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Itapema FM  | 22/09/2014 07h01min

Há 10 anos, estreava a primeira temporada de "Lost", série que mudou o modo como se faz televisão

Veja os motivos que fizeram desta produção um marco

Priscila de Martini  |  priscila.martini@zerohora.com.br

Quando os olhos de Jack Shephard (Matthew Fox) se abriram pela primeira vez, em 22 de setembro de 2004, a TV começou a experimentar uma revolução. A cena introduziu o espectador no mundo de mistério de Lost, série da rede americana ABC que abalou as estruturas da indústria televisiva com inovações narrativas e uma nova forma de relacionamento com o público.

Por onde andam os astros de "Lost"

Eles estavam mortos o tempo todo?

Dez anos depois, ainda é possível observar, na TV, as influências do programa capitaneado por J.J. Abrams, Damon Lindelof e Carlton Cuse, sobre os sobreviventes de um acidente de avião que se veem presos em uma ilha onde muita coisa esquisita acontece. Desde a ousadia na maneira de contar as histórias até o incentivo ao envolvimento da audiência, muito do que veio depois bebeu na fonte de Lost. Confira os elementos que fizeram da série um marco na história da TV.

Investimento em qualidade

Lost
foi uma produção grandiosa, que saiu dos padrões da época do que era feito para a televisão. A série foi quase toda gravada no Havaí. Só o primeiro episódio, com duas horas de duração, teve custo recorde de US$ 10 milhões.

Ousadia narrativa

Criador do Dude, We Are Lost!, um dos mais populares blogs sobre a série, o carioca Davi Garcia destaca que outro trunfo do programa foi sair da mesmice da TV naquela época, em que dominavam séries “procedurais”, nas quais cada episódio é feito seguindo uma mesma fórmula (como CSI e Law & Order, por exemplo).

Lost
contou uma história de mistério usando ferramentas narrativas diferentes, brincando com o tempo – além do presente, o passado, nos flashbacks, e também o futuro, nos flashforwards, e uma realidade paralela.

Além disso, ao colocar um grupo heterogêneo preso em uma ilha, a série também investiu muito no desenvolvimento dos personagens, procurando fugir da ideia de mocinho e bandido.

– Mostravam o personagem em conflito, com um lado bom e um lado ruim – diz Garcia, que hoje é editor-chefe do site Ligado em Série.

"Semana em Série" analise momentos marcantes de Lost:

Boom da pirataria
Quanto mais Lost aumentava sua base de fãs mundo afora, mais a pirataria pela internet crescia. O principal motivador, aponta a gaúcha Ana Bandeira, cuja dissertação de mestrado analisou os fãs de Lost, foi o fato de que, nas primeiras temporadas, demorava meses para a série chegar à televisão a cabo brasileira:

– Quem estava envolvido com a série e seus mistérios não queria levar tanto tempo para saber o que ia acontecer.

Além disso, como os spoilers começaram a se tornar uma constante ameaça na internet e entre amigos, as pessoas não esperavam mais para ver na TV.

A volta do mistério

O suspense foi um fator fundamental para tornar a produção marcante, aponta a pesquisadora Ana Bandeira:

– Durante muitos anos os telespectadores não ficaram tão envolvidos em torno de um mistério. Não acredito que, depois de Twin Peaks, outra série tenha alcançado esse feito.

Um mundo próprio

Ana Bandeira aponta também que a série foi muito feliz na criação de um mundo narrativo detalhado, explorando instituições fictícias (Oceanic Airlines, Dharma Initiative, Hanso Foundation, Ajira Airways), os números misteriosos, o monstro de fumaça. Com isso, desenvolveu uma mitologia própria, exaustivamente discutida pelos fãs.

Engajamento do público

Lost coincidiu com o boom da internet, lembra o editor-chefe do site Ligado em Série, Davi Garcia. Assim, a mitologia da série se disseminou em fóruns de fãs, comunidades no Orkut e inúmeros blogs especializados:

– O envolvimento com o produto era maior, e as pessoas sabiam para onde ir (buscar informações). A internet era quase como um elemento narrativo.

A partir dali, também surgiram pelo mundo eventos dedicados à série, como o Dharma Day, em São Paulo, organizado pelo produtor de eventos imersivos Fabio Hofnik – foram realizadas três edições nas três últimas temporadas, com 150 pessoas cada, em média. Na semana passada, foi realizado um especial, em homenagem aos 10 anos da série.

Lost foi pensada desde o começo para ser multiplataforma. O desenrolar da narrativa nos fóruns da internet e nas ruas atraiu muita gente e colocou a série em outro patamar em termos de entretenimento na era digital. Hoje, a maioria dos produtores inspira-se no que foi feito com Lost para atrair público – afirma Hofnik.

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