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Itapema FM  | 02/06/2014 10h02min

"Setenta" trata dos 70 presos políticos libertados em troca do embaixador suíço sequestrado em 1970

Com direção de Emília Silveira, documentário integra leva recente sobre os anos de chumbo

Roger Lerina  |  roger.lerina@zerohora.com.br

A ótima safra recente de documentários brasileiros está bem representada nas telas da Capital por dois títulos que falam sobre os anos de chumbo da ditadura: Os Dias com Ele, de Maria Clara Escobar, e Setenta, de Emília Silveira.

A princípio, o filme de Emília sobre os 70 presos políticos libertados em troca do embaixador suíço sequestrado no Brasil em 1970, em cartaz no Espaço Itaú 8, lembra outro bom doc nacional: Hércules 56 (2006), de Sílvio Da-Rin, a respeito dos militantes esquerdistas soltos por conta do rapto do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick em 1969. Porém, ainda que nunca perca de vista o contexto histórico, Setenta aos poucos define seu verdadeiro foco: mostrar como a luta armada, a prisão, a tortura e o exílio marcaram profundamente as vidas dos 18 entrevistados e de seus familiares.

– Fomos decupando as 80 horas de gravação, e os personagens foram tomando conta da gente. Tivemos que fazer uma opção: ou fazíamos um filme mergulhando nessas vidas ou contávamos a história do sequestro. Eu não queria fazer um filme ilustrativo, de resgate de imagens, mas um filme no tempo presente, em que o passado vem pelas impressões causadas nesses personagens – explica Emília em entrevista por telefone a Zero Hora.

Diretora e roteirista de documentários e de programas para TV, Emília trabalhou como repórter e editora-chefe em veículos como Jornal do Brasil, O Globo e TV Globo, tendo inclusive conquistado um Prêmio Esso de Jornalismo. Antes, no final dos anos 1960, integrou o PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) e ficou presa no Rio entre 1970 e 1972.

– Fazer um filme assim 40 anos depois é como mexer com um gigante adormecido. Eu não queria me botar no filme. Deixei um pouco para as pessoas intuírem a minha presença. Sou ex-presa política, fui casada com o Marcão (Marco Maranhão, um dos militantes entrevistados). Comecei esse filme falando com ele sobre esses personagens. Como eu estava nessa vivência, chamei a Sandra Moreyra porque queria um olhar de fora – diz a realizadora, referindo-se à roteirista de sua estreia no cinema.

Para além do registro documental de uma época de enfrentamentos e radicalismos, Setenta é uma emocionante compilação de depoimentos carregados de dor e paixão, em que convicção ideológica, autocrítica e até humor matizam a visita dos personagens a suas memórias de episódios e companheiros do passado.

Serviço: SETENTA

De Emília Silveira
Documentário, Brasil, 2013.
Duração: 96min.
Classificação: 12 anos.
Em cartaz no Espaço Itaú 8. Confira os horários no site do Espaço Itaú.

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Ex-preso político René de Carvalho é um dos personagens do longa-metragem
Foto:  Primeiro Plano  /  Divulgação


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