Se mais da metade da população da região Sul do Brasil prefere ficar em casa ou simplesmente não fazer nada a participar de alguma atividade cultural, paradoxalmente somos os que mais frequentam programas como ir ao cinema, ao teatro ou lê por prazer. As informações são da pesquisa inédita realizada pelo Sesc, em parceria com a Fundação Perseu Abramo, sobre hábitos culturais dos brasileiros. Apesar de o Sul ter índices na média nacional ou acima dela, os números ainda deixam a desejar em todo o Brasil e revelam outro lado dos nossos costumes: shopping Center é uma das atividades preferidas dos sulistas. Dados completos da pesquisa foram,apresentados na última terça no seminário Públicos de Cultura: hábitos e demandas, em Florianópolis.

A pesquisa foi realizada em setembro de 2013 com o objetivo de mapear os hábitos e práticas artístico-culturais dos brasileiros. Das 2, 4 mil pessoas entrevistadas em 25 estados, por exemplo, mais da metade (57%) nunca havia assistido a uma peça num teatro. No Sul do Brasil o número cai um pouco, mas não chega a ser animador: 50%. O índice chega a 71% quando se trata de exposições de arte em museus na média nacional e cai para 59% na média do Sul.

A pesquisa é ampla e os questionamentos abordam desde as preferências por locais para fazer atividades culturais, até os tipo de leitura, música e filme preferidos. Os resultados foram apresentados por regiões.

- No Sul, o destaque é para a predileção por cinema (14%), que é praticamente o dobro da média nacional, de 7%. Já shopping é um fenômeno nacionalizado, porque representa algo maior e envolve questões como segurança - explica Gustavo Venturi, doutor em Ciência Política responsável pela pesquisa.

O pesquisador Gustavo Venturi também destaca as razões dadas pelos entrevistados para não frequentarem determinados eventos culturais, como teatro, shows, espetáculos de dança e circo, entre outros. Em todas as regiões, as três principais respostas são: "não gosto", "não tem na cidade" e "não tenho o costume".

- Se as pessoas não têm acesso a esses eventos, vale refletir para onde as políticas públicas estão mirando. E se as pessoas não têm costume, isso remete à trajetória delas, que começa na educação - analisa.

Segundo ele, em razão da mobilidade social elevada atual, a disparidade de escolaridade entre jovens e seus pais aumenta.

- Se não se pode esperar da família o estímulo à cultura, aumenta a responsabilidade das políticas públicas, principalmente na educação - complementa.

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