Valdenir Oliveira faz parte daquele grupo de bailarinos que, às vésperas de tornar-se adultos, ainda não podiam imaginar que seriam bailarinos profissionais. Aos 17 anos, deu os primeiros passos na dança, ainda na programação extracurricular da escola, em Rondonópolis, no Mato Grosso.

Agora, seis anos depois, parte de Joinville para Joanesburgo, na África do Sul, prestes a integrar a companhia profissional da maior cidade do país, o Joburg Ballet. Entre os dois momentos, ele cresceu dentro da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil.

O bailarino chegou na Joinville em 2009, aos 19 anos. Antes, tinha a experiência das aulas em uma academia patrocinada pela Fundação André Maggi, ainda em Rondonópolis.

Foi ela a porta de entrada para o Bolshoi, já que Valdenir participou da audição na cidade. A primeira mudança marcou o início da maturidade do jovem, que deixou a família e mudou-se sozinho para Joinville.

—Até os 18 anos, eu não fazia ideia de que seria bailarino. Eu gostava de dançar, mas era assim, em casa, com a família. Dançava forró e outras coisas populares—, afirma ele, que atualmente está com 23 anos.

No Bolshoi, cursou a sétima e a oitava séries de clássico e contemporâneo. Agora, a segunda mudança chega em um momento em que Valdenir alcançou todas as metas que poderia aqui.

Com a formatura no ano passado, ele foi selecionado para integrar a Cia. Jovem Bolshoi Brasil e ainda recebeu a proposta de tornar-se professor de danças populares.

—Isso muda muito não só o lado profissional, mas também o pessoal. Este ano dando aulas me fez crescer e, ao trabalhar com crianças e adolescentes, viver com eles a oportunidade que não tive, de dançar desde novo. Então, fico feliz por eles, pensando em como crescerão e se tornarão grandes bailarinos—, avalia.

O convite para integrar o Joburg Ballet chegou há um ano, mas Valdenir adiou o momento de mudança para amadurecer mais como bailarino. Mas, em março deste ano, o diretor Dirk Badenhorst entrou novamente em contato com ele via redes sociais e pediu que enviasse o currículo e vídeos com performances.

Foi com seus desempenhos no clássico La Bayadère e no contemporâneo Ariana que ele conquistou a diretoria da companhia e a vaga.

—É uma companhia nova, mas muito grande. Estou nervoso e ansioso, mas acho que, se está acontecendo, é porque preciso passar por esta fase—, afirma Valdenir, que parte para o novo desafio em 28 de maio.