Itapema FM | 26/07/2014 06h02min
Depois de conquistar adeptos ao entregar em casa vinhos, sapatos, chocolates e muitos outros produtos por um preço mais acessível, chegou a vez de os clubes de compras por assinatura se espraiarem na área cultural. Com facilidade de divulgação e cadastro pela internet, o fenômeno começou a crescer no início dos anos 2000. Mediante planos de associação por mensalidade ou pagamentos adiantados, novos clubes enviam periodicamente para seus membros discos, livros e outros artigos culturais selecionados por curadores.
Duas novas iniciativas acabam de ser lançadas na Capital. Neste domingo, a banda Apanhador Só festeja com dois shows no Theatro São Pedro o lançamento em vinil de seu disco Antes que Tu Conte Outra, bolachão escolhido para estrear o recém-criado Noize Record Club, que vai passar a remeter vinis para seus associados a partir de agosto. Também no próximo mês, o Tag Experiências Literárias inicia o envio de livros para interessados em montar uma biblioteca qualificada. Essas iniciativas se somam a outras também sediadas em Porto Alegre: o Museu do Trabalho, que mantém um tradicional clube de gravuras, iniciou em 2013 seu Consórcio de Fotografias, que está sendo ampliado neste ano. Apesar de as iniciativas terem nascido no Rio Grande do Sul, a distribuição dos produtos é feita em todo o país.
– O modelo de clubes de assinaturas existe na internet desde 2001, mas o boom começou a partir de 2012, logo após a febre das compras coletivas. O próximo passo é a verticalização, o surgimento de clubes em nichos – explica Maurício Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm).
Apesar de a internet ter facilitado o acesso a iniciativas como essas, projetos semelhantes já tiveram sucesso no passado. Uma das alternativas que ficaram mais populares no país foi o Círculo do Livro, criado em 1973 e extinto em 2000, em que o cliente fazia pedidos trimestrais a partir de um catálogo recebido em casa. Além disso os Museus de Arte Moderna de São Paulo e Rio têm iniciativas semelhantes voltadas para as artes visuais. No Rio Grande do Sul, o Museu do Trabalho é exemplo com seu Consórcio de Gravuras, criado há duas décadas – e que segue com fãs fiéis.
– Participo do Consórcio de Gravuras há cerca de 10 anos, muitos trabalhos que recebo acabam decorando minha casa, outros rendem bons presentes. É um modo muito acessível de colecionar arte – conta o músico Vagner Cunha.
Curadoria em destaque
Comodidade e bons preços não são os únicos fatores envolvidos no sucesso de um clube de compras. Outra característica que pode ser decisiva para que a iniciativa dê certo é uma boa curadoria. Como os participantes ingressam sem saber ao certo que produtos receberão em casa em troca do pagamento adiantado ou parcelado, é preciso confiar nas escolhas dos organizadores.
O recém-lançado Noize Record Club goza do prestígio da Noize, publicação sobre rock e pop que deu origem ao clube. Já o Tag, focado em livros, convida intelectuais de referência para indicar cada leitura – o primeiro deles é o filósofo paranaense Mário Sérgio Cortella. Para completar, ambos os clubes ainda enviam aos associados revistas com conteúdo exclusivo sobre cada um dos discos ou livros que serão entregues a domicílio.
– A ideia não é apenas oferecer um produto, e sim uma experiência. Nós acreditamos muito no valor de parar tudo para ouvir um vinil, olhar seu encarte e folhear a revista – explica Maria Joana de Avellar, editora da revista Noize.
Noize Record Club
Recém-criado pela revista Noize, produzirá tiragens exclusivas de discos de vinil, distribuindo-os para seus sócios por um preço especial. Apenas a banda responsável pelo primeiro bolachão, a Apanhador Só, foi revelada ao público. Os próximos discos serão conhecidos ao longo dos meses, contando com a curadoria da equipe da Noize, que há sete anos produz conteúdo sobre as cenas do pop rock nacional e internacional. Além de novidades, o Record Club está pesquisando a viabilidade de reeditar vinis clássicos da história do rock nacional.
