Notícias

Itapema FM  | 22/05/2014 10h09min

Vitor Ramil: "Eu acho legal pensar no resto do Brasil olhando para cá e vendo o que nós estamos fazendo, reconhecendo isso"

O músico gaúcho, que se apresenta em Florianópolis neste domingo, falou à Itapema sobre seus lançamentos, o novo show, e a parceria com músicos brasileiros e latino-americanos

Marina Martini Lopes  |  marina.lopes@itapemafm.com.br

Vitor Ramil tem uma missão complicada: resumir em um show as 62 faixas contidas no songbook que leva seu nome, e que ele lança em Florianópolis neste domingo, dia 25, com um show no Teatro Ademir Rosa, do CIC (Centro Integrado de Cultura), às 21h. O espetáculo, na verdade, celebra um duplo lançamento - além do songbook, Ramil apresenta o seu novo álbum, Foi No Mês Que Vem; e conta para isso com a presença de dois artistas de suma importância em sua carreira: o percussionista brasileiro Marcos Suzano e o violinista e compositor argentino Carlos Moscardini. Por telefone, o músico gaúcho conversou com a Itapema sobre os dois lançamentos e o espetáculo que traz a Floripa. Leia abaixo.

Itapema: Como surgiu a ideia de fazer um songbook com as suas canções?
Vitor Ramil: Essa é uma ideia bem antiga, na verdade. Antiga mesmo: o projeto começou lá nos anos 90. A ideia foi do Vagner Cunha, que fez as minhas partituras. O projeto ficou parado durante todo esse tempo, mas eu acho que até foi bom, porque nesse intervalo eu lancei alguns dos meus trabalhos mais significativos, e aí eles também puderam entrar; o livro ganhou mais consistência. É até curioso eu estar lançando esse songbook, afinal eu nem sou tão célebre, e nem estou morto, né? (risos) Não é comum que um artista nessas condições tenha um songbook... Mas fica até como dica, como sugestão para outros artistas, porque é uma coisa que o público adora.

Itapema: E o disco? Eu li que Foi No Mês Que Vem reúne músicas que foram escritas em diferentes épocas, diferentes momentos, diferentes lugares... Como é isso?
Vitor Ramil: É que esse álbum surgiu para ser uma ilustração do songbook. Quer dizer, essa era a ideia inicial, né? Eu pensei em fazer um disco mais voz e violão, para lançar na mesma época que o songbook, e servir como uma ilustração da minha maneira de tocar, de trabalhar com as melodias. Mas o disco cresceu e acabou quebrando esse conceito. Eu tenho 17 convidados especiais no álbum, então ele ganhou muito mais o aspecto de uma grande celebração, um grande encontro - e não só entre mim e os outros músicos, mas entre mim e o meu público também, já que parte dele foi paga através de financiamento coletivo. Foram 856 pessoas de oito países diferentes contribuindo, o que foi muito legal.

Itapema: Em relação às participações especiais, você pensou cada caso e escolheu os artistas, ou tudo aconteceu de uma forma mais espontânea?
Vitor Ramil: Começou de um jeito espontâneo. Eu já tinha feito e estava fazendo muita coisa com o Carlos Moscardini, que vai estar comigo aí no show em Floripa; tinha muita música que nós tínhamos feito juntos e já estávamos apresentando em shows... Aí eu falei "Olha, vamos gravar, eu preciso registrar isso". E, depois que eu gravei com o Moscardini, a gente abriu uma porta, né? Quebrou aquela coisa do disco solo, e eu achei que não fazia sentido ter só o Moscardini como parceiro no meio de um monte de músicas solo. A partir daí eu comecei a pensar nas canções que eu já tinha escolhido para o álbum e em qual combinava com quem.

Itapema: Além do Carlos Moscardini, você já trabalhou com outros músicos internacionais, como o Jorge Drexler e o Fito Páez. Qual você acha que é a importância desse intercâmbio musical entre artistas latino-americanos?
Vitor Ramil: Bom, para mim a importância é também afetiva, já que eles são todos meus amigos. Mas também tem uma importância artística enorme, de aproximação cultural. Especialmente aqui no sul, nesse eixo Brasil-Argentina-Uruguai, em que nós estamos tão próximos geograficamente. O encontro é muito significativo: a gente se dá conta de quem é de que como temos traços culturais em comum. Eu acho legal pensar no resto do Brasil olhando para cá e vendo o que nós estamos fazendo, reconhecendo isso. Sem contar que eles todos são super talentosos: quando convido eles para algum trabalho, eu já sei que eles vão fazer coisas lindas.

Itapema: E a ideia do financiamento coletivo, que você usou pela primeira vez na carreira? Como foi a experiência?
Vitor Ramil: Eu nem conhecia isso. Um dia eu participei de uma reunião em que um dos tópicos foi o financiamento coletivo de shows - e eu saí de lá com essa ideia na cabeça. O meu público é muito próximo e muito fiel, e eu pensei que, no caso deles, poderia ser uma proposta muito interessante. Mas as nossas expectativas foram totalmente superadas. A gente teve muitas participações e uma repercussão grande até na imprensa tradicional, fora da internet. Eu sei que, quando a gente fez, o financiamento se tornou o mais bem-sucedido do Brasil na área de música. E não é só esse retorno numérico que é interessante, é a própria ideia do financiamento: o público deixa de ser só passivo, de receber o que os artistas propõe, mas se torna um agente de produção, participa do processo. Essa é o aspecto mais legal do financiamento coletivo.

Itapema: O show que você está trazendo a Floripa lança, ao mesmo tempo, o disco e o songbook. São 32 músicas no disco, que é duplo, e 62 partituras no songbook. Com tanta música, como é feita a seleção do repertório? O que o público vai ver e ouvir por aqui?
Vitor Ramil: Esse show varia muito, de acordo com o lugar, o tamanho do público, e, principalmente, os convidados. Em Floripa eu vou estar com o Carlos Moscardini e o Marcos Suzano, que são duas pessoas muito importantes na minha carreira. Eu faço uma parte com um, outra parte com outro... Mas o foco acaba ficando nos trabalhos que eu fiz com eles, mesmo.


Serviço
Vitor Ramil no show "Foi No Mês Que Vem"
Quando: Domingo, dia 25 de maio, às 21h
Onde: Teatro Ademir Rosa, do CIC (Centro Integrado de Cultura), em Florianópolis
Ingressos à venda no site Blueticket

ITAPEMA FM
Adriana Franciosi / Agencia RBS

Para a apresentação em Floripa, Ramil traz os músicos Marcos Suzano e Carlos Moscardini
Foto:  Adriana Franciosi  /  Agencia RBS


Comente esta matéria
Sintonize a Itapema em Florianópolis 98.7, em Joinville, sintonize 95.3

Grupo RBS Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2009
clicRBS.com.br • Todos os direitos reservados.