancheia e ensina o povo a pensar" por um simples "bendita seja a internet".

Em uma busca rápida pela rede, é possível encontrar clássicos da literatura brasileira (Castro Alves, inclusive) e internacional que já são de domínio público na íntegra – a maioria otimizados para leitura em e-readers e tablets. O acervo em português do www.dominiopublico.gov.br, mantido pelo Ministério da Educação, é tímido: tem mais de 2,1 mil títulos, que vão da poesia aos épicos, quase todos de autores brasileiros.

Com poucas traduções e dependendo de voluntários e projetos de digitalização do acervo de universidades, falta bastante para chegar ao tamanho de um Project Gutenberg, que armazena 46 mil livros em língua inglesa e é construído em grande parte com ajuda de usuários.

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Embora o passeio pelo catálogo mostre mais obras antigas (Cândido, de Voltaire, foi publicado em 1759, por exemplo), tudo eventualmente se torna domínio público. Os direitos autorais (ou direitos de autor) duram por 70 anos contados de 1° de janeiro do ano subsequente ao falecimento do autor. E não vale apenas para livros: artigos, obras musicais e invenções também se tornam de livre uso comercial.

Selecionamos 10 grandes livros que estão disponíveis no portal do Ministério da Educação brasileiro. É só clicar no nome da obra e sair lendo.

1. A alma encantadora das ruas, de João do Rio
Série de 37 crônicas e reportagens sobre o símbolo da cidade do Rio de Janeiro no início do século 20: as ruas e seus personagens.

2. A Cartomante, de Machado de Assis
Dois amantes confabulam sobre a veracidade dos conselhos de uma sinistra cartomante cheia de frases de efeito.

3. A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas Filho
Jovem aristocrata se apaixona por cortesã em plena Paris do século XIX. A família dele, evidentemente, é contra a relação.

4. Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa
Composto de centenas de fragmentos, dos quais Fernando Pessoa publicou apenas doze, o narrador principal deste livro é o semi-heterônimo Bernardo Soares.

5. A Divina Comédia, de Dante Alighieri
Dispensa comentários a panorâmica de céu, inferno e purgatório inventada por Alighieri no início do século 14.

6. A Mensageira das Violetas, de Florbela Espanca
Um livro de sonetos melancólicos da poeta alentejana, considerado uma de suas melhores obras.

7. Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente
Primeira parte da trilogia alegórica das barcas, fala da moralidade e da corrupção da sociedade portuguesa do século XVI.

8. Cândido, de Voltaire
A história do ingênuo jovem que deixa um paraíso para passar por uma quantidade incrível de desventuras arranca risadas de qualquer um.

9. Dom Casmurro, de Machado de Assis
Para quem ainda não sabe ou precisa se perguntar novamente se Capitu traiu ou não traiu.

10. Os Sertões, de Euclides da Cunha
Misturando história e jornalismo, permanece o relato mais cru e esclarecedor sobre a Revolta de Canudos até hoje.