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Itapema FM  | 01/07/2014 11h53min

Escritora Ruth Ozeki lança no Brasil o livro "A Terra Inteira e o Céu Infinito"

Obra traz uma trama que mistura física quântica, tecnologia, religião, ecologia e multiculturalismo num texto de entretenimento total ao leitor

Atualizada em 02/07/2014 às 09h00min Laura Coutinho  |  laura.coutinho@revistadonna.com

Em tempos de bombardeio visual, encontrar um livro que ative a concentração total nos convencendo que, sim, ainda é possível esquecer do Whatsapp, Instagram e e-mail por longas horas, é recompensador. Quem leva os louros é Ruth Ozeki, autora de A Terra Inteira e o Céu Infinito, que chega ao Brasil credenciado como finalista do Man Booker Prize de 2013 e pela tradução em 35 línguas.

Talvez um dos artifícios para o envolvimento do leitor, predicado que virou ouro, venha do ativo de envolvê-lo como um terceiro personagem na trama cujas protagonistas são Ruth, uma escritora que mora em uma ilha no Canadá (o alter ego da própria autora do livro), e Naoko, adolescente japonesa cuja história se desenrola no diário encontrado por Ruth na beira da praia. A exemplo do que Italo Calvino já fez em Se um Viajante Numa Noite de Inverno, o livro promove uma viagem pelo mundo do processo da leitura e da escrita apostando num lúdico jogo de metalinguagem.

Quando a escritora Ruth encontra o diário de Nao e começa a lê-lo, duas histórias paralelas e separadas, nao se sabe por quanto tempo e espaço, se cruzam. No diário, escrito com uma objetividade cortante, está a vida da frágil e perspicaz Naoko, adolescente japonesa que sofre bullying na escola e assiste às tentativas de suicídio do pai desempregado. Já Ruth é uma escritora de sucesso que encontra um bloqueio criativo na entediante ilha onde vive. Ambas usam a escrita como uma espécie de estratégia de sobrevivência. O olhar carinhoso da autora para suas duas personagens principais é a garantia do engajamento emocional do leitor com a trama, outro grande trunfo do livro.

Em A Terra Inteira, Ozeki, uma monja budista com outros dois livros premiados (sem tradução para o português), mistura física quântica, tecnologia, religião, ecologia e multiculturalismo no cenário-tríade EUA, Japão e Canadá. Pode parecer uma mistura esquisita mas o livro é garantia de entretenimento de qualidade sem deixar de lado uma investigação sobre o propósito da vida e o futuro, explorando temas-chave da filosofia e do budismo como a definição de tempo, espaço e lugar. Em certo trecho, o pai da adolescente japonesa, vítima de bullyng não apenas na escola como nas redes sociais, descreve: "Naoko inventou uma teoria engraçada sobre a existência que ela chamou de Muyu (não-ser, em japonês). Ela diz que Muyu é o novo Yu (ser, existência, o antônimo de Mu). O conceito é inovado. Ela diz que o anonimato é a nova celebridade. Que a nova expressão máxima do cool é não obter resultados de busca para o seu nome. Nenhum resultado assinala a dimensão profunda da sua não-fama, porque a verdadeira liberdade vem de ser desconhecido." Profético.

DIÁRIO CATARINENSE
Kris Krug / Divulgação

A escritora Ruth Ozeki: viagem existencial emoldurada por um texto envolvente
Foto:  Kris Krug  /  Divulgação


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