Notícias

Itapema FM  | 16/09/2014 07h01min

Videodança cresce em Santa Catarina com o apoio de festivais e mostras

Gênero mistura dança e audiovisual para criar uma terceira linguagem

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

Foi por meio de um evento paralelo do Prêmio Desterro, de Florianópolis, que o cineasta e professor Giovani Canan, de Balneário Camboriú, percebeu que o vídeo de divulgação que produziu para o bailarino John Gaucho poderia transitar em uma área específica na qual se empresta as possibilidades do audiovisual e da arte do movimento à criação de uma terceira linguagem: a videodança.

Gravado no Rio de Janeiro, no Bar do Tom, Gaucho Vibes foi umas das primeiras produções selecionadas para o lançamento da Mostra Desterro de Videodança no ano passado. O espaço abriu uma janela para exibições de trabalhos de grupos de dança e videomakers de todo o país, revelando uma área antes quase invisível em Santa Catarina.

:: Leia mais notícias de cultura e variedades ::

A criação da mostra acompanha o recente crescimento de produções locais. Segundo Fernanda do Canto, realizadora do evento paralelo, o Estado passou a ter mais representatividade em festivais dedicados à vertente a partir da última década.

No país, a videodança é reconhecida desde os anos 1970 por pioneiros como a artista paulista Analívia Cordeiro.

:: Assista a videodança Gaucho Vibes ::


– Acredito que o crescimento se deve ao fortalecimento de festivais de dança, mostras audiovisuais, ao surgimento e consolidação de cursos de formação em artes visuais e ao reclame por mais cursos especializados em dança. O intercâmbio de artistas catarinenses em outros Estados e países auxilia ainda na troca de experiências – avalia Fernanda.

A mostra, que realizou a segunda edição no mês de agosto, oferece um panorama do gênero em Santa Catarina, embora a maioria dos vídeos inscritos continuem vindo de outros Estados, especialmente de São Paulo.

– As belezas naturais são bastante vistas e utilizadas como cenário nas produções catarinenses. É comum vermos praias, praças e espaços verdes, por exemplo. Além de serem áreas esteticamente interessantes, também barateiam custos. Por outro lado, isso não significa que as videodanças tenham sua temática condicionada pelo cenário, elas são bem variadas – explica Fernanda.

Definição
 
A videodança não pode ser confundida com dança documentada. Os artistas têm de pensar em questões de câmera, iluminação, sons, temperatura de cor, edição, além do registro de movimentos – que não necessariamente precisam ser do corpo. Todos esses elementos influenciam e são decisivos para a produção.

– O perfil dos realizadores é uma mistura de artistas de diversas vertentes. São dançarinos, coreógrafos, cineastas, companhias de dança, atores e videomakers. O interessante é ver como acontece essa junção, como um videomaker trabalha com um bailarino, ou como um coreógrafo compõe para um ator – analisa Fernanda.
 
O gênero no País
 
Apesar de dar os primeiros passos na década de 1970, a videodança no Brasil ganhou força a partir da virada do século 21. O estímulo para o gênero está ligado à criação de festivais específicos como o Dança em Foco, do Rio de Janeiro, que tem alcance nacional e é realizado desde 2003. Além de divulgação, a demanda antes reprimida encontra nestes eventos plataformas para formação por meio de seminários e oficinas.

– Na primeira edição recebemos perto de 40 trabalhos, muitos de fora do país. Hoje são cerca de 50, mas são produções somente do ano e vindas de todas as regiões – conta Leonel Brum, diretor-fundador do Dança em Foco e que ministrou um minicurso no Prêmio Desterro deste ano.

Nesses festivais o público tem contato com trabalhos profissionais e vídeos mais alternativos, que apostam na simplicidade técnica como meio de experimentação.

– Hoje o custo de uma produção de videodança é muito relativo, porque o acesso à tecnologia facilita a captação de imagens e edição sem grandes gastos – afirma Brum.

Além de estar presente em realizações paralelas de festivais de dança, o gênero tem espaço em eventos específicos como Mostra Internacional de Videodança na Amazônia (Manaus), Mostra Internacional de Dança Imagens em Movimento (Ribeirão Preto/SP), Mostra SP de Videodança (São Paulo) e Mostra Internacional de Videodança de São Carlos (SP). O No-Land – Festival Audiovisual Itinerante, que neste ano ocorreu na cidade de Caxias do Sul (RS), também abrange a categoria.
 
Visibilidade para a dança
 
Foi por meio de reportagens sobre videodança que a AMA Cia. de Dança, de Joinville, resolveu investir na adaptação de um espetáculo de sucesso no repertório do grupo.
Amarras estreou nos palcos em 2008 e, no ano passado, ganhou uma versão audiovisual patrocinada pelo Sistema Municipal de Desenvolvimento pela Cultura (Simdec). Foram quatro dias de gravações que resultaram em 12 horas de imagens para edição.



– Foi uma experiência nova para nós e gostamos muito do resultado. A videodança possibilita que o trabalho saia o mais próximo do resultado que queremos. É diferente do palco, onde os erros não podem ser corrigidos – comenta a produtora executiva Claudia Maiole.

O Amarras em vídeo foi lançado no 31o Festival de Dança de Joinville e contou com os bailarinos Erika Rosendo, Dewley Rodrigues, Thaysa Cintra e Marlon Tomaz, com direção artística e coreografia de Amarildo Cassiano e direção de Hilton Maurente.

:: Assista a videodança Amarras ::


O pontapé com a produção Gaucho Vibes incentivou o cineasta Giovani Canan, de Balneário Camboriú, a realizar um novo projeto relacionado à dança. Ele está participando de festivais com Anteato, que registra o espetáculo A Vida em Seis por Oito, também da companhia do bailarino John Gaucho.

A NOTÍCIA
Arquivo Pessoal / Divulgação

Bastidores da videodança Gaucho Vibes
Foto:  Arquivo Pessoal  /  Divulgação


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.