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Itapema FM  | 03/11/2014 10h57min

Frei Rogério, na Serra Catarinense: colônia japonesa completa 50 anos de trabalho e preservação da cultura

Pequeno município de 2,3 mil convive com japoneses da primeira à quarta geração desde 1964

Atualizada às 13h37min Pablo Gomes  |  pablo.gomes@diario.com.br

Na Serra catarinense uma colônia japonesa ganhou fama por conta de algumas pessoas que vivem lá. É o caso de Fumio Honda, de 75 anos. Ele é um dos pioneiros da colonização na cidade de Frei Rogério.

Fumio é uma espécie de líder espiritual da comunidade e, além de artesanato com bambu, também produz bonsais e gosta de praticar artes marciais. 

— Nos primeiros 10 anos em Santa Catarina foi muito difícil, mas hoje temos aqui uma colônia forte e bonita —, diz Fumio que, antes de dar início à colonização japonesa em Frei Rogério, estudou os exemplos de alemães e italianos espalhados pelo Sul do Brasil a fim de trabalhar a economia em paralelo com a cultura.

Outras pessoas bastante requisitadas na colônia são os irmãos Wataru e Thiyo Ogawa, de 85 e 83 anos, respectivamente, sobreviventes da bomba atômica lançada pelos Estados Unidos sobre a cidade japonesa de Nagasaki, no dia 9 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.

Quase que diariamente os dois recebem visitas de turistas, pesquisadores e estudantes de todo o Estado em busca de informações sobre um dos episódios mais tristes da História.

Fumio Honda: pioneiro e líder da Colônia Celso Ramos. Foto: Pablo Gomes

Pertencentes a uma das nações mais evoluídas do mundo, os japoneses conquistam a admiração de muitos povos com os quais convivem. Tendo o trabalho, a educação e a cultura como marcas registradas, eles contribuem com o progresso dos lugares onde se instalam.

Os primeiros imigrantes chegaram ao Brasil em 18 de junho de 1908 em busca de bons lugares para plantar. A primeira atividade foi em cafezais do Paraná e São Paulo. Após a Segunda Guerra Mundial, no segundo semestre de 1945, muitos passaram a apostar em Santa Catarina.

Em 9 de abril de 1964, depois de terem estudado regiões com clima semelhante ao do Japão, com condições de frio e altitude propícias para a produção de frutas de caroço, japoneses desembarcaram no porto de Rio Grande (RS) e partiram em direção ao Distrito de Frei Rogério, em Curitibanos, na Serra catarinense.

O Estado queria ser pioneiro na produção de frutas de clima temperado e o governador da época, Celso Ramos, resolveu assentar os imigrantes na área ocupada em Curitibanos. Fundou-se, então, em 26 de junho de 1964, a Cooperativa Agrícola da Colônia Governador Celso Ramos.

Em 20 de julho de 1995, Frei Rogério, hoje com 2,3 mil habitantes, emancipou-se de Curitibanos e passou a abrigar uma das principais colônias do Sul do Brasil.

Izumi, presidente da Associação Cultural Brasil Japão. Foto: Pablo Gomes

Em Santa Catarina existem colônias de japoneses estabelecidas nas cidades de Frei Rogério, São Joaquim e Caçador. Mas eles também estão presentes em Florianópolis, Joinville, Curitibanos e Lages.

Atualmente, 50 famílias integram a Associação Cultural Brasil Japão, responsável por organizar a tradicional Sakura Matsuri, ou Festa da Florada da Cerejeira, que neste ano foi realizada nos dias 6 e 7 de setembro e comemorou o cinquentenário da colônia. 

— Aqui sentimos a identidade forte das nossas raízes. Na colônia, preservamos nossa cultura, tradição, disciplina e respeito —, diz a presidente da Associação, Izumi Honda, de 44 anos.

DIÁRIO CATARINENSE
PABLO GOMES / Agencia RBS

Florada da cerejeira é celebrada todos os anos pelos japoneses por representar a renovação da vida
Foto:  PABLO GOMES  /  Agencia RBS


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