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Itapema FM  | 19/03/2015 07h02min

Gustavo Brigatti: "Hotline Miami" não gosta de você (ainda bem)

"Wrong Number", segundo capítulo da polêmica franquia, chega para tirar o chão dos jogadores

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Imagine um filme dirigido por Quentin Tarantino com roteiro de David Lynch ambientado no cenário de Miami Vice. Se você acha incrível demais para ser verdade, é porque não conhece Hotline Miami. Segundo (e dito último) jogo da série, Wrong Number acaba de ser lançado. E exige a nossa atenção.

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Desenvolvido pelo estúdio sueco Dennaton Games, Hotline Miami estreou em 2012 causando todo tipo de reação. Primeiro, é um jogo "antigo", com visão aérea, gráficos em 8-bits e trilha sonora de sintetizadores. Segundo, é ambientado na Flórida de meados dos anos 1980, no auge do crime organizado e do tráfico de drogas. Terceiro, a violência que explode em pixels é tão ou mais impactante do que as mortes "realistas" de games de última geração.

Como se não bastasse, Hotline Miami resgatou algo que se perdeu com o advento dos blockbusters na última década e meia: simplicidade e desafio. Em um universo hiperviolento de anti-heróis anônimos vestindo máscaras de animais, não há segunda chance. Nos cenários que lembram um tabuleiro de xadrez sanguinolento, qualquer jogada mal pensada resulta em derrota – e remete imediatamente o jogador para o início da fase, zerando qualquer progresso feito até ali. Deliciosamente irritante.

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A continuação, Wrong Number, expande esse microcosmo com um enredo um pouco mais intrincado e alguma paranoia. Agora, são várias histórias que se cruzam em pontos distintos do jogo, que vai e volta no tempo para explicar acontecimentos anteriores e posteriores ao primeiro game.

Não entendeu? Alguns dos personagens também ficam confusos – às vezes por tomarem drogas demais, às vezes por pensarem que estão em um filme e às vezes por serem só loucos, mesmo, trucidando adversários em apartamentos arrasados por traficantes de drogas, armazéns abandonados, lojas de departamento e botecos.

Mas, acima de tudo, Hotline Miami 2: Wrong Number é um jogo honesto. Não entrega nada além do que promete, e sua condição de jogo indie permite avançar em temas que os grandes games não conseguem ou não podem abordar. Sua ousadia, por exemplo, foi considerada ofensiva para os padrões australianos, que proibiu a venda do jogo naquele país.

Mais: nada nele foi feito para agradar ao jogador, elevar sua autoestima ou fazê-lo feliz. Na verdade, Hotline Miami quase odeia os jogadores, não apenas por desafiá-los ao extremo e não permitir nenhum tipo de identificação, mas por tirar deles toda e qualquer possibilidade de redenção ao final de sua carnificina.

Não existe final feliz ou amor no mundo de Hotline Miami. E é impossível não amá-lo por isso.

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