Atualizada às 15h23min Layse Ventura  |  layse.ventura@diario.com.br

O filósofo francês Edgar Morin evidenciou em seu livro Para Onde Vai o Mundo? a relação não-linear que existe entre passado, presente e futuro. Segundo ele, somos moldados simultaneamente por nossas lembranças passadas e por projeções futuras. Com isso, o presente se torna algo dinâmico e rico em reflexões sobre o nosso destino.

Franklin Cascaes sabia disso por meio de uma vivência visceral que teve durante seus 74 anos em Florianópolis. Preocupado com as tradições, os costumes e a cultura manezinha, que se confrontavam com a modernidade, ele decidiu documentá-los o máximo que conseguisse, fosse em contos, ilustrações e esculturas – ou em todas essas expressões juntas. Tudo para proporcionar um futuro para algo que já vislumbrava estar sendo esquecido.

Não à toa o artista-etnógrafo é símbolo da cultura tradicional da Ilha e sua obra foi revisitada por diversos grupos teatrais. A Cia Aérea, de Santa Catarina, queria ir ao cerne desse legado, pensando sua relevância no contexto atual. Para tanto, a equipe concebeu o espetáculo Cascaes - Memórias do Homem de Argila Crua desde o início.

— Cascaes ao resgatar esse passado, resgata também a humanidade desse passado — explica a atriz Luiza Lorenz.

A peça, contemplada pelo edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura 2013, tem direção de Andrea Ojeda, da Cia Periplo Companhia Teatral, da Argentina.

Ilha-Buenos Aires-Ilha

O texto foi criado a partir da montagem de um vasto material de pesquisa, que começou em fevereiro em Florianópolis, teve dois meses geracionais em Buenos Aires e retornou à Ilha para sua finalização.

O espetáculo tem caráter expositivo sobre a produção de Franklin Cascaes. De forma didática, os personagens poéticos se debruçam, conhecem e dão vida aos pensamentos do artista.

As descobertas acontecem a partir das obras reproduzidas pelo escultor Valdo Correa, que vão sendo reveladas em maletas e baús dispostos no palco. Esse clima intimista é melhor explorado em espaços que rompam a dicotomia palco-plateia. Por isso, a estreia no Museu de Arte de Santa Catarina (Masc).

Serão 10 apresentações em diferentes locais da Capital durante o mês de setembro. Depois das exibições previstas pelo edital, o plano é levar a peça para turnê em outras cidades catarinenses e, em 2015, para Buenos Aires, onde o grupo já foi convidado a se apresentar.

Agende-se

O quê: estreia de Cascaes - Memórias do Homem de Argila Crua
Quem: Cia Aérea de Teatro, formada pelos atores Egon Seidler, Luiza Lorenz e Margô Ferreira
Quando: quarta e quinta-feira em duas sessões: às 16h (voltada para escolas) e às 20h
Onde: vão central do Museu de Arte de Santa Catarina (Masc) - CIC (Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: gratuito. O ingressos para hoje estão esgotados. Amanhã 120 serão distribuídos uma hora antes da apresentação
Mais informações: (48) 3664-2555 e (48) 9644-5283

Demais apresentações

Dias 12, 13 e 14: às 20h, na Sala Lindolf Bell - CIC (Avenida Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis). Ingressos gratuitos disponíveis uma hora antes do espetáculo
Informações: (48) 3664-2555

Dia 19: às 20h, no Teatro do Sesc Prainha (Travessa Siryaco Atherino, 100, Centro, Florianópolis). Ingressos gratuitos disponíveis uma hora antes do espetáculo
Informações: (48) 3229-2200

Dia 21: às 20h, no Teatro da Casa das Máquinas (Rua Henrique Veras do Nascimento, 50, Lagoa da Conceição, Florianópolis). Ingressos gratuitos disponíveis uma hora antes do espetáculo
Informações: (48) 3324-1415

Dia 24: às 20h, no Teatro Álvaro de Carvalho - TAC (Rua Marechal Guilherme, 26, Centro, Florianópolis). Ingressos disponíveis na bilheteria do local a R$ 16 (antecipado) e R$ 20 (na hora)
Informações: (48) 3028-8070

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