A exigência por um teatro municipal condizente com a importância de Joinville não cessará, mas o fato é que a cidade tem agora o espaço cultural com que sonha há anos. Não que o Teatro CNEC, instalado em uma das quatro torres que formam a Faculdade Cenecista, tenha saído de uma hora para outra – o projeto original, que data de 2004, sofreu modificações ao longo do tempo e esperou a hora certa para ficar pronto.

Suas formas, qualidades e possibilidades são de encher os olhos, e não somente dos que frequentam a instituição de ensino. A direção garante que o espaço que entrega amanhã à noite, com direito a apresentação de Bibi Ferreira (somente para convidados), é para ser desfrutado por todos os catarinenses, sejam espectadores, artistas ou produtores culturais.

Foi só a partir de novembro pas-sado que o local de 4 mil metros quadrados e 640 lugares começou a ser “vestido” com poltronas e projetos climático, acústico, luminotécnico e cenotécnico. Em alguns deles, o cuidado com os detalhes ganha ares de perfeccionismo, caso das ranhuras e revestimentos de parede que ajudam a controlar a propagação do som. Um reforço na estrutura foi feito para suportar as varas de cortinas e iluminação acima do palco de 18 metros de altura – para se ter uma ideia, o do Teatro Juarez Machado, uma das principais casas de espetáculos do município, tem quatro. Tudo isso faz com que seja capaz de receber os mais diversos tipos de espetáculo.

Integrado ao projeto do teatro, mas localizado no andar abaixo dele, há um espaço de apoio que a direção chama de centro de eventos. Munido de duas salas com capacidade para 120 pessoas e duas para 80, além de áreas para coffee break, receptivo e banheiros, ainda não tem prazo para ser concluído.

Independentemente disso, este é o maior investimento numa única unidade da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC), grupo gestor da faculdade e do Colégio Elias Moreira. Segundo o diretor, Félix Negherbon, foram gastos mais de R$ 10 milhões no equipamento. Nenhuma das 150 escolas e 21 faculdades da instituição espalhadas pelo país possui algo semelhante.

Negherbon garante que tal obra não ficará restrita à comunidade estudantil. Tanto é que foi criada uma gestão própria, incumbida de montar uma agenda e mobilizar esforços para trazer o maior número possível de eventos abertos à comunidade, em parceria com produtores locais ou não. Obviamente, o espaço também ficará disponível para locação.

– Com a inauguração, está legitimado o teatro. Agora, Joinville está oficialmente apta a receber grandes espetáculos – comemora o diretor, exultante também com a inclusão da zona sul no eixo cultural da cidade.

Uma diva do teatro na estreia
 
Para inaugurar o Teatro CNEC Joinville, aquela que é tida como a grande dama dos palcos brasileiros: Bibi Ferreira. Em seu entorno, no grande e novíssimo espaço, estará uma orquestra formada por músicos que habitualmente acompanham a cantora e atriz e um grupo instrumental da cidade, selecionado e ensaiado pela maestrina Fabrícia Piva.

Bibi, hoje com 92 anos e em plena atividade, é filha do ator Procópio Ferreira, mas já frequentava a ribalta antes mesmo de integrar a companhia teatral do pai. Na década de 1990 esteve em destaque revivendo canções de Edith Piaf, ganhando o Prêmio Sharp e montando a ópera Carmen. Recentemente passou dois anos em turnê com Bibi – Histórias e Canções, espetáculo com repertório brasileiro eclético e óperas clássicas. É com ele que o Teatro CNEC Joinville começa suas atividades.

Características

• Capacidade de público: 640 pessoas (512 na plateia e 128 nos camarotes)
• Área do teatro: 4 mil m²
• Área do palco: 220 m²
• Boca de cena: 11m x 5,5m (com reguladores de boca)
• Altura do palco: 18m
• Cenotecnia e iluminação técnica: 32 varas contrapesadas
• Camarins: dois de estrelas e dois para grupos
• Área do foyer principal: 205m²