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Itapema FM  | 31/05/2014 08h02min

Twtich cresce e chama a atenção de gigantes da internet

Voltado para a transmissão de jogos de videogame, serviço de streaming com milhões de usuários está na mira do Google

Gustavo Brigatti  |  gustavo.brigatti@zerohora.com.br

Fanáticos por esportes ligam na ESPN ou no SporTV. Cinéfilos vão ao Telecine e congêneres. Amantes de música e cultura pop variam entre MTV e VH1. Já os gamers desligam a TV e ligam o computador no Twitch, canal da web exclusivo para transmissão de partidas de videogame e que reúne milhões de entusiastas dos jogos eletrônicos. Mas eles não são os únicos de olho na tela.

Na semana passada, veio a público a notícia de que o Google estaria negociando a compra do Twitch por US$ 1 bilhão. O episódio jogou luz sobre um serviço até então desconhecido do grande público, mas que agrega uma audiência em torno de 45 milhões de pessoas por mês – um número que parece ter aguçado o interesse da empresa que já possui o maior agregador de vídeos da internet, o YouTube.

O Twitch surgiu a partir do Justin.tv, portal criado em 2007 para compartilhamento e exibição em tempo real de vídeos de toda natureza. Mas, em 2011, a quantidade de gente transmitindo (e assistindo a) partidas de videogames era tão grande que os donos do site decidiram criar um espaço exclusivo para esse fim. Lançado em junho daquele ano, o serviço foi rapidamente adotado pelos simpatizantes do e-sport, que elegeram o Twitch o canal oficial para transmissão de partidas amadoras e campeonatos oficiais.

A entrada de grandes títulos do e-sport, como League of Legends, Dota 2 e StarCraft, ajudou na popularização do canal, que acabou atraindo jogadores de outros gêneros e sites de games que passaram a utilizar o Twitch como plataforma para todo tipo de evento, de resenhas de lançamentos a debates. Esse foco – inexistente em outros serviços de vídeo – é uma das chaves do sucesso do Twitch.

– A audiência do Twitch é aquela que busca, antes de mais nada, uma comunidade ao redor de um jogo, 24 horas por dia, sete dias por semana – aponta Esteban Clua, professor da Universidade Federal Fluminense e coordenador do UFF Medialab. – Claro que alguns torneios e comunidades postam há anos vídeos em tempo real de campeonatos e jogos, mas o Twitch organiza isso de forma primorosa.

Hoje, o Twitch contabiliza mais de um milhão usuários que geram conteúdo inédito – só no ano passado, foram seis milhões de vídeos. Nos EUA, o serviço está em quarto lugar no tráfego de dados na internet, à frente de gigantes como Facebook e Amazon.

Para André Pase, desenvolvedor de jogos e professor de Comunicação Digital na PUCRS, o interesse do Google em comprar o Twitch é mais do que justificado:

– O Google já possui o YouTube, maior espaço para publicação de vídeos, digamos, normais. Com o Twitch, ele teria o controle dos vídeos de quem joga videogame e, principalmente, do meio por onde as pessoas acompanham o e-sport, uma cultura que vem crescendo muito. A notícia da compra ter virado pauta em todos os veículos de comunicação indica o tamanho e a importância do Twitch.

FORÇA QUE VEM DO E-SPORT

A comunidade do e-sport foi a grande responsável por fortalecer o Twitch, ao mesmo tempo em que é graças ao Twitch que o e-sport está se tornando tão popular. É seguro dizer que um não pode mais existir sem o outro – mais da metade da audiência do canal vem de gente assistindo a partidas de games competitivos. E, em outubro passado, a maior parte das 32 milhões de pessoas que assistiram à final do campeonato mundial de League of Legends o fizeram via Twitch.

– Existem outros canais, claro, mas o Twitch virou referência em streaming, tanto para quem assiste quanto para quem faz – sentencia Whesley Holler, o Leko, jogador profissional de League of Legends da equipe CNB e usuário fiel do serviço.

Quando não está treinando ou competindo, Leko transmite partidas em seu canal no Twitch, onde é acompanhado por até 14 mil pessoas. Durante o streaming, que dura entre três e quatro horas, ele pode inserir propagandas e ganhar uma porcentagem da renda.

– O Twitch faz a parceria com você e repassa um valor de acordo com a quantidade de comerciais que você passa na sua transmissão.  Quanto mais pessoas estiverem assistindo e mais anúncios você veicular, mais fatura – explica Leko, sem entregar valores.

A presença do Twitch é tão forte no cotidiano de Leko e de outros jogadores que, mesmo em horário de folga, não desligam do canal:

– Às vezes, dou uma zapeada para ver transmissões de outros gêneros de games. Mas também é legal deixar uma partida de League of Legends rolando num churrasco. É melhor do que ver TV.

MUITO MELHOR DO QUE VER UM JOGO DE FUTEBOL

Felipe Costa
felipe.luis@kzuka.com.br

Em uma tarde de quarta-feira, o estudante Rafael Cocolichio, 15 anos, recebeu amigos para ver TV na sua casa. Mas, desta vez, não foi para assistir a uma partida de futebol, e sim a jogos de videogame. A pedido do Kzuka, ele reuniu a turma para uma sessão coletiva de um dos passatempos preferidos de cada um deles: ficar, em média, duas horas por dia vendo transmissões ao vivo de disputas de guerra, esportes ou estratégia no portal Twitch.

Todos têm o mesmo sonho: tornar-se um jogador profissional. Em vez de Neymar e companhia, os ídolos são outros: Rafael, por exemplo, quer ser como o paulistano Felipe Gonçalves, conhecido na rede como brTT. O principal jogador profissional de League of Legends do Brasil tem milhões de fãs e até marca de roupas.

O diferencial do Twitch é permitir a interação com os jogadores, que podem ser vistos em ação em uma segunda tela. E, como diz Rafael, brTT faz bonito, incentivando seu time e provocando os adversários. Esse tipo de interatividade, somado à chance de participar de um chat com competidores e fãs do mundo inteiro, é um dos motivos pelos quais a turma prefere assistir aos jogos pelo Twitch.

– É pelo Twitch que se vira fã do cara. Pelo YouTube, se veem os jogos, mas não ao vivo e conversando com os jogadores – resume Rafael.

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