Neide Mariarrosa foi uma das maiores intérpretes da música catarinense. Iniciou a carreira artística aos 13 anos e em Florianópolis trabalhou nas emissoras Guarujá e Diário da Manhã. Em 1962 conheceu Elizeth Cardoso na cidade e iniciaram uma amizade. Foi a amiga quem convenceu a catarinense a mudar-se para o Rio de Janeiro, onde nas décadas de 60 e 70 brilhou nos palcos e nas rádios como cantora, radioatriz e locutora. Por lá, Neide se apresentou ao lado de nomes como Baden Powell, Jacob do Bandolim e Elis Regina. Entre seus feitos está o segundo lugar no prêmio de Melhor Intérprete do II Festival Internacional da Canção, que foi vencido por Milton Nascimento.

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A carreira atingia o sucesso quando a artista repentinamente decidiu voltar para Santa Catarina, abrindo mão do estrelato para poder viver na terra natal. Esquecida pelo grande público, morreu em setembro de 1994, vítima de câncer de mama e nos ossos.

Para lembrar os 20 anos da morte, a cantora Cláudia Barbosa une-se, amanhã em Florianópolis, a músicos consagrados para interpretar os sucessos da diva, que foi a primeira a dar voz, em 1965, à Rancho de Amor à Ilha, canção de Zininho que três anos mais tarde se tornaria o hino oficial da Capital. Como filha do poeta, relembrará algumas composições do pai imortalizadas por Neide, além de músicas de Jacob do Bandolim, Ary Barroso e Osvaldo Ferreira de Melo.

Artista única, voz divina

Por Silvia Beraldo, flautista, saxofonista, compositora e professora de música

Conheci Neide Mariarrosa em meados dos anos 80, quando dei aulas de saxofone e flauta em oficinas da Fundação Catarinense de Cultura. Ela era funcionária da instituição e ali começou nossa amizade. Recém chegando de São Paulo, não conhecia a música de Florianópolis e muito menos podia imaginar que aquela doce criatura com quem estava convivendo era dona de uma das vozes mais impressionantes do país.

Naquela época criei a Quebra com Jeito - Orquestra de Dança e a convidei para ser crooner. Sua interpretação era sempre divina. Ao lado de Denise de Castro, Fidel Pinero, Aurélio Martins – parceiros de som até hoje –, entre muitos outros músicos, foram os mais lindos bailes da vida. Tive a honra de tocar outras vezes com ela, acompanhada pelo violonista Wagner Segura. O timbre de voz e a interpretação eram de uma beleza ímpar. Durante a convivência fui conhecendo sua trajetória, a temporada no Rio de Janeiro à convite de Elizeth Cardoso e a escolha de voltar para sua terra:

— Pobre de quem acredita na glória e no dinheiro para ser feliz.

Por meio da Neide conheci as obras de Zininho e Osvaldo Ferreira de Melo, entre outros compositores ilhéus. Quando Norberto Depizzolati decidiu produzir seu LP, ela me pediu uma música para gravar. Não foi tarefa fácil compor para a grande diva. Da parceria com Rafael Menezes Bastos nasceu Floripa. Ao ouvir a canção, ela comentou:

— Dá para ver a paz que vocês estavam no momento da criação.

Mas não foi bem assim!

Em 1994, voltando de um período fora do Brasil, soube de sua morte. Neide partiu, mas deixou a delicadeza, a força interpretativa, a generosidade. Artista única, voz divina.

A iniciativa de Cláudia Barbosa de fazer o show em sua homenagem traz as melhores lembranças e muita saudade da querida musa.

Agende-se

O quê: Neide Maria, a Rosa da Ilha, com Cláudia Barbosa
Quando: amanhã, às 21h
Onde: Teatro Álvaro de Carvalho (Rua Marechal Guilherme, 26, Centro, Florianópolis)
Quanto: R$ 20 e R4 10 (meia-entrada). Ingressos à venda na bilheteria do teatro – 5% do valor será doado à campanha nacional do Outubro Rosa de prevenção ao câncer de mama.
Mais informações: (48) 3665-6400