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Itapema FM  | 23/07/2014 06h58min

Grupo Corpo abre o 32º Festival de Dança de Joinville após 27 anos sem se apresentar no evento

Companhia mineira apresenta nesta quarta-feira dois espetáculos, Onqotô e Parabelo

RAFAELA MAZZARO  |  rafaela.mazzaro@an.com.br

São 27 anos que separam a última apresentação do Grupo Corpo em Joinville da que abrirá hoje o Festival de Dança. Um hiato em que profundas mudanças ocorreram para ambos os lados. Naquele quinto ano, o evento recém começava a adotar um modelo de curadoria e o Corpo também passava por suas transformações. O que a companhia dos irmãos Rodrigo e Paulo Pederneiras traz para a primeira noite da 32ª edição é fruto deste amadurecimento.
 
– Em 1987 nós ainda trabalhávamos sobre a música erudita. Era uma época em que não tínhamos uma linguagem própria, ainda éramos neoclássicos. A mudança para uma linguagem contemporânea e a identidade focada na brasilidade ocorreu somente dois anos depois – recorda o coreógrafo Rodrigo Pederneiras.
 
O reencontro entre o grupo mineiro e o público do Festival será pelos movimentos de Onqotô (2005) e Parabelo (1997), duas obras assinadas por Rodrigo, com composições de nomes de peso da música brasileira. Enquanto o segundo é Nordeste puro sob a trilha de Tom Zé e Zé Miguel Wisnikm, o primeiro caminha pela filosofia existencialista embalada pelas canções inéditas de Caetano Veloso e novamente Wisnik. As peças são resultado de parcerias que Rodrigo estabelece com os compositores desde 1992, quando passou a usar como regra canções originais em seus espetáculos – um processo de cocriação entre músico e coreógrafo.

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Embora não sejam os mais recentes do repertório, são uma boa amostra do trabalho desenvolvido há 39 anos pela companhia mineira dentro da cena contemporânea.
 
– Os dois são fortes e muito significativos. Sintetizam bem a linha do Corpo – afirma Rodrigo.
 
Atualmente o grupo trabalha com um repertório de 14 peças, mas já encenou mais de 30. A mais recente é Triz, que estreou no ano passado.

Trabalho Sólido

O Grupo Corpo é uma das poucas companhias não ligadas a instituições públicas a atuar por quase quatro décadas no Brasil. Grande parte do sucesso e a justificativa pela ausência de tantos anos no Festival de Joinville está na agenda: das 16 paradas previstas até o final deste ano, apenas seis serão pelo Brasil, incluindo as duas de Florianópolis (sexta e sábado, no Teatro Ademir Rosa).
 
As turnês internacionais ajudam o Corpo a manter o elenco de 22 bailarinos – alguns com mais de 10 anos de casa. A outra parte do financiamento vem da iniciativa privada.
 
– Contamos com uma estrutura pesada e metade do que mantém o grupo vem da bilheteria. Por isso, as viagens para a América do Norte e Europa são constantes – explica Rodrigo.
 
Depois da turnê pelo país, que passará também por Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro, os brasileiros embarcam para Luxemburgo, Inglaterra, País de Gales, Irlanda e Escócia.

Onqotô
 
A coreografia de Rodrigo Pederneiras foi criada em comemoração aos 30 anos do Corpo, completados em 2005. Leva música de Caetano Veloso e José Miguel Wisnik, com cenografia e iluminação de Paulo Pederneiras e figurino de Freusa Zechmeister.
 
Onqotô propõe uma discussão sobre a origem do universo. De um lado, a teoria Big-Bang, do outro, a frase de Nelson Rodrigues sobre o maior clássico do futebol carioca, segundo a qual se poderia inferir que o cosmos teria sido concebido sob o signo indelével da brasilidade: "O Fla-Flu começou 10 minutos antes do nada".
 
