Notícias

Itapema FM  | 11/09/2014 06h02min

Cidade Maravilhosa é cenário de histórias românticas em "Rio, Eu te Amo"

Os brasileiros Fernando Meirelles e José Padilha estão entre os diretores de diferentes países que assinam os 10 segmentos do filme que estreia nesta quinta-feira nos cinemas

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

O Rio de Janeiro continua lindo, ainda mais quando se exibe para o mundo emoldurado por um time de renomados cineastas. Em cartaz a partir desta quinta-feira, Rio, Eu te Amo é, após Paris e Nova York, a nova parada do projeto Cities of Love, série que tem como proposta ambientar pequenas histórias românticas em cidades tornadas personagens.

São 10 os diretores que guiam aventuras, impasses e dramas amorosos pela Cidade Maravilhosa, mostrada em suas faces mais icônicas e também em curvas e ângulos surpreendentes até mesmo para os cariocas. O olhar estrangeiro está representado por Guillermo Arriaga (México), Stephan Elliott (Austrália), Im Sang-soo (Coreia do Sul), Nadine Labaki (Líbano), Paolo Sorrentino (Itália) e John Turturro (Estados Unidos). O time é reforçado pelos brasileiros Fernando Meirelles, José Padilha, Carlos Saldanha e Andrucha Waddington.

A seleção tem um 11º integrante na figura do brasileiro Vicente Amorim, escalado para amarrar os 10 segmentos com um fio narrativo que, em Rio, Eu te Amo se mostra um recurso melhor conduzido do que foi em Paris e Nova York, por dar ao mosaico maior fluidez narrativa — e não a aparência de colagem de episódios independentes. Amorim coloca a transitar por entre as demais histórias uma professora de inglês que trabalha como intérprete (Cláudia Abreu) e um taxista (Michel Melamed), seu ainda apaixonado ex-marido.

Projetos coletivos desse porte costumam resultar irregulares, diante das diferentes propostas autorais. Saíram-se melhor aqueles diretores que aproveitaram os pouco mais de 10 minutos de duração de cada episódio para experimentar e ousar na imaginação tropical. Em Vidigal, por exemplo, Sang-soo coloca um lascivo garçom vampiro (Tonico Pereira) mordendo voluptuosas mulatas no morro homônimo, com direito a uma batucada de dentuços descendo a ladeira.

Fernando Meirelles, em A Musa, apresenta o ator francês e quase carioca Vincent Cassel como o escultor de estátuas de areia na praia de Copacabana. Em meio à sinfonia sonora que retumba no icônico calçadão, ilustrada com uma criativa montagem, ele se encanta pelos pés de uma garota.

Entre os romances propriamente ditos, Sorrentino (de A Grande Beleza) destaca-se com o segmento Grumari, pela graça mórbida que marca o passeio nessa praia carioca do casal de turistas formado por um paraplégico (Basil Hoffman) e sua mulher meio maluquinha (Emily Mortimer). Já Eu te Amo, dirigido por Elliott (de Priscilla, a Rainha do Deserto), mostra a inusitada e fulminante paixão entre um famoso astro de cinema estrangeiro (Ryan Kwanten) e o motorista brasileiro escalado para acompanhá-lo na cidade (Marcelo Serrado). Quem banca o cupido bossa nova durante a escalada da dupla no Pão de Açúcar é a cantora Bebel Gilberto.

Rodado em Santa Teresa, Texas, de Arriaga, investe na força melodramática do desespero do boxeador de um braço só (Land Vieira) que recorre a lutas clandestinas para pagar a cirurgia que pode fazer sua mulher (Laura Neiva) voltar a andar. Menos interessantes são Pas de Deux, de Saldanha, com Rodrigo Santoro e Bruna Linzmeyer como bailarinos coreografando no palco do Theatro Municipal a iminente separação, e Quando Não Há Mais Amor, de Turturro, com ele e Vanessa Paradis discutindo a relação em ritmo de musical na ilha de Paquetá.

Entre os que optaram por mostrar que nem tudo é festa e alegria no Rio, José Padilha faz Wagner Moura esbravejar contra o Cristo Redentor durante um voo de asa-delta, alertando que o imponente monumento, lá do alto, não enxerga mazelas como pobreza, desigualdade social e violência policial. Essa passagem quase foi limada do filme pelo fato da Arquidiocese do Rio, responsável pelos direitos de imagem do Cristo, ter considerado o monólogo ofensivo.

Um menino de rua é o personagem de Nadine (de Caramelo) em Milagre, que ela protagoniza com o astro americano Harvey Keitel. No papel dele mesmo, na cidade rodando um filme, Keitel se empenha para ajudar o garoto que vive na Estação Leopoldina e aguarda um telefonema de Jesus no orelhão. Ainda nesse campo da crítica social, não ficou com o estofo pretendido a parceria de Andrucha Waddington com Fernanda Montenegro em Dona Fulana, no qual a atriz vive uma moradora de rua que se recusa a voltar para o convívio da família.

Após uma passagem discreta por Tbilisi, na Geórgia, em filme produzido para o mercado local, o projeto Cities of Love, idealizado pelo produtor francês Emmanuel Benbihy, tem como próximos destinos Xangai, Berlim e Jerusalém. O orçamento de Rio, Eu te Amo ficou na casa dos R$ 25 milhões.

warner / Divulgação

Basil Hoffman e Emily Mortimer no segmento "Grumari" de "Rio, Eu te Amo"
Foto:  warner  /  Divulgação


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.