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Itapema FM  | 19/02/2015 07h01min

Gustavo Brigatti: "The Order: 1886" e a velha discussão sobre tamanho

Jogo, que será lançado nesta sexta-feira, já é criticado por ser curto demais. Mas é de quantidade que precisamos?

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Você compra um livro pelo número de páginas? Um disco pela quantidade de músicas? Escolhe um filme pela duração? E um jogo de videogame precisa ser longo o suficiente para valer o investimento? Se a resposta for sim a qualquer uma dessas perguntas, desculpe, mas você está fazendo isso errado.

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Relacionar o prazer que um bem cultural pode proporcionar com o tempo que você despende com ele é uma grande inversão de valores. Quem acabou de descobrir isso foi a produtora Ready at Dawn, responsável pelo jogo The Order: 1886, que basicamente está sendo acusado de ser curto demais e, por isto, não valer seu preço.



Veja bem, The Order sequer foi lançado – a previsão é para amanhã. Mas um vídeo da campanha principal vazou no YouTube (e que já foi retirada do ar) mostrando que o jogo poderia ser finalizado entre cinco e seis horas. Foi o suficiente para que a desenvolvedora fosse questionada: como ela pode cobrar quase R$ 200 por um jogo que não vai consumir a minha vida durante semanas?

Ru Weerasuriya, CEO e diretor criativo da Ready at Dawn, em longa entrevista ao site Eurogamer, defendeu a cria da melhor maneira possível:

– Cada jogo deve levar o tempo que for preciso para contar a sua história.

Por essa fala, é possível acreditar que a preocupação da desenvolvedora é oferecer não apenas diversão aos jogadores, mas um enredo bem amarrado e imersivo. O problema é que a nutrição básica do jogador médio são blockbusters modernos de ação e tiroteio, que focam em modos alternativos (como multiplayer e afins) em detrimento do desenvolvimento de uma boa história.

Na cabeça desse sujeito, portanto, quantidade é qualidade. Ele mede o prazer dele pelo tempo que pode gastar com o que comprou – logo, um bom jogo é um jogo longo, mesmo que repetitivo e de conteúdo mediano.

Eu não sei vocês, mas para mim, assim como os bons filmes, discos e livros que consumo, os bons jogos nada têm a ver com o tempo que dedicamos a terminá-los. Bons jogos são aqueles que continuam com a gente mesmo depois de desligar o console. Eles se tornam parte do que somos, no acompanham por um longo tempo. E para isso é preciso profundidade, inteligência e criatividade. Pode não ser o caso de The Order, mas a discussão está aí.

NOTAS

Moroder no novo "Tron"
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Pau de selfie para... Doom
Eu não sei o que me espanta mais nessa história: se é adicionar um modo de selfie em Doom ou alguém ainda jogar Doom. Tudo bem, é um clássico, e o mundo está repleto de saudosistas, mas... sério? De qualquer forma, para quem quiser se fotografar enquanto racha demônios espaciais ao meio, está aí a oportunidade. Além de, de quebra, finalmente ver o protagonista do jogo – mesmo que seja fazendo gracinhas. O modificador pode ser baixado no site doomworld.com e permite aplicar filtro e publicar as imagens no Instagram.

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