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Itapema FM  | 16/09/2014 17h24min

Quando o dinheiro vale mais do que está impresso na nota?

Nota rara de R$ 50, no melhor estado de conservação, pode ser vendida por R$ 4 mil

No catálogo de colecionadores,– livro que faz uma média de valores para negociar moedas –, uma nota de R$ 1, de 1996, assinada pelos então ministro da Fazenda, Pedro Malan, e pelo presidente do Banco Central (BC), Gustavo Loyola, vale R$ 195. Muitos se animaram com uma reportagem que trazia esta informação, com comentários em sites de notícia e redes sociais.

Mas atenção, leitores. Isso vale apenas para notas realmente raras e no melhor estado de conservação na escala dos colecionadores: a chamada "flor de estampa", que é a nota perfeita, sem nenhum vestígio de circulação.

— Nosso objetivo não é fazer especulação. Desde a publicação da reportagem, já me mandaram mais de uma centena de e-mails com fotos de notas, das quais pelo menos 90% já são manuseadas, isto é, não valem nada além de seu valor de face (que está impresso na cédula) — explica Cleber José Coimbra, numismata (nome dado a quem coleciona cédulas, moedas e medalhas), dando um banho de água fria no sonho de muitos leitores.

A nota que é estimada em R$ 195 é difícil de achar, pois circulou por pouco tempo:

— Essa combinação de assinaturas, do Malan e do Loyola, durou pouco, por isso, vale mais. Todos procuram ela hoje. É difícil de achar.

O que determina o valor de uma cédula?

As notas que não circularam pelo país e tiveram menor tiragem podem custar bem mais do que o valor de face. Também conta o seu estado de conservação. Na escala dos colecionadores, flor de estampa é a nota mais perfeita. Depois, vem a chamada soberba. A escala decrescente segue, passando por Muito Bem Conservada e Bem Conservada. Não são consideradas colecionáveis as cédulas rasgadas, furadas, faltando pedaços ou cantos e com inscrições a caneta ou tinta que as descaracterizem.

Qual é a nota de R$ 1 mais valiosa?

A nota de R$ 1 com maior valor é a citada na reportagem do final de semana. Ela foi impressa durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, no ano de 1996. O Ministro da Fazenda era  Pedro Malan e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola. Atualmente, há 149,279 milhões destas cédulas em circulação, de acordo com dados do Banco Central (BC). Um exemplar desta série com o estado de nunca circulada vale R$ 195 no catálogo.

— Acredito que o colecionador que tenha essa cédula deva vender por um preço maior que a do catálogo — sugere o diretor de Divulgação da Sociedade Numismática Brasileira, Bernardo Marin Neto.

Quais são as outras notas de real de maior valor?

As cédulas de R$ 50 assinadas pelo presidente do Banco Central Pérsio Arida em 1995 têm valor de catálogo de R$ 3 mil. As cédulas de R$ 50 assinadas pelo ministro da Fazenda Rubens Ricupero e com os dizeres "Deus Seja Louvado", de 1994, têm valor de R$ 4 mil. No mesmo ano, foram emitidas três séries com 300 mil impressões de notas de R$ 100 também assinadas pelo ministro Rubens Ricupero. Elas valem hoje R$ 2,8 mil.

— As cédulas de R$ 5 e R$ 10 não têm valores tão expressivos. Podem ser negociadas entre R$ 300 a R$ 500, conforme o número de emissões, mas são muito poucas — explica Marin Neto.

Quais cédulas manuseadas têm valor para colecionadores?

De real, nenhuma. De Cruzeiros, de 1970 para trás, mesmo tendo algum manuseio, elas têm mais valor.

— Durante a obra em Brasília, tinha uma cédula de 200 cruzeiros que teve apenas 3 milhões de notas, que, num período de inflação, isso sumia numa semana. Hoje uma nota dessas vale R$ 1 mil — contextualiza Cleber José Coimbra.

Como sei quanto vale e onde posso trocar?

No Estado existe a Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina. A associação reúne colecionadores de selos, cartões postais, moedas, cédulas, cartões telefônicos e interessados em diversos tipos de colecionismo. Os encontros são realizados nas quintas-feiras a partir das 18h e sábados a partir das 14h30min. A associação fica na Rua dos Ilhéus, 118, sobreloja 9, no Edifício Jorge Daux em Florianópolis.

Cleber José Coimbra, 75 anos, que coleciona cédulas desde os 15, também coloca seu e-mail disponível a leitores que queiram mandar imagens para saber se a nota é rara e tem algum valor: cleberjcoimbra@uol.com.br.

O que são os clubes de colecionador?

Os clubes de colecionadores são associações formadas por um grupo de pessoas, no caso, numismatas, que se reúnem para estudar, discutir sobre moedas, cédulas e medalhas do Brasil e do Mundo.

ZERO HORA
Reprodução / Banco Central

Casa da Moeda deixou de produzir esta cédula em 2005
Foto:  Reprodução  /  Banco Central


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