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Itapema FM  | 08/12/2014 08h01min

Há 20 anos, morria Tom Jobim, autor da trilha sonora do Brasil

Um dos criadores da bossa nova, compositor carioca fez a ponte entre o erudito e o popular em canções celebradas por intérpretes de diferentes idiomas e gêneros

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

O coração de Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim parou de bater em Nova York no dia 8 de dezembro de 1994. Aos 67 anos, o compositor que tinha o Brasil entranhado no nome e na inspiração andava meio desgostoso com o país por ele exaltado em algumas das mais belas canções do século 20. A violência e a falta de gentileza fazendo sombra no seu Rio de Janeiro solar eram algumas das razões do desconforto de Tom Jobim. Aos que lhe criticavam por ser um cidadão internacional, dizia: "Brasileiro tem ódio de quem faz sucesso". Mas, não fosse a viagem aos Estados Unidos para tratamento médico, o maestro estaria em seu lugar favorito, dedilhando o piano de casa, cercado pelo silêncio da floresta da Tijuca. Porque, ao mais universal dos artistas brasileiros, a crise na apaixonada relação nunca foi razão para rompimento.

Ouça canções marcantes compostas por Tom Jobim

Tom Jobim integra o restrito Popular Music Hall of Fame, ao lado de artistas como Cole Porter e os irmãos George e Ira Gershwin — nomes que também aproximaram o popular e o erudito e mostraram como o simples pode soar sofisticado (e vice-versa). Passados 20 anos da morte do autor da trilha sonora do Brasil que ainda pode dar certo, lembramos aqui, entre tantas, 10 das mais belas músicas por ele eternizadas no repertório de artistas de todos os cantos e gêneros musicais do mundo.

Se Todos Fossem Iguais a Você 
Em 25 de setembro de 1956, estreou no Theatro Municipal do Rio a peça teatral Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes. A temporada neste palco foi curta, 10 dias, mas a parceria de Vinicius com o jovem compositor a quem ele encomendou a trilha do espetáculo eternizou-se na música brasileira e conquistou o mundo. No registro em disco, a faixa é cantada por Roberto Paiva, que morreu em agosto passado, aos 93 anos.
Nos vídeos abaixo, Tom e Vinicus relembram a canção em um especial da Globo de 1977, e Baden Powell mostra a bela versão que gravou em 1973.

A Felicidade
Gravada por Agostinho dos Santos, a canção foi composta por Tom e Vinicius para a trilha de Orfeu Negro, adaptação para o cinema da peça Orfeu da Conceição. A produção francesa rodada no Rio, dirigida por Marcel Camus e estrelada pelo gaúcho Breno Mello, conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1959 e o Oscar de filme estrangeiro no ano seguinte.
Nos vídeos, Agostinho canta A Felicidade na cena de abertura de Orfeu Negro; em seguida, Tom e Vinicius em um show gravado na Itália, em 1978. 

Chega de Saudade
Tom compôs, e Vinicius fez a letra da canção considerada o marco zero da bossa nova. Gravada em 1958 por Elizeth Cardoso, no disco Canção do Amor Demais, o clássico ganharia seu intérprete mais famoso no mesmo ano. João Gilberto, que tocou violão no registro de Elizeth, mostrou sua versão de Chega de Saudade em um compacto e, em 1959, no seu histórico LP de estreia.
Nos vídeos, Tom e João em um histórico encontro registrado em 1992 e, abaixo, Tom no Festival de Jazz de Montreal de 1986.

Desafinado
Chega de Saudade, primeiro álbum de João Gilberto, consagrou também este outro standard bossanovista, de Tom e Newton Mendonça. A faixa foi uma resposta aos críticos musicais que, apreciadores dos vozeirões empostados, diziam que os cantores da bossa nova sussurravam por serem desafinados. A canção entrou para o repertório de ídolos do jazz como Ella Fitzgerald e Stan Getz.
Nos vídeos, João Gilberto em especial da Globo exibido em 5 de setembro de 1980 e, na sequência, uma releitura jazzística por Stan Getz e Charlie Byrd, nos EUA, em 1962, no programa de Perry Como (o apresentador apresenta a nova batida do jazz, chamada bossa nova). 


