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Itapema FM  | 05/07/2014 07h05min

A realidade virtual vem aí

Apontada como a nova tendência da indústria dos jogos eletrônicos, a realidade virtual começa a ganhar corpo. Previsões indicam que a novidade pode chegar ao mercado até o ano que vem

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

No princípio, era o joystick, de haste comprida e botão único. Depois, vieram mais botões, a alavanca achatou e o fio desapareceu. O passo seguinte foi libertar as mãos e passar o controle para o restante do corpo. Agora, pelo menos no que depender da realidade virtual, os videogames devem assumir definitivamente um lugar em que sempre estiveram: a cabeça dos jogadores.

A realidade virtual tornou-se a nova aposta da indústria do entretenimento eletrônico. Facebook e Sony lideram essa corrida, com o desenvolvimento do Oculus Rift e do Projeto Morpheus, respectivamente. Embora previstos para chegarem ao mercado entre o final deste ano e o começo de 2014, no entanto, eles devem demorar um pouco mais até entrarem de vez na casa dos jogadores.

– É preciso aperfeiçoar os aparelhos, tornando-os confortáveis e disponíveis a um preço razoável – aponta Ludwig Kietzmann, editor-chefe do site americano Joystiq, especializado na indústria de games. – Uma boa variedade de jogos também é importante.

Presidente da Sony Computer Entertainment, Shuhei Yoshida disse ao site Polygon que é preciso duas coisas para o Morpheus virar  o presente mais cobiçado do Natal: ser uma plataforma excelente e ter um conteúdo excelente.

O anúncio da corrida pela realidade virtual foi oficializado em março, na Game Developer’s Conference, em San Francisco. Na ocasião, Sony e Facebook anunciaram seus projetos, seguidos pela Microsoft – que, na figura de um dos cabeças da divisão de games da empresa, Phil Spencer, confirmou estar trabalhando com a tecnologia para o seu XBox.

– Videogames estão muito ligados ao avanço tecnológico, e sempre há demanda para novas maneiras de jogá-los. A realidade virtual é um caminho bem interessante para quem deseja viver experiências por meio de seus personagens prediletos ou explorar lugares desconhecidos – comenta Kietzmann.



Momento é propício para a nova tecnologia

Essa vontade de entrar dentro do jogo é antiga. Nos anos 1990, Nintendo e Sega tentaram pela primeira vez fazer da realidade virtual uma aposta comercialmente viável, mas a tecnologia incipiente tornou seus Virtual Boy e Sega VR fracassos retumbantes. Esteban Clua, professor da Universidade Federal Fluminense e coordenador do UFF Medialab, aponta que o atual momento é mais propício tecnologicamente:

– Os dispositivos hoje são mais confortáveis e incorporaram o uso de acelerômetros, que agora é algo trivial, todo celular tem, mas que, no passado, era caro e impreciso. O uso de acelerômetros incorpora aos headsets a capacidade de serem sensíveis a movimentos da cabeça, criando uma sensação de imersão muito superior à de simples projeções em 3D.

Richard Wordsworth, jornalista britânico que cobre a área de games para diversas publicações, aponta que nem todo o crédito pode ser dado ao avanço tecnológico. Para ele, o fato do desenvolvimento de jogos ser mais fácil e acessível hoje contribuirá de maneira decisiva para este novo momento da indústria dos games.

– Você não precisa mais de milhões de dólares para fazer um jogo de sucesso, basta ver títulos como Minecraft e Day Z. Esse cenário permite que hoje pequenas equipes trabalhem em games com realidade virtual, recebendo apoio de companhias como a Oculus – cita Wordsworth.

Tão longe, tão perto

Em franco desenvolvimento, os dispositivos de realidade virtual ainda não têm datas oficiais para chegar ao consumidor, mas as previsões são otimistas. Esteban Clua, professor da Universidade Federal Fluminense e coordenador do UFF Medialab, arrisca pelo menos duas:

– O Oculus Rift, do Facebook, deve chegar ao usuário final no segundo semestre, e o Projeto Morpheus (da Sony), no fim do ano ou início do ano que vem.

Shuhei Yoshida, presidente da Sony Computer Entertainment, em entrevista ao site Polygon, é mais prudente. Segundo ele, o Morpheus é bom, mas precisa ser excelente para chegar às lojas.

O  que  você  vai  jogar  em  casa

Simuladores
Segundo o Richard Wordsworth, jornalista britânico especialista em games, os jogos que colocam o jogador dentro de carros de corrida, robôs gigantes e naves espaciais devem ser os primeiros a chegar ao consumidor.

– Se você pensar que a maioria das pessoas joga sentada, então é em um cockpit que elas terão sua dose extra de imersão – diz.

Tiro em primeira pessoa

– Jogos de tiro em primeira pessoa são os que fazem mais sentido em um primeiro momento, dando a você uma nova perspectiva visual – opina Ludwig Kietzmann, editor-chefe do site americano Joystiq.

Wordsworth, no entanto, aponta que games na linha de Call of Duty, no qual o jogador banca o soldado correndo para todos os lados em meio a tiroteios, precisarão de mais investimento para serem plenamente usufruídos:

– Existe um dispositivo chamado Omni Treadmill, que é basicamente uma esteira que te faz caminhar fisicamente e então traduz esse movimento para o personagem no jogo. É uma alternativa – acredita.

Terror
Games de gelar o sangue também poderão se beneficiar da realidade virtual, aposta Wordsworth:

– O cenário indie tem feito coisas incríveis para o gênero do survival horror, como Amnesia – The Dark Descent, Amnesia – A Machine for Pigs e Outlast. O novo jogo da série Alien, o aguardado Isolation, recebeu suporte para o Oculus Rift. Se você é um fã de horror, então os jogos de realidade virtual vão lhe proporcionar experiências que nem mesmo os filmes foram capazes.

SEGUNDO CADERNO
Jonathan Alcorn / Reuters

Jogador testa “Street Luge” no Projeto Morpheus, da Sony, na Electronic Entertainment Expo, em junho
Foto:  Jonathan Alcorn  /  Reuters


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