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Itapema FM  | 27/01/2015 07h01min

Documentário "Cássia Eller" repassa vida, obra e polêmicas da artista

Cantora que temperou a MPB com rock morreu no auge da popularidade, aos 39 anos

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

No primeiro contato para manifestar sua vontade de fazer um documentário sobre Cássia Eller, o diretor Paulo Henrique Fontenelle mandou um e-mail para Maria Eugênia Vieira Martins, companheira da cantora que morreu em 2001, aos 39 anos, consagrada como um dos grandes nomes da música brasileira. Foi em 2010. À época envolvido com a realização do documentário histórico Dossiê Jango (2013), Fontenelle voltava a ouvir os discos da artista que havia marcado sua adolescência.

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– Cresci acompanhando a carreira dela, as polêmicas, e me chamava a atenção que uma pessoa tão conhecida ainda não tinha sua história contata em livro ou filme – diz Fontenelle, 44 anos. – Tinha curiosidade em saber mais sobre ela e sabia que outros fãs dela também.

O silêncio de Maria Eugênia o fez entender que não seria ele a contar a história que se materializou no filme, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira.

– A reposta dela veio depois de um mês. Ela disse que iria me dizer não, em razão de experiências negativas em conversas anteriores. Mas, como tinha gostado muito do meu filme sobre o Arnaldo Baptista (Loki, de 2008), aceitava conhecer minha proposta – conta Fontenelle.

Proposta aceita, o diretor seguiu a orientação de Maria Eugênia para não santificar nem demonizar Cássia. Podia falar de sexo e drogas, mas devia também destacar a artista talentosa, a mãe amorosa e a figura reservada que gostava de estar sempre cercada pela família e pelos amigos. Fontenelle recebeu o aval também da mãe e da irmã de Cássia e, em especial, de Francisco Eller, o Chicão, hoje com 21 anos, filho de Cássia criado por Maria Eugênia.

Como se vê em Cássia Eller, o diretor garimpou arquivos pessoais, nos quais encontrou muito material inédito em vídeos e fotos (veja abaixo) e registros de canais de TV. As imagens são costuradas com depoimentos de pessoas próximas da cantora, como Nando Reis e Zélia Duncan. A Cássia relembrada na voz dos outros é moldada também por ela própria em diferentes épocas: uma persona tímida que se transformava em fera no palco, a cantora disciplinada que soube suavizar seu repertório aprimorando a técnica vocal, a bissexual assumidíssima e a usuária de drogas com pavio curto diante de olhares tortos.

Cássia Eller gravou seu primeiro disco em 1990 e estourou com o terceiro, de 1994, que trazia Malandragem, composição inédita de Cazuza e Frejat. Protagonizou uma trajetória fulgurante, que chegou ao ápice e ao fim em 2001, após a apresentação consagradora no Rock in Rio 3 e o lançamento do Acústico MTV, seu maior sucesso comercial, com mais de 1 milhão de cópias vendidas.

Fontenelle optou por resumir as mais de 300 horas de material que reuniu em uma abordagem mais convencional, destacando cronologicamente a vida e a obra de Cássia até sua repentina morte, no dia 29 de dezembro daquele que foi seu ano artisticamente mais intenso. A suspeita de uso de drogas como causa foi desmentida pelo laudo médico, que apontou enfarte. O ponto final se dá com a disputa vitoriosa de Maria Eugênia pela guarda de Chicão.

– Se, no Loki, usei como guia da narrativa um quadro pintado pelo Arnaldo, e no Dossiê Jango imprimi o registro de uma investigação policial, com Cássia Eller acabei me convencendo de que o formato convencional era o mais adequado. Até pensei em contar a história pelos olhos do Chicão ou a partir da perspectiva de um show. Mas era melhor não fazer firula e me concentrar na força da história dela – conta Fontenelle.

Causos de uma vida breve

- No documentário, vídeos caseiros dos anos 1980 e fotos mostram as primeiras apresentações da carioca Cássia Eller em Brasília. Em meados dessa década, ela conheceu Maria Eugênia, sua companheira até o fim da vida.

- Francisco Eller, o Chicão, é filho de Cássia com o baixista Tavinho Fialho, que morreu em um acidente de carro em 22 de agosto de 1993, uma semana antes do nascimento do garoto. Cenas no hospital registram a dupla emoção de Cássia.

- O superhit Malandragem, de seu terceiro disco (de 1994), foi composto por Cazuza e Frejat anos antes para Angela Rô Rô. Como esta não quis gravá-la, a faixa foi entregue a Cássia.

- Em meio à turnê de promoção desse disco, Cássia se divertia fazendo shows secretos em clubes, salões e restaurantes de pequenas cidades. Seu nome não era divulgado nos cartazes improvisados, anunciando grupos como o Come Água.

- Nos bastidores do Rock in Rio 3, em janeiro de 2001, Cássia foi cumprimentada por Dave Grohl ao encerrar seu show com Smells Like Teen Spirit, do Nirvana. Depois, ela retribuiu a gentileza subindo ao palco para abraçar o líder do Foo Fighters.

SEGUNDO CADERNO
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