A rede social Ello foi lançada fazendo muito barulho com uma promessa bem simples: ser para sempre livre de anúncios. A promessa, feita em um manifesto afirmando que os usuários da rede não são um produto, começou a ser questionada a partir da entrada de investidores no negócio: conseguiria a empresa manter para sempre essa medida quando começasse a ser pressionada por lucro?

O Ello respondeu que sim, e foi mais longe: em uma carta assinada por todos os fundadores e investidores da rede social, se tornou uma Empresa de Benefício Público – um tipo de companhia nos Estados Unidos que promete direcionar suas ações com o objetivo de ter um impacto positivo na sociedade. Essas empresas podem ter lucro, mas com regras bastante específicas e levando em conta o impacto que causará na sociedade em cada decisão que toma.

Conheça a Ello, nova rede social que se diz "anti-Facebook"
Veja 5 vantagens que o Ello tem sobre o Facebook

No registro como Empresa de Benefício Público, a rede se comprometeu a nunca ganhar dinheiro com a venda de anúncios e com a venda de dados de usuários. Além disso, caso a companhia seja vendida, os novos proprietários da companhia terão que cumprir esses mesmos termos.

Essa promessa não indica somente palavras bonitas no papel: o compromisso de se tornar de benefício público sob esses termos impede legalmente o Ello de vender anúncios – principal fonte de receita de serviços como o Google, Facebook e Twitter, por exemplo.

Mas se vai ser assim, como o Ello vai ganhar dinheiro?

A resposta para essa pergunta está explicitada no próprio site da empresa.

– Até o fim do ano, Ello vai oferecer recursos especiais pagos. Esses recursos serão totalmente opcionais, e custarão apenas poucos dólares cada. Uma boa forma de pensar sobre a loja de recursos do Ello é imaginar algo como a loja de aplicativos do iPhone e do Android. Ao adquirir um recurso no Ello de vez em quando, você poderá personalizar sua experiência e apoiar uma rede social livre de propagandas – diz o texto.

Leia mais notícias de tecnologia em Zero Hora

Essa forma de ganhar dinheiro não é uma medida nova no mundo da internet. Serviços "freemium" – que oferecem um acesso básico e gratuito para todos, mas exigem pagamento por ferramentas adicionais – são usadas por redes sociais como o LinkedIn, softwares, como o Skype, e até mesmo games, como o Candy Crush.

Outra forma de ganhar dinheiro é receber dinheiro de fundos de investimento. Isso aconteceu na semana passada, quando o Ello recebeu US$ 5,5 milhões dos fundos Foundry Group, Bullet Time Ventures e FreshTracks Capital. Ao site de notícias de tecnologia norte-americano Mashable, o cofundador e CEO da rede social, Paul Budnitz, afirmou que os recursos vão permitir que eles possam construir o produto – que tem uma lista imensa de funcionalidades para colocar em prática – em vez de correr e tentar ganhar dinheiro neste momento.

Uma das "instituições" responsáveis pelo descrédito da promessa de viver sem anúncios, o representante de um dos fundos de investimentos postou em seu blog uma mensagem se comprometendo com a missão da empresa e acreditando na estratégia freemium como modelo de negócio.

– Nós acreditamos que existem produtos e serviços que o Ello pode desenvolver e pelos quais usuários pagariam. Enquanto o preço pode ser baixo, como parte de um ecossistema muito maior com milhões de usuários, nós vamos conseguir prover um modelo econômico para a companhia que suporte o negócio e nosso investimento – escreveu Seth Levine, do fundo de investimentos Foundry Group e agora membro do conselho de administração da empresa.