Nos contos de fadas, poucas vezes há necessidade de se explicar os motivos pelos quais os vilões – bruxas, lobos, gigantes – cometem suas maldades contra mocinhos e mocinhas puros e ingênuos. Eles são maus e ponto. Agora, uma das mais terríveis personagens das histórias infantis ganha não só uma explicação, mas um filme inteiro focado nela. Com estreia mundial nesta quinta-feira, Malévola (nascido da adaptação de A Bela Adormecida da Disney para o cinema em 1959) chega à telona com o rosto de Angelina Jolie e um lado humano cheio de complexidades.

Ainda na infância, a vilã leva uma vida pacífica em uma floresta do reino. Além de conviver com as criaturas da natureza, tem uma forte amizade com o jovem Stefan que, assim como ela, divide-se entre ser humano e ser mágico. Um dia a invasão do exército ameaça a harmonia de sua terra natal e Malévola, ao assumir a posição de protetora da floresta, ainda se vê traída pelo amigo, que se casa com a filha do rei invasor. A traição custa não só a pureza dela, transformando seu coração em pedra, como ainda leva embora as asas com as quais se locomovia livremente.

Em 2012, ainda durante as filmagens, Angelina Jolie comentou como a versão atual lança um novo olhar sobre a personagem:

– Espero que, no fim, vocês vejam uma mulher que é capaz de ser muitas coisas. Não é porque protege a si mesma e é agressiva, que ela não pode ter outras qualidades. Você precisa entender o quebra-cabeça que ela é.



Esse lado sensível em meio a tanto rancor e desejo de vingança obviamente não a impede de lançar o feitiço contra a bebê Aurora na festa de apresentação da princesa, como na história original. Mas, se no desenho animado ela só queria despejar sua maldade contra aqueles que não a convidaram para o evento, agora atua de forma diferente e age com outras motivações.

Malévola vigia a menina enquanto esta, apesar de princesa, é criada na floresta, amando aquele lugar da mesma forma que ela amava – e percebe que Aurora pode ser a chave para a paz entre os dois reinos.

Fã da personagem desde a infância, Angelina Jolie surge como uma reencarnação da fada má deslumbrante que a Disney criou em 1959 já que, até então, a história da Bela Adormecida era contada sem dar destaque para a criadora do feitiço do sono eterno, que aparecia apenas no início do conto e não tinha nem mesmo um nome.



A jovem Elle Fanning assume o papel de Aurora, em uma presença quase angelical na tela, contrastando com a figura poderosa de Malévola. Assim, com os dois lados extremos em cena, a Disney consegue recontar um conto em que a unilateralidade não faz parte do mundo, seja ele real ou mágico.

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Na última década, o cinema — principalmente o americano — tem produzido inúmeras versões de contos infantis transpostos para filmes com atores de "carne e osso". Confira uma lista com os mais recentes: