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Itapema FM  | 21/03/2015 13h03min

Maratona de 6 mil eventos em 10 dias do festival SXSW termina neste domingo, em Austin, nos EUA

South by Southwest é palco de shows, palestras sobre tecnologia e lançamentos de filmes e seriados

Marcos Piangers  |  piangers@atlantida.com.br

Talvez esta seja a melhor forma de explicar o que é o South by Southwest (SXSW) para quem mora no sul do Brasil: é como se o Planeta Atlântida, o Fronteiras do Pensamento, o Festival de Cinema de Gramado e o verão em Florianópolis acontecessem ao mesmo tempo, no mesmo lugar, por 10 dias.

São 300 mil pessoas a mais na cidade de Austin, Texas, cerca de 50 mil com credencial que permite entrada em mais de 6 mil eventos (os últimos serão neste domingo). Você pode ouvir palestras com o Al Gore pela manhã, ver a estreia do filme do Al Pacino à tarde e assistir a um show do Wyclef Jean à noite. Ou conferir shows de bandas desconhecidas de manhã, discutir a melhor câmera para filmar documentários à tarde e acompanhar um painel sobre um novo aplicativo à noite.

SXSW: como chamar atenção no meio de 6 mil eventos

"Um evento mais sobre as pessoas do que sobre tecnologia", diz o diretor de interatividade do SXSW

Tudo é espalhado pela cidade, tudo acontece ao mesmo tempo, muitas vezes você quer estar em três lugares ao mesmo tempo. O SXSW é uma luta constante entre sua ansiedade e as limitações da física.

Neste ano, alguns temas foram predominantes: realidade virtual, a chegada da China ao consumo de luxo e a produção de hardware de qualidade, novos métodos de pagamentos e moedas virtuais e o uso de informações do usuário para distribuição de mídia e publicidade personalizadas.

 

Wyclef Jean fez show no palco Pandora
Foto: Rachel Murray/ Getty Images

- Informações de usuários são como petróleo: valem muito, mas quem realmente ganha dinheiro com isso é quem sabe refinar - avisou Sandy Carter, executiva da IBM.

Lojas inteligentes que oferecem promoções de acordo com o perfil do cliente, publicidade no celular com base na localização, notícias selecionadas especificamente para cada hora do dia. Tudo isso já é discutido há algum tempo, mas agora começa a virar realidade.

- Quando a internet for como oxigênio (estiver em todo lugar), modelos de negócio revolucionários vão surgir - previu David Parkinson, cabeça digital da Nissan em países emergentes.

 

Filme "Ex Machina", de Alex Garland, foi exibido no SXSW
Foto: SXSW/ Divulgação

Mas os modelos de negócio revolucionários podem não agradar a todos.

- A questão não é geracional, é de atitude - disse Pete Cashmore, do Mashable, site americano focado em notícias sobre internet e redes sociais.

A frase foi repetida em mais de uma palestra este ano, sempre com a intenção de desfazer o mito de que o momento de conflito entre novas e velhas empresas tem a ver com a idade dos seus fundadores. Mas é inevitável a sensação de que a agressividade e a inconsequência das novas empresas, chamadas de startups, cheiram como espírito adolescente. Da mesma forma que bandas desafiam as autoridades nos shows à noite, as startups desafiam grandes empresas em todos os eventos do dia.

 

O ator Elijah Wood ataca de DJ em festa da Marshall Headphones
Foto: Daniel Boczarski/ Getty Images

- Acho que o pessoal do Vale do Silício pensa que qualquer grande companhia é obsoleta e comandada por idiotas - disse Alec Berg, criador da série Silicon Valley (exibida pela HBO), no painel sobre as novas formas de distribuição de vídeos.

Jeremy Gutsche, criador do site trendhunter.com, que aborda assuntos como tecnologia, design e negócios, reforçou a ideia:

- Todo empreendedor deve ter um espírito destruidor. Grandes empresas estão falindo porque continuam fazendo as mesmas coisas o tempo todo, e, em vez de inovar, tentam proteger seus mercados com leis e regulações.

Ele está se referindo aos recentes processos contra empresas como Uber (aplicativo de compartilhamento de carros) e o Airbnb (aplicativo de compartilhamento de casas). Os sindicatos querem que ambos paguem impostos, como se fossem empresas de táxi e hotéis. As startups se defendem dizendo que o mundo está mudando, e as leis estão ultrapassadas.

 

Snoop Dogg, primeiro rapper a ser orador principal do braço musical do evento
Foto: Michael Buckner

O público parece concordar: startups vêm conseguindo uma audiência gigantesca, investidores generosos e crescimento impressionante. Seus donos têm motivos para se comportar como adolescentes mimados. Hoje, nos Estados Unidos, eles são os novos rockstars.

Não quer dizer que grandes empresas não possam ter status de Rolling Stones da tecnologia. Apple e Google apresentam produtos inovadores todos os anos, e isso se deve principalmente a áreas específicas focadas em grandes inovações.

- Não queremos fazer algo 10% melhor. Pequenas melhorias não nos interessam. Queremos fazer algo 10 vezes melhor! - gritou Astro Teller, chefe do Google X, no palco do SXSW. - Nossa área está na intersecção dos grandes problemas da humanidade, soluções nunca antes experimentadas e tecnologias futuristas.

Com esse lema, o Google X criou o carro que se dirige sozinho, um sistema de distribuição de sinal de internet para o mundo todo e uma tecnologia de energia eólica completamente disruptiva. Teller foi aplaudido de pé pela plateia. E ele tem 44 anos.

ZERO HORA
Amy E. Price / Getty Images

Astro Teller, chefe do Google X, fechou as palestras sobre tecnologia
Foto:  Amy E. Price  /  Getty Images


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