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Itapema FM  | 10/03/2015 10h06min

Gustavo Brigatti: "Helldivers" resgata "Tropas Estelares" em alegoria fascistoide

Jogo indie da Arrowhead para PS4 bebe do filme de Paul Verhoeven para ir além da jogatina despretensiosa

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Enfiar ideais de liberdade e democracia goela abaixo de outros povos, dando a eles a opção de aceitar ou serem mortos no processo. Poderia ser o resumo de boa parte da política internacional praticada pelos EUA, mas é também do que se trata Helldivers, game de tiro que acaba de sair com exclusividade para os sistemas da Sony.

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Criado pela Arrowhead, Helldivers tem mecânica simples e objetiva: com visualização em perspectiva isométrica (tipo Diablo), o jogador precisa atirar em tudo o que se mexer no cenário para cumprir suas missões. Os comandos também não exigem muito tutano, limitando-se a mirar, atirar, jogar granadas, deitar no chão e chamar recursos especiais – acionados através de uma sequência de botões que dão direito desde a mais munição a apoio de artilharia pesada.

O único complicador durante as batalhas é o fogo amigo, ou seja, a afinidade entre os jogadores precisa ser total para ninguém levar bala nas costas – o que invariavelmente acaba acontecendo quando hordas de inimigos começam a se aproximar por todos os lados...

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Os combates são contra inimigos que variam de forma, tamanho e força de acordo com a dificuldade do cenário. Além de cumprir as missões – que vão de destruir um ninho de oponentes a proteger uma estação enquanto ela é consertada –, é possível encontrar pelo cenários itens que dão créditos para o jogador gastar com customização de armas e roupas.

Quer dizer, poderia ser só um joguinho de tiro divertido, excelente para uma jogatina despretensiosa com os amigos numa tarde de sábado. Mas a introdução de uma temática fascistoide torna tudo muito mais interessante, aproximando o universo de Helldivers do de Tropas Estelares (1997), subestimado filme de Paul Verhoeven.

Da mesma forma que no filme do diretor holandês, os humanos de Helldivers não estão fazendo nada de errado em subjugar outras espécies – que, afinal de contas, são selvagens precisando apenas de uma dose de civilização. Durante as batalhas, por exemplo, os soldados soltam gritos de TOMA ESSA LIBERDADE! quando explodem um inimigo. Qualquer semelhança com a campanha americana de George W. Bush pós-11 de Setembro não é mera coincidência.

A propaganda também é a alma do negócio em Helldivers. Nitidamente inspirada nos métodos da máquina de publicidade de Adolf Hitler, textos que exaltam a supremacia dos homens, com dizeres pró-guerra, anti-alienígenas e incentivando a população a se alistar, ficam passando no rodapé dos menus. De quando em quando, vídeos mostram as vitórias humanas e a erradicação dos aliens como único caminho possível.

Ao final, Helldivers entrega bem mais que uma jogatina despretensioas. É um belo joguinho indie que vale os seus R$ 40,99.

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