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Itapema FM  | 24/09/2014 07h01min

Ken Follett encerra trilogia sobre o século 20 com "Eternidade por um Fio"

Em entrevista a ZH, o escritor britânico falou sobre o processo de criação do livro

Alexandre Lucchese  |  alexandre.lucchese@zerohora.com.br

Com 38 anos de carreira e mais de 150 milhões de livros vendidos, o escritor britânico Ken Follett acaba de terminar seu projeto mais ambicioso. Eternidade por um Fio, novo romance do autor de Pilares da Terra (1989), encerra a trilogia O Século, que se propõe a abordar os principais acontecimentos políticos e sociais do século 20 em narrativa ficcional. Em uma trama que se inicia nos anos 1960 e termina nos 2000, as mais de mil páginas cruzam os destinos de personagens que viveram fatos como a construção do Muro de Berlim e a Crise dos Mísseis de Cuba. Sem ousadias formais, a leitura é envolvente e pode servir como uma animada aula de história. Nesta entrevista, concedida por telefone a ZH, Follett fala sobre o processo de criação do livro.

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Eternidade por um Fio abarca um longo período histórico. Como foi sua pesquisa para a obra?

A maior parte do que pesquisei estava em livros de história. Li muito, mas também procurei olhar mapas, fotografias e filmes. Hoje também há muito material na internet, como encontros na Casa Branca gravados por Kennedy e Nixon. Além disso fiz algumas entrevistas e, depois que terminei o primeiro rascunho, mostrei-o para alguns especialistas em história e pessoas que viveram os acontecimentos. Pago para que leiam meus rascunhos e procurem erros.

Você também fez viagens.

Sim. Viajei para Cuba, já que a Crise dos Mísseis é um dos eventos mais emblemáticos do livro e um dos meus personagens está lá quando a crise ocorre. Além disso, fui para o sul profundo dos EUA para encontrar cenários da campanha pelos direitos civis dos anos 1960, que também ocupa grande parte da minha história.

Quanto tempo levou esse proceso?

Levei oito meses para planejar o livro, incluindo aí a pesquisa e o esboço. Depois, foram mais oito meses para escrever e outros oito para reescrever.

Alguma coisa o surpreendeu durante as pesquisas?

Sim. Assim como toda minha geração, sempre odiei o presidente Nixon. Mas, quando comecei a pesquisar, descobri que ele tinha feito algumas coisas realmente boas, como integrar as escolas americanas – antes dele, havia escolas só para negros e só para brancos – e criar a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, que ainda existe e tem papel importante. Precisei admitir que Nixon foi um ótimo presidente em alguns aspectos. Não esperava por isso.

Você é conhecido por tramas que se passam na Europa e nos EUA. Não pensa em se dedicar a um trabalho sobre um país latino-americano como o Brasil?

Acho a América Latina muito interessante, mas haveria um problema se eu resolvesse escrever sobre essa parte do mundo: há muitos autores latino-americanos excelentes. Teria medo que dissessem: "Ele não é tão bom quanto Gabriel García Márquez". Gosto de ter um personagem em Cuba, mas escrever toda uma história lá provavelmente seria um erro para mim. Autores locais fariam melhor.

Você tem muitos leitores no Brasil. Isso causa surpresa?

De algum modo me surpreende, já que a maior parte das minhas tramas ocorre na Europa ou nos EUA, como você apontou. Por outro lado, são histórias sobre coisas comuns a todos: amor, casamento, filhos, guerra, revolução... Acredito que locais e nacionalidades realmente não importam quando as histórias falam sobre temas comuns a todos.

ETERNIDADE POR UM FIO
De Ken Follett
Romance, editora Arqueiro, 1.066 páginas, R$ 59,90. Tradução de Fernanda Abreu.
Cotação: 3 de 5 estrelas

Olivier Favre / Divulgação

As obras de Ken Follett também estão nas telas. Pilares da Terra inspirou série homônima disponível em serviços on demand de TV a cabo e no Netflix. Já O Buraco da Agulha (1978) virou sucesso nos cinemas em 1981
Foto:  Olivier Favre  /  Divulgação


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