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Itapema FM  | 12/08/2014 05h03min

Entenda o "apagão" que vai substituir a TV analógica pela digital no país

Mudança busca desocupar a faixa de frequência de 700 MHz

Demétrio Rocha Pereira  |  demetrio.pereira@zerohora.com.br

Não precisa esquecer a velha TV de tubo, aquele cubão que enfeita a sala. Em menos de dois anos, os ares serão outros e não vão animar telas antigas, mas nada de se contentar com o chuvisco: conversores que hoje custam cerca de R$ 120 devem garantir uma transição tranquila após a completa substituição do sinal analógico pelo digital, o já famoso “apagão analógico”.

Em Porto Alegre e na maior parte das cidades mais populosas do Estado, o desligamento tem data marcada: 25 de junho de 2017. A mudança busca desocupar a faixa de frequência de 700 MHz (entre 698 MHz e 806 MHz), hoje a serviço da TV analógica, e leiloar esse espectro para as empresas de telecomunicações transmitirem o sinal de internet 4G.

E aí vem um problema novo. É jogo decisivo do seu time, a turma inteira vidrada na smart TV, quando chega uma visita nova e a tela, súbito, preteia. A internet 4G do amigo acaba de matar o sinal digital da partida, que passeia entre os 470 MHz e os 698 MHz. Mesmo que não entenda de telecomunicações, repare nos números e você saberá que os dados da internet móvel e da TV digital vão viajar próximos, como dois nadadores disputando braçadas em uma mesma raia – hora ou outra, eles se engalfinham e afundam. A conclusão de que pode haver interferência veio de testes da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET).

– Para haver uma convivência harmoniosa entre os sistemas LTE (4G) e TV Digital em bandas adjacentes, será necessário o desenvolvimento de novas tecnologias de recepção – diz Gunnar Bedicks, chefe do Laboratório de Pesquisas em TV Digital da Universidade Mackenzie (São Paulo).

Testes encomendados pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) indicam que os dois sinais podem conviver em harmonia. Outros países tiveram de instalar filtros nos aparelhos para driblar a interferência. No Brasil, o governo quer mais testes antes de decidir o que fazer, e representantes da indústria de telecomunicações antecipam que nenhum serviço tem garantia de funcionamento pleno.

Leilão suspenso

Embora louve a preocupação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) com esse risco, Adriano Fachini, presidente da Associação das Empresas de Radiocomunicação do Brasil (Aerbras), considera remota a possibilidade de o usuário perceber os prejuízos de eventuais interferências. Segundo Fachini, mais importante é ficar de olho no edital do leilão da Anatel, que, programado para este mês, foi suspenso na semanada passada pelo Tribunal de Contas da União (TCU):

– O leilão da faixa prevê que a empresa vencedora tem de “limpar” o espectro, o que consiste basicamente em retirar os transmissores atuais, indenizar as empresas que os utilizam e oferecer conversores para a população de baixa renda. Hoje há cerca de 400 pontos de transmissão, e eles têm custo elevado. O TCU bloqueou o lançamento do edital porque não está claro como chegaram ao custo de R$ 3,5 bilhões para essa limpeza de espectro – diz Fachini, acrescentando que também não está claro quem irá gerir esse fundo.

A previsão atual é de que o edital seja liberado em setembro, e o governo espera arrecadar até R$ 8 bilhões com o leilão.

Quanto à adaptação das TVs, o Ministério das Comunicações decidiu começar, em abril de 2016, pelas regiões onde a TV digital já está mais difundida, já que os televisores mais recentes não devem sentir a mudança. Antes de começar o “apagão”, haverá um teste na cidade de Rio Verde, em Goiás, programado para novembro do ano que vem.

A TV é velha e não tem conversor? Calma que, segundo portaria da pasta das Comunicações, o sinal analógico só será cortado se pelo menos 93% das casas do município em questão conseguirem acessar a TV digital. É só tentar não estar entre os 7%.

Até lá, as emissoras de TV deverão informar, durante a programação, a data de desligamento do sinal analógico, e a Anatel informou que lançará campanha publicitária pelo menos um ano antes do processo.

ZERO HORA
Fernando Gomes / Agencia RBS

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Foto:  Fernando Gomes  /  Agencia RBS


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