Você já imaginou como seria assistir aos faroestes de John Wayne ou à trilogia De Volta para o Futuro em uma sala de cinema? Em Santa Catarina a oferta de filmes alternativos ao circuito comercial nas telonas ainda não pegou, mas projetos que viabilizam esta proposta estão ganhando o amor dos cinéfilos de plantão.

É o caso do Cine Clube Carlitos de Blumenau, que volta à ativa nesta terça-feira após um hiato de 25 anos. Idealizado pelos amigos Carlos Braga Mueller e Alvacyr Ávila dos Santos, o Cine Clube funcionou de 1974 a 1990 em vários locais da cidade. A nova casa é o Cine Teatro Edith Gaertner, na Fundação Cultural, que às 20h de amanhã abre as portas para o clássico O Escarlate e o Negro, de 1983. As exibições serão sempre às terças e, inicialmente, a entrada é gratuita.

— O cinema está masterizado e descartável. Acho que a modernidade tem que ser respeitada, mas os efeitos especiais tiraram a magia de um King Kong de 1933, por exemplo. Vamos fazer uma experiência para tentar trazer essa magia de volta — comenta Braga.

Para Rafael José Bona, professor de cinema da Furb, o resgate é uma forma de trazer de volta as reflexões a respeito da cultura cinematográfica:

— As pessoas passam a discutir e ver melhor o cinema. Geralmente é esse o objetivo do cineclube: promover um bate-papo, uma discussão sobre o filme depois de assisti-lo, coisa que está muito longe do que acontece nos cinemas dos shoppings.

Sala de cinema na biblioteca e repercussão na Capital

Outra iniciativa do gênero em Blumenau é o CineArte, que às segundas-feiras também tem sessões gratuitas na Fundação Cultural (o filme Borboletas Negras começa às 19h30min desta segunda). Dando continuidade à semana, uma parceria entre o Sesc e a Divisão de Cultura (DIC) da Furb exibe até dezembro, às quartas, obras como Fausto e Metropolis. Por enquanto os filmes são oferecidos no auditório da Biblioteca Universitária, mas a ideia de uma sala de cinema climatizada deve sair do papel até julho:

— Além da exibição de filmes, queremos que este seja também um espaço de produção acadêmica, um grande laboratório para todo mundo. Precisamos promover ações para que as pessoas passem mais tempo dentro da biblioteca, que está se tornando um equipamento cultural — destaca Darlan Jevaer Schmitt, diretor da Biblioteca Universitária.

A sétima arte ganhou espaço também ao ar livre na cidade. No mês passado o Sesc exibiu no local o curta-metragem animado O Gigante. Já no Sest/Senat a comunidade da Itoupava Central ganhou na última semana o Cine Sest, com projeções mensais.

Já quem vive em Florianópolis tem o Paradigma CineArte. Com sessões diárias de domingo a domingo, os filmes são exibidos em horários variados. Os toques especiais ficam por conta do projetor de 35mm para sessões especiais e a locadora de DVDs e Blu-Rays cult que fica no hall de entrada. Segundo Frederico Campos Didone, idealizador do projeto, cerca de 500 pessoas passam pelo Centro Empresarial Corporate Park, em Santo Antônio de Lisboa, toda semana:

— Dois anos antes da estreia do projeto (julho de 2010) o cinema do CIC havia fechado e Florianópolis ficou sem um cinema de arte. Sempre gostei de arte, e então surgiu a ideia de montar o CineArte. Hoje nosso acervo tem 2 mil filmes, entre clássicos e contemporâneos — explica.