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Itapema FM  | 08/05/2014 14h51min

Sepultura faz show em Florianópolis nesta sexta-feira

Depois de cinco anos, banda volta à Capital para apresentar no Floripa Metal II show do novo álbum, que é inspirado no filme "Metropolis"

Thomas Michel  |  thomas.antunes@horasc.com.br

Desde 2009 sem passar por Florianópolis, o Sepultura aterrissa nesta sexta-feira na cidade com a turnê de divulgação do álbum The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart, lançado em outubro do ano passado. As novas músicas fazem parte de um disco conceitual, baseado nas mesmas premissas de Metropolis – filme de 1927, dirigido por Fritz Lang e considerado um dos expoentes do expressionismo alemão – no qual os seres humanos perdem os sentimentos e se tornam robôs. Grande parte desta nova fase é de responsabilidade do jovem baterista Eloy Casagrande (ex-Gloria, ex-André Mattos). Em entrevista por telefone, o vocalista Derrick Green, falou sobre um pouco de tudo: álbum novo, Copa do Mundo, Florianópolis e até a mudança de visual – ele cortou os dreads que cultivava há 28 anos.

Como foi participar da composição de um álbum conceitual?
Acho que fizemos coisas diferentes. Nosso novo baterista, Eloy Casagrande, escreveu grande parte do álbum, imprimindo a atitude e o som dele. Também contou o fato de gravamos na Califórnia com o produtor Ross Robinson, que fez o álbum Roots (Ross não produzia um álbum do Sepultura há 18 anos). Tudo isso somou-se ao fato de que muitas coisas mudaram nas nossas cabeças em relação ao que queremos fazer. Então tudo foi diferente do que fizemos nos outros discos.

Você realmente acha que estamos virando rôbos, como no filme Metropolis?
Não, não...Acho que a ideia não era fazer uma trilha sonora para o filme ou algo assim. O que pensamos é que as pessoas estão ficando mais robóticas. Não possuem mais aquela paixão. Apenas repetem o que sempre fizeram, dia após dia. Isso meio que as afasta do verdadeiro sentido de ser humano, usando o coração e se entusiasmando com as coisas que querem fazer ou sobre o que querem ser.

Estamos ficando menos emocionais?
Exatamente. É tudo muito robótico. O álbum ficou meio obscuro de alguma forma, mas estávamos apenas escrevendo sobre coisas como o ambiente em que vivemos e como nos sociabilizamos. Acho que foi muito da nossa atitude que criou as letras desse novo álbum.

Como é trabalhar com um baterista que tem quase a metade da sua idade? (Eloy tem 23 anos, Derrick, 43)
 (Risos) É algo incrível. Acho temos muita sorte de tocar com o Eloy, ele é extraordinário, versátil, muito focado e talentoso. Na verdade, tem muita experiência, já que toca desde os sete anos. Ele é muito dedicado e extremamente apaixonado por tudo relacionado à música, em especial bateria. Fica muito fácil trabalhar dessa forma. Eloy já faz parte do grupo e muita gente percebe isso quando tocamos ao vivo. Ele adicionou um novo sentimento à banda, em especial ao novo álbum.

O Sepultura é famoso por sempre tocar com excelentes bateristas. Na sua opinião, quem é melhor: Eloy Casagrande, Iggor Cavalera (ex-Sepultura, agora no Cavalera Conspiracy), Jean Dolabella (ex-Sepultura, atualmente faz parte da banda Rockfellas) ou Dave Lombardo (ex-Slayer, que fez uma participação na música Obssessed, do novo álbum)?
(Risos) Claro que é Dave Lombardo, ele é incrível. Acredito que mesmo Eloy, Jean e Iggor concordam com isso. Todos os bateristas que toquei são excelentes e gosto da diversidade do que eles fazem e da personalidade que colocam na música. O que o Iggor toca, ninguém faz igual, o mesmo para Jean, Eloy e especialmente Dave. Sou muito sortudo de tocar com bateristas de nível tão alto, são alguns dos melhores do mundo. Ninguém critica a parte rítmica do Sepultura, que é algo extremamente importante para nosso som. Desde sempre tenho a opinião que a mistura brasileira criou um ritmo único, e é isso que temos no Sepultura.

