O Livro de Contos – A Magia Nunca Acaba poderia ser mais um filme de produção independente como tantos outros exibidos na internet e em festivais Brasil afora. Mas um detalhe diferencia o longa. Os 75 minutos serão filmados com a câmera de um iPhone 4S. Cerca de 50% da produção que começou em setembro já está concluída. Até janeiro Bub Razz quer terminar as captações do seu primeiro trabalho e finalizar o processo com uma première no Cine Itália, no Centro de Balneário Camboriú. Depois da estreia na telona, ele pretende inscrever o trabalho em festivais.

Razz conta que a maior dificuldade da equipe acabou se tornando a maior motivação. Foi com o celular que o então professor decidiu, aos 43 anos, tirar do papel o roteiro e se tornar diretor da história de um pai separado que não dava atenção ao filho e acaba caindo dentro de um livro. Cerca de 70 pessoas entre atores, figurantes e produção colaboram voluntariamente para concluir as filmagens.

Para o chefe do Departamento de Comunicação da Furb, Rafael Bona, o uso do celular em produções independentes é uma tendência tendo em vista a facilidade de acesso à tecnologia: 

— O som ainda é um problema. Os iPhones não conseguem fazer uma captura ideal do áudio ambiente, porém já existem acessórios que auxiliam no processo.

No caso de O Livro de Contos, Razz ganha pontos nesse quesito. Por se tratar de um filme infantil com efeitos especiais, 70% das cenas serão feitas em estúdio usando a técnica do chroma key _ fundo verde que permite edição das imagens. Como a sala não tem interferência sonora, o áudio não deve perder qualidade.

Produção sul-coreana como inspiração

Natural de Ponta Grossa, no Paraná, Razz mora há cinco anos no litoral catarinense e há dois ministra aulas de atuação. Antes de ser professor e diretor, trabalhou nos bastidores de gravações com Dedé Santana. A experiência com o ator trouxe a inspiração que faltava.

Depois de nove meses pesquisando sobre produções independentes, ele se identificou com a comédia romântica sul-coreana Cachorros e Gatos, também realizada com iPhone, e tomou para si o desafio de produzir o próprio filme. Apesar da afinidade com o celular, Razz não pretende seguir com o método. O próximo longa, Simplesmente Amor, deve ser realizado com equipamentos profissionais convencionais.