Notícias

Itapema FM  | 26/06/2014 14h48min

Escola Municipal de Ballet comemora 40 anos com muitas lembranças em Joinville

Cláudia Morriesen  |  claudia.morriesen@an.com.br

Quem passou pela sala 11 da Escola Municipal de Ballet pode não partir depois para a carreira artística, mas deixa esta e as outras salas de dança da Casa da Cultura com noções de disciplina, educação e muitas saudades. Em 2014, a escola completa 40 anos de criação em Joinville, e comemora com duas noites de espetáculos de alunos.

Durante boa parte deste período, a Escola Municipal de Ballet foi o centro da efervescência da dança na cidade. Foi ali que surgiu o Festival de Dança, no início dos anos 1980, quando o coordenador da EMB Carlos Tafur sugeriu sediar um evento de dança à diretora da Casa da Cultura, Albertina Tuma — e foi, durante muitos anos, a central de coordenação do Festival.

Além disso, como principal escola de dança da cidade até a chegada da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, era na Escola Municipal que formavam-se os grandes bailarinos de Joinville e para onde vinham grandes mestres da dança, como os coreógrafos Jair Moraes e Arnaldo Bastos. Foi ali que, por muito tempo, durou a chama da esperança de Joinville ganhar uma companhia de dança municipal.  

Atualmente, cerca de 250 pessoas, de crianças a adultos, fazem aula na Escola Municipal de Ballet. Mantida em parceria com a Prefeitura Municipal de Joinville, a instituição é garantia de dança acessível a todos, pelos valores baixos da mensalidade e pelos programas de extensão.

Nem sempre foi assim. Ainda nos anos 1980, quando Joinville contava com inúmeras escolas de dança, a Escola Municipal era vista como um lugar dos bem nascidos, com alto poder aquisitivo.

— Era uma mentira, um preconceito, porque não era desse jeito. Mas o que ficava interessante é que ela acabava reunindo várias tribos — afirma Marcos Sage, que tornou-se aluno em meados dos anos 1980 e é professor de balé da escola há 24 anos.

Uma data para comemorar

A Escola Municipal de Ballet não tem os registros do dia em que ela foi oficialmente criada, por isso não há uma data exata para comemorar. Na dúvida, a festa ocorre na metade do ano, em dois dias. E ela é organizada por alguém que estava presente nas salas de aula desde o início da trajetória: Elizete Demonti, a coordenadora da EMB desde o ano passado, entrou na escola quando ela contava dois anos de existência.

— Entrei como aluna aos sete anos e não saí mais. Agora, sou professora há mais ou menos dez anos — conta Elizete.

Para ela, são vários os méritos da escola. Além de ser pioneira em balé clássico em Joinville e criadora do Festival de Dança, ela forma alunos não só pensando em criar bailarinos, mas cidadãos com noções de disciplina.

— Como somos uma instituição pública, não temos seleção de alunos, aceitamos todos os tipos físicos. Os alunos tem aulas teóricas, além das práticas, por mensalidades acessíveis — salienta.



Época de Ouro


O produtor Darling Quadros entrou na Escola Municipal de Ballet em um momento que pode ser chamado de época de ouro da instituição. Era 1996, quando Jair Moraes ainda estava entre os professores e o Grupo Experimental estava no auge.

— Eu tinha 16 anos e foi, com certeza, a alavanca na minha carreira. Viajamos o Brasil inteiro e tínhamos cursos com professores e coreógrafos de destaque. Vinham mestres cubanos, russos e mesmo os brasileiros para dar aula na Escola Municipal —  recorda.

Cerca de quatro anos depois, Darling viajou para a Europa para continuar a formação na dança. O professor Marcos Sage relembra este momento com orgulho.

— O Darling não tinha o perfil físico para bailarino e pensou em desistir. Mas tentei mostra a ele que não precisava disso para se manter na dança, que havia outros caminhos — diz.

Atualmente, Darling é responsável por exposições fotográficas de grandes bailarinos e de eventos de balé clássico na cidade, como o projeto Aplauso.  



Confira o depoimento de ex-alunos da Escola Municipal de Ballet de Joinville:



Ingressei na Escola Municipal de Ballet em 2002, para fazer aulas com o professor e coreógrafo Marcos Sage. Foi na EMB que obtive minha maturidade artística e o Marcos foi meu grande mestre. Devo muito a esta instituição de ensino, vivi lá os melhores anos da minha vida. Na época, os alunos mais velhos dançavam no Ballet Experimental — dançávamos em diversas cidades, principalmente Neo Clássico e Contemporâneo.

Graças as oportunidades vividas na EMB pude me tornar coreógrafo e produtor cultural. Marcos Sage, certamente é um dos grandes nomes da arte catarinense, formou diversos bailarinos e bailarinas. Sua eficiência e rigidez enquanto mestre foi fundamental para nos formar enquanto cidadãos.

Sai da EMB em 2004 para dançar profissionalmente na Cia de Danças de Diadema. Até hoje faço visitas a escola e tento colaborar, sempre que posso, nos projetos e atividades da Escola.

Deivison Garcia é mestrando em performance artística-dança pela Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa (FMH-UTL). Atualmente, assina a produção executiva do evento A Noite É uma Criança – Mostra de Dança Infantil de Joinville e é diretor artístico da UMA Cia. de Dança, de Florianópolis; e da Escola Príncipes do Samba, de Joinville.




A Escola Municipal de Ballet de Joinville teve grande importância na minha formação como bailarina e como aspirante das artes. Antes mesmo de dar os primeiros passos no ballet, aos cinco anos, estudava na escolinha de artes da Casa da Cultura e espiava as meninas que passavam devidamente vestidas pras aulas de ballet. Nos meus intervalos, corria pra janela da sala de aula delas pra assistir a aula. Até que um dia a professora Daniela, que depois veio ser minha professora, me convidou para entrar na sala.

No ano seguinte, minha mãe me inscreveu nas aulas de ballet e a Escola Municipal foi quem me preparou para o mundo da dança e das artes, pois anos depois ingressei na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil e segui meus estudos na faculdade de Artes Cênicas na UDESC. Hoje, sou professora de ballet e teatro e sou muito grata à esse espaço cultural que Joinville tem a sorte de ter, grata também aos professores de ballet Marcos Sage e Daniela e às professoras da Escolinha de Artes. Meus parabéns à Escola Municipal de Ballet, que seja mais um de muitos anos!

Ana Carolina Leimann é formada em artes cênicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e, atualmente, é professora na Company Ballet, em São Paulo.

A NOTÍCIA
Arquivo A Notícia / Agencia RBS

Foto de julho de 1992 mostra uma turma na sala 11, a mais simbólica da trajetória
Foto:  Arquivo A Notícia  /  Agencia RBS


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.