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Itapema FM  | 03/06/2014 19h35min

Sala do maestro Tibor Reisner permanece trancada em Joinville

Fechada por 18 anos na Sociedade Harmonia-Lyra, promotoria decide que ninguém entrará no recinto até que seja agendada visita técnica para apurar condição dos materiais

Luiza Martin  |  luiza.martin@an.com.br

No fundo do palco da Sociedade Harmonia-Lyra e da memória, uma sala guarda o esquecimento da história de um dos maestros de Joinville. Tibor Reiner, da extinta Orquestra Filarmônica Harmonya-Lyra, morto em 1999, deixou partituras, roupas de apresentações e fotografias que precisam ganhar um novo destino a ser definido pela 15º promotoria do Ministério Público (MP). Diante dos materiais esquecidos há 18 anos, a promotora do MP Simone Schultz decidiu, nesta terça-feira, manter a porta fechada até que seja formado um grupo e agendada uma data para vistoria técnica.

Chavear o local vai fazer com que os objetos não se dispersem ainda mais e só sejam manuseados por pessoas tecnicamente habilitadas. A sala do maestro Tibor foi redescoberta durante o processo de extinção formal da Fundação Musical Harmonia-Lyra (Fundahly), instaurada no MP em 2013. A promotoria tenta descobrir onde estão todos os objetos da fundação, de instrumentos musicais a partituras para então redistribuí-los a entidades que tenham finalidades similares às da Fundahly.

Ao visitar pela primeira vez as salas ao fundo do palco, a promotora Simone ficou impressionada com a deterioração, tanto da sala do maestro quanto daquela onde ficavam armazenados os instrumentos musicais. Eles já foram distribuídos, de acordo com o presidente da Fundahly, Ivo Birckholz, para a Casa da Cultura e para a orquestra do Corpo de Bombeiros.

— Não poderia ter chegado a esse ponto — lamentou a promotora olhando para a sala vazia de instrumentos e se dirigindo para o ambiente onde trabalhava o maestro — Tem gente que daria tudo pra levar isso pra casa — apostou ela ao admirar as prateleiras cheias de partituras.

Sem dinheiro para continuar ativa, a orquestra minguou e seu derradeiro fim coincidirá com o da Fundahly.

— Fazer o que com a fundação? — questionou Ivo — Não tem dinheiro pra montar uma orquestra hoje.

A maestrina Fabrícia Piva, da recém-criada orquestra Cidade de Joinville, vive a música desde os 6 anos e briga há 18 pela abertura da sala e conservação dos instrumentos e da história da extinta filarmônica.

— A Fundahly tem todo o instrumental desejado para uma sinfônica profissional - constatou ela, que gostaria de ver os instrumentos todos reunidos não só para a nova orquestra — Quero que o Harmonia seja um centro para outros grupos utilizarem - desejou ela.

Piva assumiu informalmente compromisso com a promotora Simone. A maestrina liderará o estudo técnico dos instrumentos, documentos e de outros objetos presentes na sala do maestro Tibor, para quem ela trabalhava fazendo cópias de partituras, aos 15 anos. Abrirão a sala para fazer o relatório técnico junto de Fabrícia, um representante do MP, um da Fundahly e outro especialista do Arquivo Histórico de Joinville, que ainda será convidado para ajudar a separar os materiais que ainda podem ser guardados.

O retorno do MP à sala de Tibor deve acontecer em 40 dias, caso o relatório técnico do estado dos objetos esteja finalizado. Mas a promotora tem pressa em fechar o processo até agosto de 2014, sabendo qual o destino de cada objeto.

— Me sinto até culpada — disse Simone diante da situação de esquecimento.

— Não se sinta. Foi um susto grande para todos — comentou o presidente da Sociedade Harmonia-Lyra Álvaro Cauduro.

— Não tem culpado nessa história — concluiu Ivo.

Diorgenes Pandini / Agencia RBS

Presidente da Sociedade Harmonia-Lyra, maestrina da Orquestra Cidade de Joinville e promotora do Ministério Público conversam dentro da sala do maestro Tibor
Foto:  Diorgenes Pandini  /  Agencia RBS


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