Do outro lado da sala, está alguém de olhos grandes e sorriso acolhedor. Em um instante, você não só decide que o acha atraente, como também que se sente à vontade para aproximar-se – tudo isso baseando-se única e exclusivamente em sua aparência.

Querendo ou não, todos julgamos as pessoas baseados na aparência. No entanto, um novo estudo reforça evidências de que tudo o que precisamos é cem milissegundos para "adivinhar" a personalidade de alguém a partir dos traços faciais.

— Quando olhamos para a foto de um rosto, rapidamente formamos julgamentos sobre o caráter daquela pessoa. Conseguimos imaginar se essa pessoa é amigável, confiável ou até competente. Ainda não é claro o quão precisas são essas primeiras impressões, mas elas influenciam sim nosso comportamento subsequente — diz Tom Hartley, autor do estudo e professor da Universidade de York, na Grã-Bretanha, em entrevista por e-mail.

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Hartley e seus colegas analisaram mil rostos diferentes, medindo características como formato, distância entre os olhos, entre outros. Depois disso, a equipe tentou prever como outras pessoas reagiriam àqueles rostos, prestando atenção a 65 detalhes — como tamanho dos olhos, largura das sobrancelhas e curvatura do lábio inferior, atribuindo notas a cada quesito.

Eles usaram essas notas para criar um modelo computadorizado que prevê as primeiras impressões. Seis "juízes" avaliaram, então, ilustrações de faces utilizando uma escala de sete pontos, em que um é o menos atraente e sete, o mais atraente. O computador conseguiu prever a maioria das primeiras impressões.

Olhos grandes, sorriso aberto

Os acertos do computador querem dizer que é possível saber de antemão quais são os traços que fazem alguém parecer acessível ou dominante, por exemplo.

Olhos grandes são, há muito tempo, associados a beleza, diz Hartley, e sua pesquisa indicou a mesma coisa. O computador previu que pessoas com olhos menores seriam avaliadas como sendo menos atraentes, mas os pesquisadores olharam para os rostos de maneira holística e descobriram que a regra não valia para todos os casos:

— É difícil fixar características específicas a subconjuntos particulares de traços, pois múltiplos traços variam juntos — diz o pesquisador.

Então, enquanto olhos pequenos podem parecer menos atraentes, esses olhos, combinados com um grande sorriso — boca e mandíbula influenciam o fator de acessibilidade — aquela pessoa pode parecer mais atraente.

— Muitos dos traços que influenciam as notas previstas são mutáveis, relacionados a expressão, pose, iluminação, posição da câmera e etc. — diz Hartley.

Mas entender como formamos primeiras impressões pode ajudar pesquisas sobre como formamos vieses.

— Claro que nos preocupamos com esses julgamentos instantâneos. Podemos errar ao julgar pela aparência. Por exemplo, um rosto sorridente é realmente confiável? Alguns estudos anteriores sugerem que talvez exista um "cerne de verdade" em algumas de nossas primeiras impressões, mas que generalizamos para que, por exemplo, alguém com um rosto aparentemente jovem seja julgado como imaturo.

*Zero Hora