Itapema FM | 15/07/2014 17h55min
Antes de os espectadores entrarem no palco, os bailarinos da companhia Cena 11 começam um ritual para se concentrar para os próximos 50 minutos. Entre abraços e palavras carinhosas, eles aguardam as últimas instruções do diretor e coreógrafo Alejandro Ahmed. De todos os recados, um é para lembrá-los sobre o porquê de estarem ali: “Quanto à dança, espero que vocês se divirtam”, diz.
O horário da estreia não é o mais comum de todos. Marcado para as 15h de uma terça-feira, a apresentação começou pontualmente com cerca de 40 espectadores. A plateia é integrada ao palco em simples, mas modernos, bancos de papelão, ajeitados formando uma estrutura em heptágono, e os bailarinos possuem uma cadeira nos vértices desse polígono como ponto de apoio, basicamente para troca de acessórios do figurino.
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A dança não é coreografada. O corpo é experimentado por meio dos diferentes estímulos disponíveis para os bailarinos, internos e externos a eles. De certa forma, é uma dança que versa sobre permitir seu corpo ser sincero. Somos tão habituados a mexer-se que, quando pensamos sobre essas questões, vemos como somos automatizados – seja por nossa cultura, seja por um desinteresse nessa habilidade do movimento.
Desde o início da apresentação, somos instigados a questionar o nosso papel na sociedade, as relações humanas e o lugar do ‘eu’ nessas interações. Os sete bailarinos são equipados com sensores de proximidade, semelhantes ao instalados em alguns carros, que apitam conforme eles se movimentam e se aproximam uns dos outros. Em alguns momentos essa proximidade é sentida como a intimidade de ouvir o coração do próximo batendo em seu ouvido. Em outros, ela nos lembra do barulho que pode causar a invasão na privacidade do outro.
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O som e a iluminação se casam à dança de forma que eles todos são apenas uma coisa só. E quando um deles não está ali, sua ausência torna latente essa ligação entre eles.
Além de um final realmente intrigante, o que fica do espetáculo é a lembrança da fragilidade das relações humanas e um conjunto de reflexões: o limite de nosso corpo é onde está nossa pele? O que acontece quando esse espaço é ultrapassado? Em que espaço acontece as nossas interações com os outros?
Agende-se
O quê: Monotonia de Aproximação e Fuga para 7 Corpos
Quem: Grupo Cena 11
Quando: quarta e quinta-feira, às 15h e às 21h
Onde: Teatro Pedro Ivo (Rodovia SC-401, Km 5, 4600, Saco Grande, Florianópolis)
Quanto: Gratuito. Ingressos devem ser retirados com uma hora de antecedência da sessão
Mais informações: (48) 3665-1630
Bailarinos são equipados com sensores de movimento que apitam conforme se aproximam
Foto:
Betina Humeres
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