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Itapema FM  | 11/11/2014 06h01min

Conheça Marcelo Brognoli, idealizador do projeto Acústico Brognoli

O empresário é um exemplo de que investir em arte é negócio rentável sob todos os aspectos: social, cultural, econômico e de marketing

Carol Macário  |  caroline.macario@diario.com.br

Debaixo da pele que habita cada ser existe um universo particular e quem vê de fora nem sempre enxerga para além do estereótipo. Quem diria, por exemplo, que um empresário do ramo imobiliário, respeitado na área, guarda dentro de si um artista? Só quem percebe a arte como um bem social material e imaterial entende que Cultura não é algo à parte ou supérfluo. Idealizador do Acústico Brognoli, um dos projetos musicais mais importantes de Santa Catarina, Marcelo Brognoli é um empresário com alma de músico que acredita na arte como fator fundamental para educação e desenvolvimento da nação. Este ano o evento chegou à décima edição com dois shows de World Music em setembro passado, considerados um dos melhores do ano.

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Marcelo é presidente executivo da Brognoli Negócios Imobiliários, segundo maior grupo do ramo no Brasil segundo a Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI). Está no posto dos negócios que seu pai, Thales Brognoli, começou há 59 anos.

Ele nasceu em Florianópolis e dedica-se aos negócios e à cidade com engajamento. Entre 1986 e 1989 morou em Portugal e de lá tem lembranças musicais, como as vezes em que ele e os três filhos faziam música no trem. O tempo passou e a família continua musical. Eles têm até uma banda e é bem comum jantares acabarem em samba. Festas geralmente seguem animadas até o dia seguinte e hoje a família tem até uma sala-estúdio, batizada Cave, específica para música em sua casa na Lagoa da Conceição.

— Ganhei meu primeiro violão do meu avô, aprendi a tocar ainda menino. Já adulto e, quando comecei na empresa, sempre tive muitos amigos músicos — conta.

O empresário observava a dificuldade dos artistas da cidade, muitos com dois empregos para poder tocar à noite, numa época em que em Florianópolis existiam pouquíssimos espaços.

— A empresa foi melhorando e no aniversário de 50 anos veio a ideia, uma ideia antiga de reunir músicos da Ilha para um show.

A primeira edição juntou Elizah, Emília Carmona, Gazu, Gentil do Orocongo, Guilherme Ribeiro, Izabela, Rô Conceição, Quarteto Nó na Madeira e Sabarah, que interpretaram músicas do seu repertório e sucessos nacionais — lembra ele, sobre o primeiro Acústico.

— Aquilo mexeu muito com muita gente, principalmente a presença de Gentil do Orocongo, que só tocava na rua e se apresentou a primeira vez no palco. Deu muita satisfação vê-lo tocar, e aquilo gerou grande comoção.

Deu tão certo que os artistas ficaram gratos, assim como, e principalmente, o público.


MARKETING CULTURAL

Marketing cultural são ações de marketing em que se usa projetos culturais para dar visibilidade a uma marca. É uma prática muito mais difundida em grandes centros, onde empresas patrocinam eventos de música, teatro, dança e artes em geral.

— Fazer o marketing cultural é juntar naturalmente as duas coisas. Um retorno para a população, no nosso caso, com música em show bem produzido. E isso retorna para a empresa também. A empresa vive disso, o marketing alimenta o negócio. É uma forma de devolver para a sociedade a aceitação da nossa empresa. A empresa cresce muito porque a sociedade aceita — afirma Marcelo.

Em Florianópolis o marketing cultural é muito pouco utilizado, infelizmente. É mais comum ter marketing esportivo, mas isso no Brasil como um todo.

— Talvez porque nosso país é futebolístico, talvez tenha mais visibilidade. Ou pelo nosso próprio cacoete mesmo.

A Brognoli é das poucas empresas de Florianópolis que investem. A Woa Empreendimentos Imobiliários patrocina alguns eventos da Camerata Florianópolis e a Tractebel apoia projetos culturais por meio de lei de incentivo. A Unimed chegou a realizar, há alguns anos, ações de marketing cultural, assim como a rede de supermercados Angeloni.

— O Acústico se enquadra na Lei de Incentivo Municipal, mas só conseguimos usar duas vezes. Melhoras na legislação estimularia outras empresas a investir em marketing cultural. Não são apenas as empresas que não olham com carinho. O Estado também deveria.

MÚSICOS DA TERRA

A característica fundamental do Acústico Brognoli é promover encontro de músicos que nunca tinham tocado juntos — encontros à primeira vista improváveis, como foi a edição de 2010 no espetáculo de música eletrônica e erudita com o DJ Daniel Kuhnen e a Camerata Florianópolis — parceria que ainda hoje reverbera em shows pontuais. Outra característica é a escolha de músicos famosos da cena nacional como convidados que se entrosam com os artistas da terra.

— Os nossos músicos são tão qualificados, que esse entrosamento é muito fácil — ressalta o empresário.

A cada ano o evento celebra um tema. Brasilidades, por exemplo, uma edição marcante de 2007, ressaltou a música brasileira. Em 2011, foi o choro. No ano passado uma celebração do jazz e blues e este ano World Music.

— Esse ano foi muito mágico. A gente procura a sintonia do momento, a sintonia musical do planeta, naturalmente. E a World Music veio assim.

O evento deste ano contou com Hermeto Pascoal e Renato Borghetti, como atrações principais, tocando com músicos locais de peso como Alegre Corrêa.

DIÁRIO CATARINENSE
Marco Favero / Agencia RBS

Marcelo Brognoli é empresário com alma de artista
Foto:  Marco Favero  /  Agencia RBS


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