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Itapema FM  | 24/09/2014 08h04min

Jean Michel Cousteau fala sobre a viagem que originou a exposição fotográfica em cartaz em Joinville

Oceanógrafo e ambientalista retornou à Amazônia 25 anos após a expedição do pai

Atualizada às 14h44min Rafaela Mazzaro  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

A exposição fotográfica Retorno à Amazônia Itinerante é uma das atrações do Museu de Arte de Joinville até 26 de outubro. A mostra contempla 30 imagens registradas pela americana Carrie Vonderhaar durante os oito meses que Jean Michel Cousteau refez os caminhos que seu pai desbravou em 1982 na floresta amazônica.

Estava nos planos de seu pai um dia retornar à Floresta Amazônica após a experiência de 1982?
Jean Michel Cousteau —
Estar na Amazônia durante as expedições foi uma grande experiência de vida. Conhecer suas riquezas naturais, descobrir novas biodiversidades, observar as mudanças ocorridas, além de ter o contato com povos de diferentes culturas é algo incrível. Além de tudo, saber o quanto a preservação da Floresta é importante para todos. Então, acredito que voltar à Amazônia estivesse, sim, nos planos do meu pai.

Qual era a memória mais forte que você tinha da primeira expedição? O que mais te impressionou naquele primeiro contato?
Cousteau —
A descoberta de novas espécies, a cultura local, o relacionamento com novas pessoas e a riqueza da biodiversidade. A partir de tudo o que vi pude entender e compartilhar o quanto dependemos da natureza para determinar a qualidade de vida.

Você fez o mesmo trajeto pela floresta mas, desta vez, levou quase oito meses a menos para completá-lo. Os acessos por terra mudaram muito após 25 anos?
Cousteau —
Na expedição realizada há 32 anos, passamos 20 meses na Amazônia, com pouca comunicação e grande dificuldade no acesso às regiões. Acredito que, com isso, a aventura tenha sido muito maior. Os acessos melhoraram quando retornamos, ficou muito mais fácil circular por terra. Fomos numa equipe de cerca de 20 pessoas e em dez meses fizemos quase 10 mil quilômetros de viagem. Conseguimos ir em muitos lugares, talvez até mais do que nos 20 meses da primeira expedição. E, também, tivemos o avanço da tecnologia, que fez com que pudéssemos ficar conectados o tempo todo, o telefone por satélite funcionava bem.

O que mais surpreendeu desta vez está relacionado à flora, fauna ou aos povos que habitam a floresta?
Cousteau —
Acredito que todos os itens tenham me surpreendido, positivamente e negativamente. As mudanças ocorridas na região foram muito piores que as previsões feitas na primeira expedição, principalmente com relação a quantidade de peixes e ao desmatamento. Houve um excesso na exploração dos recursos naturais e a perda de muitas espécies. Já com relação aos povos, milhares de pessoas se mudaram para a Amazônia nesse intervalo de tempo. Mas, por outro lado, com equipamentos melhores e modernos, pudemos passar mais tempo mergulhando, o que nos deu a chance de conhecer criaturas que nunca havíamos visto.

A diferença de cenário impactou na forma com que você vê a preservação da natureza?
Cousteau —
Sim, mas estou mais otimista hoje. Em 2006, o desmatamento era um problema crítico, mas está sendo atendido com cada vez mais atenção pelo Brasil, isso porque cada vez mais as pessoas estão se preocupando com a situação. A Amazônia deve ser vista como um negócio. Você não pode tirar mais do que a floresta oferece. Se cortar uma árvore, tem que plantar outra no lugar, e não pode ser da espécie que dá mais lucro. É preciso respeitar a diversidade da floresta.

A NOTÍCIA
Ocean Future Society / Divulgação

"As mudanças ocorridas na região foram muito piores que as previsões feitas na primeira expedição", afirma Jean-Michel
Foto:  Ocean Future Society  /  Divulgação


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