O Sepultura tocou na Europa no início do ano para divulgar o novo álbum. Como as pessoas estão recebendo as novas músicas mundo afora?
 Está sendo excelente. Nesta última turnê tivemos oito ou nove shows com a lotação esgotada, e os outros estavam sempre muito cheios. É uma das melhores turnês que tivemos em muito tempo. Estamos muito empolgados. Em maio e junho vamos voltar a tocar em festivais, o que é um sinal do sucesso que estamos fazendo. Nossos shows estão cheios de músicas novas, e o público responde superbem, não fica só esperando pelas antigas.

E como está sendo tocar sem os dreads? Eles eram a sua marca.
(Risos) Todo mundo ficou chocado. Na Europa muitas pessoas ainda não sabiam. Essa era a ideia. Teve um novo álbum, uma nova turnê, um monte de mudanças. Esse novo visual é como um recomeço. Eu tinha o mesmo cabelo há 28 anos, então, me sinto um pouco ridículo agora. (risos). Mas acho que tem um monte de significados diferentes, é como um alívio, um sentimento de liberdade. Foi meio estranho em cima do palco, mas é ótimo quando vou tomar banho e quando acordo. (risos) Mas a energia em cima do palco que tinha com o cabelo ainda existe? Sim, a energia continua a mesma. Fica até mais fácil, porque a cabeça está mais leve (risos), tanto física quanto mentalmente.

Você gosta de Florianópolis?
Sim, é uma referência de qualidade de vida, um dos meus lugares preferidos no Brasil.

Quais as expectativas para o show na cidade?
Estou bem empolgado. Faz muito tempo que não tocamos aí, mas sei que as pessoas são realmente apaixonadas pela música. Tenho certeza que elas adoram e vão enlouquecer no nosso show.

Uma das marcas do Sepultura são as letras com críticas políticas e sociais. Queria saber como você se sente sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil. Vocês falam sobre isso na banda?
Sim, demais. Eu gosto muito de esportes, mas ao mesmo tempo a gente vê que tem tanto dinheiro e poder sendo usados para corrupção. Dinheiro corrompe, em qualquer canto do mundo. Infelizmente a manipulação, usando como ferramenta o maior esporte do mundo, é absurda. Acho que tudo pode ser politizado, menos esportes. Eles (a Fifa) impõem suas regras sobre todo um país para ganhar muito dinheiro e ninguém pode fazer nada. Creio que os brasileiros sempre desejaram ver um jogo da Copa do Mundo, mas não creio que o povão, as pessoas comuns, vão conseguir assistir a alguma das partidas nos estádios. Eu mesmo não conseguirei ver nenhuma. Todos teremos que ver tudo na televisão, é meio trágico.

O que podemos esperar do Sepultura daqui para frente?
Vamos continuar fazendo coisas originais, sem medo de experimentar. Tem um monte de coisas que queremos fazer, lugares novos para tocar. Vamos continuar nos baseando no que vem do nosso coração.


Agende-se

O quê: Floripa Metal II
Quem: Sepultura, Noturnall, Panela Rock, Down The System e T61
Quando: sexta-feira, a partir das 21h
Onde: Life Club (Rod. SC-401, 14.037, Florianópolis)
Quanto: R$ 75 (feminino) e R$ 80 (masculino) – valores de 3º lote e sujeitos a alteração, à venda no blueticket.com.br.
Mais informações: www.floripametal.com

base2producoes / divulgação

Eloy Casagrande (bateria), Derrick Green (vocal), Paulo Jr. (baixo) e Andreas Kisser (guitarra)
Foto:  base2producoes  /  divulgação


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