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Itapema FM  | 12/11/2014 08h12min

Confira entrevista com tecladista da banda Deep Purple, que faz show nesta sexta em Floripa

Por telefone, Don Airey falou sobre o disco mais recente do grupo, as comemorações de 50 anos e refletiu sobre o passado e o futuro do rock

Layse Ventura  |  layse.ventura@diario.com.br

Uma história de 46 anos de sucesso e 100 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo subirá ao palco do Devassa on Stage, sexta-feira, em Florianópolis. O Deep Purple traz ao Brasil a nova turnê, que apresenta o álbum Now What?!, lançado em 2013 – o primeiro de inéditas em oito anos. No repertório, a viagem pelas últimas cinco décadas está garantida com clássicos como Smoke on the Water, Hush, Perfect Strangers e Highway Star. Os shows já passaram por Brasília, Curitiba e São Paulo. No sábado, a tour brasileira será encerrada em Porto Alegre.

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Confira a entrevista com o tecladista Don Airey:

O álbum Now What?! quebra um jejum de sete anos do Deep Purple sem entrar em estúdio. Por que esperaram tanto tempo para gravar um disco novo?
Nós estávamos muito ocupados com Rapture of the Deep, que foi bastante vendido, e continuamos fazendo turnê. Eventualmente, dissemos que deveríamos sair com um novo produto. Ele foi cuidadosamente planejado, tivemos alguns encontros para compor meses antes e voamos para Nashville (EUA) para encontrar o produtor Bob Ezrin e ensaiar. Quando realmente começamos a gravação, aconteceu muito rápido.

De quanto tempo estamos falando?
Os backing tracks levaram seis dias, as guitarras e teclados outros 10, acho que gastamos uma semana nos vocais, Bob mixou em duas ou três semanas. Foi um processo rápido. Este é um dos segredos de um bom álbum: trabalhar o mais rápido que conseguir.

Existe diferença entre gravar um LP e um álbum digital?
A maior diferença é o som. Nos velhos tempos você não tinha a flexibilidade que tem atualmente. Era muito intenso. E tenho de dizer que nada jamais vai soar tão bom quanto a fita. Você gravava algo, ouvia e o som era incrível. Costumava ser muito mais rápido, porque por alguma razão as coisas se tornavam mais óbvias. Já com o digital você tem de estar mais preparado, porque pode fazer o que quiser. Mas eu adoro o novo processo, pois dá muita liberdade ao músico – o que talvez a gente sentisse falta na fita.

Mas havia mais ensaio antes do que agora?
Não importa como se faz, é um processo: você entra lá, alguém diz “gravando” e você começa. Não é lugar para os fracos. Você tem que saber o que está fazendo. Basicamente, nada mudou. Com relação à música é tudo trabalho duro.

Duas faixas do álbum são dedicadas a Jon Lord (tecladista e um dos fundadores da banda, que morreu em julho de 2012). Como surgiu a ideia?
As duas que se referem ao Jon são Above and Beyond – que fala sobre a banda e sua relação com ele – e Uncommon Man. As duas nós gravamos antes. Soubemos no estúdio que Jon havia morrido. Paramos ali de gravar, estávamos em choque. Mas tínhamos em mente já, de qualquer maneira, que essas faixas eram dedicadas a ele.

A banda teve muitas formações, e Ian Paice é o único que restou da original. Vocês debatem muito sobre o futuro do grupo ou o que define vocês?
Acho que não. Não acredito que a exigência legal para nos chamarmos de Deep Purple seja ter membros originais. Steve Morse (guitarrista) está na banda há 20 anos, o que é mais tempo do que Ritchie (guitarrista da formação original). 

Daqui a quatro anos a banda vai completar 50. Vocês planejam celebrar de que forma?
O aniversário é importante para a mídia e para os fãs, mas para a gente não. Temos muita coisa para pensar: novas gigs, gravar um álbum... O fato de ter 45 ou 50 anos não representa muito para seu trabalho enquanto músico. Mas não significa que não vamos comemorar. Só não é nossa prioridade.

Deep Purple viveu intensamente o rock e passou por modismos como pop, eletrônico, dance. Como vocês conseguiram sobreviver a tudo isso e, mesmo com as interrupções, manter viva a banda?
Você apenas continua trabalhando. Isso foi o que a banda sempre fez. A gente faz mais de 120 shows por ano, isso nas últimas três décadas. Você só pode tocar no estilo que sabe. Não adianta ser uma banda de pop ou eletrônico, somos um grupo de heavy rock. Você gera seu próprio momento. E é isto que fazemos: a gente vai e toca quantas vezes forem possíveis. E é assim que mantemos a banda indo.

A primeira vez que você esteve no Brasil foi no Rock In Rio em 1985 e, se não estou enganada, com o Ozzy Osbourne. Depois, já visitou o país em turnê com o Deep Purple e está retornando agora. Como foi aquela visita?
A primeira vez que estive no Brasil eu achei o país encantador. Nós ficamos no Copacabana Palace, de frente para a praia. Então, tive um gostinho da cultura da praia. E havia tantas pessoas bonitas! Nunca tinha visto nada como aquilo! E, lógico, sendo um tecladista, entrei um pouco na bossa nova, que tinha um efeito grande em mim quando era jovem, e no samba! Em uma noite eu fui para o ensaio de uma escola  antes do Carnaval e fiquei lá até as 4h da manhã. Foi uma experiência maravilhosa. As pessoas são tão amigáveis e é verdadeiramente muito comovente. Mal podia esperar para voltar. Nós ficamos muito felizes quando soubemos que viríamos com Deep Purple.

Saber que os fãs brasileiros os amam interfere no que vocês estão tocando?
Você não pode fazer um bom show se a plateia não tiver um grande papel. E esse grande papel, especialmente no Brasil, cria uma atmosfera. A banda decola, a gente se diverte e você bebe uma caipirinha no fim se quiser.

Você se surpreendeu que no Brasil as pessoas gostam de samba e rock?
Sim, me surpreendeu. Eu acho que da primeira vez que fui ao Rock in Rio tinha uma banda brasileira de heavy rock, mas havia alguns músicos que tocavam conga. Eles estavam tocando heavy rock com muita percussão, o que foi fantástico.

Quando as bandas clássicas de rock pesado acabarem, ficaremos órfãos?
Acho que nunca será como as bandas que surgiram na década de 70. Não vamos ver algo parecido com isso novamente. Pelo menos não tão bom quanto. Mas a tradição continua. Temos ótimas bandas: Alter Bridge, Black Stone Cherry, The Black Keys. Na Inglaterra temos uns grupos novos: Architects e Royal Blood. Há muitas coisas sendo lançadas, então parece que está continuando.


Agende-se
O quê: show da banda Deep Purple
Quando: sexta-feira às 22h (abertura da casa às 20h)
Onde: Devassa On Stage (Rod. Maurício Sirotsky Sobrinho, 2500, Jurerê Internacional, Florianópolis)
Quanto: R$ 180 (pista – 3º lote), R$ 240 (pista VIP – 3º lote) e R$ 260 (camarote – 2º lote), à venda no www.blueticket.com.br e no local (somente em dinheiro). Meia-entrada apenas para pista à venda no local, das 9h às 18h
Classificação: 16 anos (menores de 16 anos somente acompanhados
dos pais)

ANEXO
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

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