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Itapema FM  | 17/09/2014 08h01min

Nazareno Pereira estreia "Hipotermia" nesta quarta-feira em Florianópolis

Espetáculo é uma celebração dos 30 anos de carreira do ator e tem direção de Julio Maurício

Carol Macário  |  caroline.macario@diario.com.br

Hipotermia, primeiro monólogo de Nazareno Pereira, é um espetáculo ambicioso. Assinado pelo dramaturgo e diretor catarinense Max Reinert, o texto transgride o tradicional e mergulha no teatro contemporâneo. Tão importante quanto a história e o personagem é a palavra. E como ela é dita.

Nazareno interpreta um moribundo que transita entre os dois últimos segundos antes da morte e sua vida inteira de memórias, conflitos e reflexões. A peça é uma celebração dos 30 anos de carreira do ator catarinense e estreia hoje no Teatro da Ubro, em Florianópolis.

Para quem estava acostumado ao teatro tradicional, Hipotermia é uma autoprovocação, tanto para o ator quanto para Julio Maurício, que assina a direção. Os dois são amigos e parceiros de palcos de longa data. Compartilham uma história em comum junto com o Teatro Sim... Por Que Não?!!!, grupo que ajudaram a fundar há três décadas e cuja trajetória é marcada por grandes montagens de clássicos e gêneros como drama e melodrama.

— É um desafio porque o Nazareno nunca atuou num solo e nem eu dirigi um monólogo. E o texto é difícil. É a história dos dois últimos segundos de vida de um homem, mas o espetáculo demora 50 minutos— diz o diretor Julio Mauricio.

Nesses eternos segundos o personagem passa por 14 transições entre o estado de "quase-morte" e o passado. A história não está estruturada numa narrativa convencional, com começo, meio e fim. Isso exigiu do ator um trabalho corporal muito grande, feito pela coreógrafa Zilá Muniz, para que ele conseguisse incorporar e transparecer as diferentes sensações do corpo.

— É um texto que tenta criar sensações diferentes em torno de ideias universais, como a morte. Mas por meio de uma estrutura textual, de palavra, que seja provocante para a plateia. Há possibilidades diferentes de interpretação — diz o autor Max Reinert, da Cia Téspis de Teatro de Itajaí.

Para entender, o dramaturgo convida à metáfora de pensar o espetáculo como poesia em vez de prosa, e nesse caminho ir além do significado da história e criar junto com ator e diretor.

Equipe técnica de excelência

Nazareno Pereira arregimentou uma equipe experiente para a realização de Hipotermia. O cenário de Fernando Marés, por exemplo, confinou o personagem num pequeno espaço de dois metros quadrados, sugerindo prisão e frio. A iluminação ficou a cargo de Domingos Quintiliano, que reforçou com o trabalho de luz a frieza e o confinamento no espaço. Hedra Rockembach assina a ambientação sonora, uma trilha que sugere o tempo do relógio para que cada espectador vivencie o seu tempo.

O menino que queria ir embora com o circo

O primeiro contato de Nazareno Pereira com o teatro foi ainda menino, em Araranguá, Sul do Estado, depois de assistir pela primeira vez a um circo-teatro que passava pela cidade.

— Cheguei em casa e disse: eu quero ir embora com o circo. Parece a história mais batida do mundo, mas aconteceu comigo— conta.

Ele não sabe pontuar como foi a transição do ator de teatro amador para o de teatro profissional. Com sincera humildade diz ainda que não sabe se existe essa diferença, e então entre as risadas altas e a voz gutural que lhe são peculiares intercala lembranças de quando fazia teatro na escola ou se apresentava nas cidades vizinhas, até chegar em Florianópolis. Somente aos 26 anos ele entrou para o primeiro curso.

— Comecei a fazer teatro com Carmen Fossari aqui em Florianópolis, num grupo do DAC. Foram dois anos até a abertura do Curso de Teatro da Udesc.

Ele é da primeira turma do curso de artes cênicas da Universidade e foi nessa época que ajudou a fundar o Teatro Sim... Por Que Não?!!!, um dos grupos mais atuantes de Santa Catarina.

30 anos de Nazareno

O Anexo aproveitou a celebração de 30 anos de carreira de um dos atores mais atuantes do teatro catarinense para promover uma conversa entre dois artistas de gerações diferentes e falar sobre a cena das artes cênicas em Florianópolis. O ator e diretor paulista Márcio Cabral aceitou o desafio de sentar-se frente a frente com Nazareno e cutucar-lhe memórias e reflexões sobre o ofício. Ele mora em Florianópolis há 10 anos e há três atua com teatro na cidade, no Elefants Núcleo de Arte.

Assista:

::: Agende-se

O quê: Hipotermia, monólogo por Nazareno Pereira
Quando: hoje e amanhã, 20h30min
Onde: Teatro da Ubro (Escadaria da Rua Pedro Soares, Centro, Florianópolis)
Quanto: R$ 20 e R$ 10 (meia). Ingressos à venda na bilheteria do teatro, a partir das 16h no dia do espetáculo.
Informações: (48) 3222-0529

Classificação: peça indicada para maiores de 14 anos

DIÁRIO CATARINENSE
Sérgio Vignes / Divulgação

Nazareno Pereira interpreta um homem nos dois últimos segundos antes da morte
Foto:  Sérgio Vignes  /  Divulgação


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