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Itapema FM  | 14/01/2015 07h02min

Especialistas avaliam preferência do público pelos filmes dublados como tendência cultural e mercadológica

Estudiosos e cinéfilos comentam as vantagens e desvantagens do cinema em português

Camila Iara  |  camila.iara@santa.com.br

Uma pesquisa feita pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro e pelo Instituto Datafolha em 2012 aponta que 56% do público prefere filmes dublados, contra 37% que acham os legendados a melhor opção (os outros 7% não têm preferência). Os números comprovam o que atestam especialistas no assunto: a tendência é que, cada vez mais, o consumidor de cinema busque filmes no seu próprio idioma.

Para Rafael Bona, professor de Cinema da Furb, a predileção é um traço cultural reforçado pelo mercado em ascensão:

— O brasileiro não gosta de ler, é uma questão da nossa cultura. Também vemos que a dublagem de uns tempos para cá está mais aprimorada, então acabou se tornando uma coisa normal as pessoas irem assistir ao filme dublado.

::: Filmes dublados têm conquistado cada vez mais adeptos em SC

André Vailati, que ensina dublagem nos cursos de Comunicação da Univali, comenta que a técnica brasileira é considerada uma das melhores do mundo:

— Mas depende do filme. Se for uma comédia romântica a pessoa não liga tanto para a dublagem: quer saber mais do roteiro, da história. Se for um blockbuster, um filme conceituado, o pessoal quer ouvir o áudio original. Muito da interpretação está na voz.

::: Opinião: "A palavra-chave é opção"

Dona do blog Zinema Paradiso (zinemaparadiso.wordpress.com), onde escreve sobre cinema, a jornalista Luciana da Cunha acredita que filmes dublados prejudicam o roteiro:

— Muitas expressões no idioma original não conseguem ser traduzidas para outra língua com a mesma eficácia. Quando o filme é legendado e ouvimos o áudio original, podemos pelo menos ter uma ideia de qual era a verdadeira intenção de determinada fala, por exemplo — opina.

Roteiro prejudicado X arte democratizada

O cinéfilo Jorge Holetz, filho do saudoso blumenauense Herbert Holetz, concorda, mas acredita que a dublagem ajude a democratizar a arte:

— Ela possibilita levar ao cinema seus filhos que ainda não estão alfabetizados e pessoas que não tiveram acesso à alfabetização. Acho que isto acaba sendo uma tendência, pois o público dos Estados Unidos, que é o maior mercado de cinema, também não gosta de filmes legendados.

Há também quem avalie a dublagem como um instrumento conector entre público e filme:

— Em vez de traduzir literalmente o que foi escrito no roteiro original, se traz hoje o conteúdo para mais perto do público, tendo assim uma melhor compreensão. O filme fica muito mais divertido quando uma piada faz parte do seu contexto social — comenta o publicitário Guilherme Krug, fã assumido de filmes dublados.

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