Como funciona – O assinante receberá em casa ao longo de um ano três vinis acompanhados da revista Noize, que terá os álbuns escolhidos como temática. Fazendo a assinatura de um ano, cada envio custará R$ 68, pagos adiantados ou parcelados no cartão de crédito. Também é possível comprar cada edição individualmente por R$ 88.
Como participar – Pela internet, no endereço noize.com.br/recordclub. Também será possível fazer a assinatura neste domingo, nos shows da Apanhador Só no TSP, às 18h e às 21h (acesse informações de ingressos na página http://on.fb.me/UxGNGZ), em estande especial, com retirada imediata do LP Antes que Tu Conte Outra.
Tag Esperiências Literárias
Idealizado por três jovens empreendedores, pretende ser a solução para quem quer começar a montar sua biblioteca. A cada mês, um novo título de ficção ou não ficção é indicado por personalidades do mundo cultural ou acadêmico. A escolha é mantida em suspense para que o assinante só conheça o livro quando recebê-lo em casa. A primeira indicação é do filósofo paranaense Mario Sergio Cortella.
– O modelo de assinatura é ideal para incentivar o hábito de leitura, já que o associado recebe em sua casa livros com uma periodicidade adequada a seu ritmo de leitura – explica Gustavo Lembert, 22 anos, um dos criadores do clube.
Como funciona – O interessado pode escolher entre os planos mensal (R$ 69,90 por mês) e trimestral (79,90 por trimestre), recebendo na periodicidade escolhida um livro e uma revista sobre a obra escolhida e seu autor. Caso já tenha o livro em questão, poderá trocá-lo por outras opções.
Como participar – A assinatura se dá pelo site taglivros.com.
Consórcio de gravuras
Criado há 20 anos, oferece trabalhos de artistas como Britto Velho, Ananda Kuhn e Ubiratã Braga usando diferentes técnicas como serigrafia, litografia e xilogravura. No início do ano, a relação de 10 gravuristas é divulgada, mas os trabalhos são conhecidos apenas na entrega. Esta é uma das principais fontes de renda do Museu do Trabalho, espaço que promove o consórcio.
Consórcio de fotografias
Iniciado em 2013 com o trabalho de três convidados, foi ampliado neste ano, contando com imagens de nove fotógrafos. Similar ao Consórcio de Gravuras, também promovido pelo Museu do Trabalho, apresenta no início do ano os nomes dos fotógrafos escolhidos – alguns destaques deste ciclo são Leopoldo Plentz, Fernanda Chemale e Luiz Carlos Felizardo. Apesar de ser um projeto jovem, o número de assinantes é crescente, chegando a quase 40.
Como funcionam – Os clubes de gravuras e fotografias do Museu do Trabalho adotam as mesmas regras de funcionamento. O participante pode retirar no museu ou receber em sua casa a fotografia ou a gravura do mês. No caso das gravuras, uma obra extra de um artista diferente é sorteada mensalmente entre todos os membros. Para quem mora em Porto Alegre, as mensalidades custam entre R$ 90 e R$ 105, dependendo da modalidade de entrega. Para o Interior do Estado ou outras partes do país, as obras são reunidas e enviadas em três lotes durante o ano.
Como participar – A inscrição deve ser feita pelo site museudotrabalho.org ou pelo telefone (51) 3227-5196. O pagamento é efetuado no ato de entrega dos trabalhos.
Fique atento
- Antes de se associar a qualquer clube de assinatura, procure informações sobre sua idoneidade. Uma boa fonte de consulta é o Procon de sua cidade.
- Verifique se o contrato mostra, de forma clara, o que fazer no caso de cancelamento ou suspensão da assinatura e os canais de atendimento ao consumidor.
- Leia atentamente o contrato do que está adquirindo e confira o prazo de entrega e infomações sobre taxas de envio.
Fonte: Flávia do Canto Pereira, diretora do Procon em Porto Alegre
ZERO HORAGrupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - ©
2009
clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.