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Itapema FM  | 06/09/2014 07h03min

Filme sobre Paulo Coelho não repetiu sucesso de seus livros

Fracasso da cinebiografia "Não Pare na Pista" chama a atenção em um gênero que costuma atrair interesse do público

Marcelo Perrone  |  marcelo.perrone@zerohora.com.br

Mago de casa não faz milagre no cinema. Fama internacional como autor de livros que venderam mais de 170 milhões de exemplares, impressionantes 30 milhões de seguidores em diferentes redes sociais e parceria em sucessos memoráveis de um dos maiores ídolos da música brasileira.  Nada disso estimulou o interesse pela cinebiografia Não Pare na Pista  — A Melhor História de Paulo Coelho. Em três semanas de exibição, o filme lançado com grande badalação vendeu 89.234 ingressos e recuperou apenas R$ 1,1 milhão do seu orçamento de R$ 12 milhões.

Um retumbante fracasso, que se torna ainda mais simbólico espelhado nos números de outras produções nacionais do gênero e, sobretudo, no documentário Raul, o Início, o Fim e o Meio (2012), sobre Raul Seixas, que, apesar do espaço modesto reservado a este tipo de filme, somou 170,4 mil espectadores nos cinemas.

Não Pare na Pista pouco deve melhorar sua performance diante da expressiva diminuição de seu circuito exibidor. As 288 salas da estreia, dia 14 de agosto, reduziram-se a 82 no final de semana passado.

— É um fiasco – diz Flávio R. Tambellini, que assina a produção executiva do filme dirigido por Daniel Augusto. — Eu nunca tinha visto isso. Só posso explicar pela rejeição ao Paulo Coelho. As pessoas nem se interessaram em saber se o filme era bom ou não. Acho que no mercado internacional a perspectiva é melhor. Não deve haver esse nível de rejeição encontrado no Brasil.

Segundo Paulo Sérgio Almeida, diretor do Portal Filme B, especializado no mercado cinematográfico, Não Pare na Pista é uma exceção à regra:

— O público gosta de cinebiografias, e a maioria delas tem dado certo. O cinema tem suas fórmulas, mas nenhuma é capaz de garantir um sucesso. Além do conjunto de fatores que envolvem a sua realização, depende muito do personagem ser conhecido ou da sua história ser muito boa. A culpa não é do Paulo Coelho autor, mas talvez ele, como personagem, não seja tão interessante.

Não Pare na Pista é um projeto que, no jargão do setor, nasceu morto. Não é o caso do filme prejudicado pela falta de divulgação, pelo circuito reduzido, pela concorrência com blockbusters, pela avaliação da crítica ou pela propaganda boca a boca.

— O público leitor de Paulo Coelho não frequenta o elitizado circuito de shopping centers – avalia a crítica e pesquisadora de cinema Maria do Rosário Caetano. — Para agravar, não havia demanda por um filme sobre Paulo Coelho. Quem está interessado em conhecer a história dele, um milionário que mora na Suíça? A fase Coelho-Seixas, embora tenha rendido inesquecíveis composições, quando é lembrada o é na conta de Raul Seixas. Este sim deixou uma tribo de fiéis seguidores. Tanto que o filme dedicado a ele, mesmo sendo um documentário, vendeu quase 200 mil ingressos.

> Leia matéria sobre a estreia de Não Pare na Pista

Gênero segue atraente no Brasil, indicam produções a caminho

Tim Maia (1942 — 1998) e Joãosinho Trinta (1933 — 2011) puxam a fila de personalidades brasileiras com cinebiografias a caminho. Vencidos os entraves legais e burocráticos que costumam emperrar no Brasil projetos do gênero junto aos biografados ou seus herdeiros, estão em andamento filmes sobre, entre outros, Pixinguinha, Elis Regina, Chacrinha e Leandro e Leonardo — o de Pelé, já rodado no Brasil, é uma produção americana com lançamento previsto para dezembro.

Com direção de Mauro Lima (da bem-sucedida cinebiografia Meu Nome Não É Johnny), Tim Maia chega aos cinemas no dia 30 de outubro. O filme é inspirado no livro Vale Tudo — O Som e a Fúria de Tim Maia, de Nelson Motta, e apresenta os atores Róbson Nunes e Babu Santana vivendo o grande síndico musical do Brasil em diferentes fases.

— Tim Maia deve conquistar um bom público, pois a vida dele foi cheia de altos e baixos. Tem densidade dramática — avalia a crítica Maria do Rosário Caetano.

Segundo Flávio R. Tambellini, produtor de Não Pare na Pista e que assinou também a produção do sucesso Cazuza – O Tempo Não Pára, projetos como Tim Maia contam com um forte atrativo:

— Cinebiografia com música tem mais força porque trabalha com a memória afetiva do público.

Também no dia 30 de outubro chega aos cinemas Trinta, de Paulo Machline, com Matheus Nachtergaele no papel do célebre carnavalesco Joãosinho Trinta.

Altos e baixos da vida real (em número de espectadores nos cinemas)
Desempenho de algumas cinebiografias nacionais recentes

Sucessos esperados

> 2 Filhos de Francisco (2005) — O filme com Zezé Di Camargo e Luciano foi um fenômeno.Público: 5,3 milhões
Chico Xavier (2010) — Mostrou a força da temática espírita. 3,4 milhões
> Cazuza: O Tempo Não Pára (2004) — Tributo à altura da vida louca e breve do ídolo pop. Público: 3 milhões
> Olga (2004) — Performance proporcional ao sucesso do livro biográfico de Fernando Morais. Público: 3 milhões
> Bruna Surfistinha (2011) — Chancelou a popularidade da garota de programa que  virou celebridade no mercado editorial e na internet. Público: 2,1 milhões

Aposta que deu certo 

> Meu Nome Não É Johnny (2008) — A história do desconhecido traficante de classe média carioca contou com o talento de Selton Mello. Público: 2,1 milhões

Cumpridores da missão

> Somos Tão Jovens (2013) — A popularidade da Legião Urbana prometia mais. Público: 1,7 milhão
> Gonzaga: De Pai pra Filho (2012) — Conflito afetivo entre Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, nomes de destaque na música brasileira, foi um atrativo. Público: 1,4 milhão
> Getúlio (2014) — Tributo digno ao líder político, com perfomance mediana mas dentro do esperado para o perfil do filme. Público: 504 mil

Aquém do esperado

> Lula, o Filho do Brasil (2010) — O presidente estava no poder com bons índices de popularidade, que não se refletiram no filme. Público: 852 mil
> Jean Charles (2009) — O caso do brasileiro assassinado pela polícia londrina despertou interesse, mas não muito. Público: 282 mil
> Heleno (2012) — Nem a ótima atuação de Rodrigo Santoro como o polêmico jogador de futebol ajudou. Público: 92,6 mil
> Não Pare na Pista (2014) — Um dos maiores best-sellers do mundo, Paulo Coelho não repetiu o sucesso no cinema. Público: 89,2 mil (parcial)

Fonte: Filme B

 

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