Elza Soares está de volta com um novo show, em homenagem ao compositor gaúcho Lupicínio Rodrigues. "O recomeço de uma volta de onde nunca saí", frisa a cantora, famosa por sua voz rasgada, que já tem shows marcados para os próximos meses: em São Paulo, nos dias 10, 11 e 12 de julho; e no Rio de Janeiro, nos dias 22, 23, 29 e 30 agosto. As apresentações celebram o centenário de nascimento do compositor, cuja obra passeia por marchinhas de carnaval e sambas-canção; e transborda sentimentos - não à toa, Lupicínio foi o inventor do termo "dor de cotovelo". Faixas como Esses Moços, Nervos de Aço e Se Acaso Você Chegasse (o primeiro single lançado por Elza, em 1960) estão no setlist.

Foi justamente Se Acaso Você Chegasse que lançou a cantora ao estrelato. O samba ganhou arranjos de jazz e scats à la Louis Armstrong - e anos depois, em 1962, Elza viria a conhecer pessoalmente o próprio jazzista norte-americano, quando foi ao Chile representar o Brasil na Copa do Mundo da FIFA, como madrinha da seleção brasileira de futebol. Armstrong ficou impressionado com a voz da jovem Elza, então com 25 anos de idade. Casada aos 12 anos, mãe aos 13, viúva aos 21, a artista se tornou uma das grandes estrelas da música brasileira. Entre os casos contados por ela, os registrados em sua biografia oficial Cantando Para Não Enlouquecer e algumas informações mentirosas encontradas na Wikipédia, não dá para negar que Elza é uma mulher guerreira e sempre pronta para quebrar paradigmas. A discografia de Elza é tão vasta quanto os estilos musicais pelos quais transita. Entre sambas, bossas, boleros, tangos, marchinhas e tantos outros, são mais de 50 discos lançados, coletâneas e centenas de participações especiais pelo Brasil e pelo mundo afora. Mas se há um que "todo brasileiro deve escutar", segundo ela mesma, é Elza Soares - Baterista: Wilson das Neves (1968). Primeira mulher a puxar um samba na avenida, foi intitulada, nos anos 2000, a "cantora do milênio" pela BBC de Londres.
 
Após a recuperação de uma cirurgia que a afastou da agenda de shows por alguns meses, a artista gosta de dizer: "Ainda bem que tive que operar a coluna e não a garganta." Sua voz segue inconfundível. Já a cicatriz nas costas deve ficar à mostra nos espetáculos - assim como uma tatuagem de rosa no ombro, que Elza fez em homenagem ao amigo Lupicínio.