Atualizada às 08h51min Layse Ventura  |  layse.ventura@diario.com.br

Os brasileiros pouco conhecem sobre a participação de seu país na Segunda Guerra Mundial. Muitos nem sabem que foram mandados 25 mil soldados ao norte da Itália para lutar ao lado dos Aliados contra as tropas do Eixo, depois que navios do Brasil foram afundados por submarinos nazistas, em 1942. Para recontar essa aventura, com a importância devida, João Barone, baterista de Os Paralamas do Sucesso, viajou por 15 cidades italianas.

Com uma equipe enxuta, de quatro pessoas, restaurou dois jipes da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e percorreu o mesmo caminho desses combatentes. O resultado é o documentário O Caminho dos Heróis, que será transmitido pela primeira vez hoje, às 23h, no canal a cabo History. Produzido em parceria com a catarinense Orbital Filmes, ele integra uma programação especial dedicada às grandes guerras mundiais.

Foto: Orbital Filmes / Divulgação


Os pracinhas, apelido carinhoso dado aos soldados sem patente, eram homens comuns – a maioria aprendeu a atirar depois de ser convocado. Essa empreitada, questionada ainda hoje, custou a vida de dois brasileiros por dia nos nove meses em que as tropas participaram do conflito, entre 1944 e 1945. Os que voltaram enfrentaram uma realidade dura: pouco reconhecimento e as marcas da maior luta armada da História.

— Houve uma comoção com o fim da Segunda Guerra. Mas logo esse reconhecimento esbarrou nas vaidades políticas e hierárquicas. Ocorreu uma perseguição aos ex-combatentes, que não podiam formar associações nem receber homenagens públicas. O potencial de reconhecimento causou uma espécie de inveja — explica Barone, filho de um ex-combatente, em entrevista por telefone.

Foto: Orbital Filmes / Divulgação


O filme foi gravado durante oito dias em abril de 2009 e gerou cerca de 40 horas de material bruto. Durante três anos, o projeto ficou parado até que Paulo Trejes, diretor da Orbital Filmes, de Florianópolis, se interessou pelo documentário e se envolveu na montagem durante os dois anos seguintes.

— A parte mais difícil foi colocar um eixo lógico na história. Tivemos de fazer uma pesquisa de como foi um dia após o outro das tropas brasileiras em solo italiano — conta Trejes.

João Barone, junto com o irmão, João Henrique, é um entusiasta da história da participação brasileira na Segunda Guerra. Ele já lançou dois livros sobre o tema (1942 – O Brasil e sua Guerra Quase Desconhecida e A Minha Segunda Guerra) e escreveu e codirigiu o documentário Um Brasileiro no Dia D. Agora, tem três projetos à procura de financiamento: uma série documental, uma minissérie de dramaturgia e a criação de um banco de dados para reunir imagens, relatos e documentos que esclareçam essa participação brasileira na guerra.

>> Assista ao teaser de divulgação do documentário O Caminho dos Heróis

DIÁRIO CATARINENSE