Itapema FM | 19/02/2015 11h39min
Já faz mais de uma década que os brasileiros não têm o gostinho de torcer para que uma produção nacional concorrente ao Oscar ganhe. A última vez que o Brasil figurou entre os indicados a Melhor Filme Estrangeiro foi em 2004, com Cidade de Deus. Desde então, todos os filmes que o país indicou à premiação ficaram fora da disputa.
O último foi Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, recusado pela maior premiação do cinema mundial, que ocorrerá no próximo domingo, em Los Angeles. Isso não quer dizer que o país estará sem representantes. O brasileiro Juliano Ribeiro Salgado divide com Wim Wenders a direção de O Sal da Terra, que concorre a melhor documentário.
O azar, a falta de incentivo à sétima arte e a simples injustiça fizeram com que o cinema nacional participasse poucas vezes da premiação, sendo que nunca trouxemos uma estatueta para casa. Alguns dos grandes diretores do Cinema Novo, como Glauber Rocha e Nelson Pereira do Santos, sequer foram indicados pela Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood. E como esquecer a insossa Gwyneth Paltrow levando o Oscar de melhor atriz, no ano em que Fernanda Montenegro disputava o prêmio por sua atuação em Central do Brasil?
Já que estamos em véspera de Oscar, resolvemos lembrar dos filmes que receberam o reconhecimento do "cinema gringo" através de indicações ao prêmio.
Orfeu do Carnaval
O filme do diretor Marcel Camus ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960. Apesar da coprodução França-Itália-Brasil, atores brasileiros e a própria história ter sido baseada em uma peça de Vinicius de Moraes, a vitória não é considerada brasileira pela Academia. Para eles, o filme é francês.
O Pagador de Promessas
Indicado a melhor filme estrangeiro em 1963, O Pagador de Promessas tinha a jovem Glória Menezes em seu elenco. O vencedor neste ano foi o francês Les Dimanches de Ville d'Avray.
O Beijo da Mulher Aranha
O Beijo da Mulher Aranha, do argentino naturalizado brasileiro Héctor Babenco, recebeu quatro indicações em 1986, inclusive a de melhor direção. Como a produção era americana, não foi possível a indicação a melhor filme estrangeiro. William Hurt ganhou o prêmio de melhor ator e foi o único da equipe a ganhar alguma coisa.
O Quatrilho
O Quatrilho quebrou um jejum de 34 anos. A última produção brasileira a ser indicada a melhor filme estrangeiro tinha sido O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, em 1962. Entretanto, o diretor Fábio Barreto não conseguiu a estatueta.
O Que é Isso Companheiro
A indicação de O Quatrilho reavivou o cinema nacional e, dois anos depois, O Que é Isso Companheiro?, de Bruno Barreto, também foi indicado a melhor filme estrangeiro. Mais uma vez a estatueta não veio.
Central do Brasil
O filme Central do Brasil gerou uma grande euforia no cinema nacional, em 1999. Além da indicação de melhor filme estrangeiro, a atuação de Fernanda Montenegro também rendeu a disputa de melhor atriz. A produção saiu de mãos vazias. Gwyneth Paltrow derrotou a veterana brasileira e A Vida é Bela, de Roberto Benigni, levou o melhor filme estrangeiro.
Cidade de Deus
Sucesso de bilheteria, Cidade de Deus serviu para catapultar Fernando Meirelles como grande diretor. A curiosidade é que a produção, que é de 2002, não foi selecionada para melhor filme estrangeiro em 2003. Em 2004, entretanto, vieram quatro indicações: melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor edição e melhor fotografia.
DIÁRIO DE SANTA MARIA
Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, não foi selecionado para concorrer à estatueta este ano
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