O acaso é dono de muitas paixões, como a de João Helmann, amante da orquidofilia. Em um dia de vento forte na pescaria, há 17 anos, ele se apaixonou pela primeira vez por uma orquídea. Hoje, cultiva cinco mil plantas divididas em quatro orquidários espalhados por Joinville. Algumas delas ele preparou especialmente para a Exposição da 76ª Festa das Flores, que começa hoje e vai até o dia 16 de novembro.

— Numa dessas pescarias, ventava muito. Paramos o barco na Ilha do Mel. Coletei a Cattleya Phorbem para minha mãe. Achei bonita e fui pegar informações. As duas pessoas que me deram informações eram da Ajao. Minha mãe viajou e fui atrás de informações para não deixar a planta morrer — conta ele, relatando o início de uma paixão.

Do pedido de informações até se tornar integrante da Agremiação Joinvilense dos Amadores de Orquídea (Ajao) foi questão de tempo. O primeiro segredo sobre o cultivo de orquídeas ele descobriu na agremiação: saber do que a planta precisa para viver. No início ele passou um pouco de raiva por causa dos nomes complicados de cada espécie.

Um problema que ele resolveu por substituição. Quando trabalhava na rede hoteleira, João era obrigado a gravar vários nomes de hóspedes. Foi só trocar as pessoas por flores.

Pleurothallis platystachia é uma provável competidora. A flores pequeninas amarelas nascem de uma toiça bem distribuída. Outros nomes entraram para o currículo de Helmann. Cattleya Warneri, Cattleya Nobilior, Cattleya Labiata, Phalaenopsis, Microterangis Hildebrandt. Ele anda com desenvoltura por todas as nomenclaturas de seu orquidário, construído a partir de outro segredo, a iluminação correta.

De um lado da rua a tela permite a entrada direta da luz. Do outro, a claridade penetra mais difusa e intercalada. Depois de criar um ambiente propício para que a flor cresça, é preciso instigar o florescimento.

— Se der muito conforto, ela não floresce — garantiu o orquidófilo, revelando o terceiro segredo.

Se ainda não chegou a época da floração, cada espécie tem um período climático, a orquídea deve ser bem tratada. Outro truque secreto está na cozinha. Lavou o arroz? Então guarde a primeira água e use na rega. Isso vai fornecer nutrientes para que a planta cresça saudável. E muita atenção ao uso de fungicidas que podem limitar o crescimento da flor.

Se engana quem pensa que flor não fica estressada. Caso precise tirá-la do lugar cativo, João aconselha que ela retorne logo à mesma posição. Todo cuidado é pouco para que a planta não morra de estresse.

O excesso de zelo também pode sufocar a orquídea, que gosta de água na medida certa.

:: Confira a programação completa da Festa das Flores

Se as dicas forem seguidas, Helmann garante o sucesso das flores. Joinville, segundo ele, tem um clima propício para a criação de orquídeas. A cultura europeia também contribuiu para que o interesse pelas flores e por um belo jardim se disseminasse.

O oitavo segredo

Seguindo as sete dicas de Helmann, você já pode conhecer a oitava, voltada aos produtores comerciais. Saber o que é predominante em cada flor tornará possível participar do jogo da orquidofilia. Ser orquidófilo não significa cuidar de inúmeras plantas, mas experimentá-las, fazendo novas combinações genéticas em busca da beleza e do diferente.

Uma bela orquídea, de acordo com Helmann, deve formar
um círculo perfeito entre os dois conjuntos de pétalas que desenham triângulos simétricos. As pétalas devem estar voltadas para frente. A cor precisa vibrar. Tudo isso faz a pose de uma campeã.

_ Mas é impossível dizer se uma flor vai ser campeã antes do dia da exposição _ ressaltou Helmann, mostrando que tudo pode mudar.

Um pássaro feriu o caule de uma das orquídeas separadas para a exposição, por exemplo, impedindo que ela participe. Todo o trabalho delicado no laboratório, no berçário, se perde ou foi adiado por um infortúnio como esse.

Você sabia que é possível combinar várias orquídeas em laboratório? As criações novas germinam em vidros, que funcionam como incubadoras onde as plantinhas permanecem por um ano e meio. Depois disso, ela são transplantadas para um vaso, em que crescerão em conjunto até terem tamanho para crescer individualmente.