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Itapema FM  | 05/03/2015 05h02min

Gustavo Brigatti: games estão mesmo virando coisa de adulto

Aumento da faixa etária dos jogadores faz com que desenvolvedoras se concentrem blockbusters com temáticas e conteúdo não indicados para menores de 17 anos

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Dizer que videogames não são mais coisa de criança sempre foi mais uma figura de linguagem do que propriamente uma realidade. Afinal, os jogos – especialmente os blockbusters – continuavam a ser feitos para um público que acabara de sair das fraldas. Mas isso parece estar mudando.

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Um dos jogos mais aguardados do ano (com previsão de lançamento para junho), Batman Arkham Knight é o último capítulo do bem-sucedido arco envolvendo o Cavaleiro das Trevas e o famoso sanatório. Mas, diferentemente dos outros três jogos, este recebeu, nos Estados Unidos, classificação etária M (mature) – ou seja, para maiores de 17 anos. Uma pesquisa nos outros títulos AAA (jogos com grandes orçamentos) lançados em 2014 e previstos para 2015 indica o mesmo: a maioria foi classificada como M.

Por aqui, esse negócio de classificação etária é bobagem – qualquer criança compra um jogo indicado para maiores de 18 anos no Brasil, como The Order: 1886 ou GTA V (mas que lá fora ganharam M). Nos EUA, as desenvolvedoras levam a sério essa restrição, porque, se abusarem de temas considerados pesados (sexo, drogas e violência), recebem indicação A (adults only) e seus produtos correm o risco de não serem vendidos nas grandes redes de departamentos, tipo Walmart. E aí o prejuízo é certo – e ninguém quer gastar fábulas de dinheiro para atingir apenas uma parcela de público.

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Grand Theft Auto é uma série que, ao longo de sua existência, tem lutado bravamente para conseguir avançar em assuntos barras-pesadas sem se prejudicar – fracassou com o capítulo San Andreas: categorizado como A, é um dos únicos jogos não propositalmente sexuais a receber esta classificação. Outro game controverso, Hotline Miami 2 sequer foi lançado e já está proibido na Austrália.

A explicação, claro, tem a ver com o amadurecimento da audiência dos games. Pelas últimas pesquisas, a média de idade dos jogadores nos EUA é de 31 anos, enquanto no Brasil varia entre 25 e 34 anos. É uma faixa etária que não apenas aprecia os jogos, mas também os compra – o que não acontecia antes, quando os pais eram os responsáveis pela aquisição e, consequentemente, podiam vetar títulos considerados inadequados.

O novo jogo do Batman reflete esse momento: o personagem, criado originalmente para o público infantojuvenil leitor de quadrinhos, hoje é indicado para maiores de 17 anos em uma mídia cada vez menos inocente.

Com exceção de jogos de nicho (esportes em geral) ou voltados para uma audiência específica (Pokémon, Super Mario), em pouco tempo talvez não tenhamos mais blockbusters para a molecada.

SEGUNDO CADERNO
reprodução / Divulgação

Espantalho é o vilão do novo game do Batman, que recebeu classificação indicativa inédita
Foto:  reprodução  /  Divulgação


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