Corcovado
O morro do cartão-postal carioca foi celebrado na canção com letra e música de Tom, gravada por João Gilberto no disco O Amor, o Sorriso e a Flor (1960). A versão em inglês, Quiet Nights of Quiet Stars, foi imortalizada no álbum Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (1967), que celebrou o encontro dos dois mestres e consolidou o prestígio internacional do brasileiro.
Nos vídeos, Corcovado por Tom e João Gilberto e, em seguida, Sinatra apresenta o compositor brasileiro na TV americana, em 1967, cantando um trecho de Quiet Nights of Quiet Stars entre outras canções na batida que conquistou o mundo.

Insensatez
Uma das mais belas canções de Tom e Vinicius, foi gravada por João Gilberto em seu disco de 1961. Insensatez ganhou versões antológicas também nas vozes de Nara Leão e Elis Regina. Sua tradução para o inglês, How Insensitive, teve intérpretes como Judy Garland e Frank Sinatra. Uma das gravações mais recentes é a de Iggy Pop, no álbum Préliminaires (2009).
Nos vídeos, a canção em versões de João Gilberto, ao vivo em Roma, em agosto de 1983, Judy Garland, em 1968, e Tom e Pat Matheny, em 1994. 

Garota de Ipanema
Uma das músicas mais gravadas em todo o mundo.  Apresentada por Tom e Vinicius em 1962, teve a primeira gravação na voz de Pery Ribeiro, em 1963. Tom gravou a faixa instrumental no disco The Composer of Desafinado Plays (1964). A versão em inglês, cantada por Astrud Gilberto no LP Getz/Gilberto (1964), de João Gilberto e Stan Getz, foi estopim da explosão internacional.
Nos vídeos, a provável primeira apresentação de Garota de Ipanema ao vivo (apenas áudio), por Tom, Vinicius e João Gilberto, no célebre restaurante carioca Au Bon Gourmet, em 2 de agosto de 1962 (emendada com Devagar com a Louça, cantada por Os Cariocas); um encontro de Tom e Vinicius na Itália, em 1978 (com Miúcha e Toquinho), e Tom com Frank Sinatra em 1967.

 

Wave
Tom pediu para o amigo Chico Buarque fazer a letra, mas este não foi além da frase inicial: "Vou te contar...". O maestro gravou a versão instrumental no disco Wave (1967). Posteriormente, o próprio Tom fez a letra da canção que teve como intérpretes, em português e em inglês ("So close your eyes..."), nomes como Elis Regina, Sinatra, Sarah Vaughan e Ella Fitzgerald.
Nos vídeos, Wave em versões de Tom Jobim (instrumental) Stan Getz, nos anos 1970, e duas vezes Gal Costa, em português e inglês (com Tom ao Piano).

 

Águas de Março
O primeiro registro desta composição com letra e música de Tom foi no compacto de 1972 O Tom de Antonio Carlos Jobim e o tal de João Bosco, da coleção Disco de  Bolso do jornal O Pasquim. Elis Regina a gravou em seu disco lançado no mesmo ano, e Tom fez novo registro no seu álbum Matita Perê (1973). Mas foi no ano seguinte que Águas de Março ganhou sua versão mais famosa, no dueto dele com Elis no LP Elis & Tom.
Nos vídeos, três versões da faixa: com Tom e Elis, ambas de 1974 — na primeira, trecho de um especial da TV Bandeirantes e, na segunda, um videoclipe exibido no Fantástico, da Globo — e com Elis, no programa Ensaio, da TV Cultura, em 1973.

 

Anos Dourados
Tom e Chico fizeram Sabiá, música vencedora do Festival Internacional da Canção de 1968, com as vozes de Cynara e Cybele. Anos Dourados, composta por Tom para a minissérie homônima da Globo de 1986, acabou entrando no ar como instrumental porque Chico deixou o amigo esperando pela letra  – ele compensou o bolo cantando os versos escritos por Tom para o registro no disco Passarim (1987).
Nos vídeos, Anos Dourados com Tom e Chico, dois registros com Chico contando a história da letra, a dupla em 1986 e Chico em 2013.

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