Com trilha composta de nove temas, é talvez o balé com mais incidência de movimentos de chão entre os criados por Rodrigo. A cenografia de Paulo desconstrói o espaço tradicional do teatro, abolindo as coxias e arquitetando um espaço côncavo urdido com tiras de borracha cor de grafite que, dispostas lado a lado em desenho curvilíneo, fundam um espaço cênico inovador que permite que as entradas e saídas de cena dos bailarinos se processem de (e por) qualquer ponto do palco ou dos bastidores do teatro.
 

Parabelo
 
Está no repertório do grupo desde 1997. Também tem coreografia de Rodrigo Pederneiras, com música de Tom Zé e Zé Miguel Wisnik, cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras, que assina ainda a iluminação, e figurino de Freusa Zechmeister.
 
O título do espetáculo é extraído da única letra presente na trilha, que tem inspiração sertaneja e transpiração contemporânea. Pontuado por alusões explícitas ao xaxado e ao baião, esbanjando jogo de cintura, marcação rítmica de pé, meia-volta e volta-e-meia, Parabelo é uma arrebatadora afirmação da força expressiva do bailado. É considerado o trabalho mais abrasileirado do coreógrafo mineiro.
 
Talentos formados no Bolshoi
 
Dois talentos saídos de Joinville integram o Grupo Corpo. Rafaela Fernandes (foto) e Yasmin Almeida foram alunas da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e hoje estão entre os 20 bailarinos que desembarcam para a abertura do 32º Festival de Dança.
 
Natural de Santos, Rafaela foi aluna do primeiro ano da instituição, em 2000, onde se formou em balé clássico e dança contemporânea. Ela chegou a integrar a Cia. Jovem do Bolshoi e em 2011 foi aprovada na audição para o Corpo.
 
– Dançar no palco do Centreventos é como voltar para casa, ainda sinto aquela ansiedade boa, aquela vontade de manter tudo certo, tudo perfeito para poder dançar da melhor maneira possível e deixar minha cidade feliz e satisfeita não só com o meu trabalho, mas com o do grupo todo.
 
Com a companhia mineira, Rafaela já fez turnês pelo Canadá, EUA, Colômbia, Espanha, França, Alemanha, Itália, Áustria, Tailândia, Singapura e Rússia.
 
– Trabalhar com os irmãos Pederneiras é incrível e desafiador. Fico impressionada como o trabalho deles é importante e como são interligados. Rodrigo com sua musicalidade e movimentações únicas dá vida aos bailarinos e Paulo com sua perspectiva e ousadia transforma o balé em espetáculo – afirma.

EM FLORIANÓPOLIS
O quê:
espetáculos Onqotô e Parabelo, do Grupo Corpo 
Quando: sábado às 21h e domingo às 19h 
Onde: Teatro Ademir Rosa (Av. Governador Irineu Bornhausen, 5.600, Agronômica, Florianópolis)
Quanto: R$ 120 inteira, R$ 60 meia-entrada e R$ 100 (Clube do Assinante). Vendas nos teatros Ademir Rosa e Álvaro de Carvalho (de segunda a sexta-feira, das 13h às 19h) e pelo www.blueticket.com.br

EM JOINVILLE
O quê:
abertura do 32º Festival de Dança de Joinville, com os espetáculos Onqotô e Parabelo do Grupo Corpo
Quando: quarta-feira, às 20h
Onde: Centreventos Cau Hansen (Av. José Vieira, 315, América, Joinville)
Quanto: entradas disponíveis para plateia 2 (R$ 90), plateia 3 (R$ 40), arquibancada 2 esq. (R$ 24), arquibancada 2 dir. (R$ 30). Participantes, estudantes, idosos e portadores de deficiência têm direito a meia-entrada. Vendas no Centreventos, na bilheteria móvel que circula pelos bairros (e garante o desconto de 20% para a Mostra Competitiva) e pelo www.ticketcenter.com.br

A NOTÍCIA
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

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