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Itapema FM  | 05/05/2014 06h31min

Rádios online de Santa Catarina comemoram liberdade e boa audiência

Gêneros musicais deixados de lado em emissoras comerciais ganham espaço nas alternativas

Rubens Herbst  |  rubens.herbst@an.com.br

Vai longe o tempo em que o rádio era o grande lançador de tendências musicais e o principal meio de divulgação da indústria fonográfica. Desde o surgimento do videoclipe e, mais tarde, dos arquivos de compartilhamento, parte do público foi buscar novidades sonoras longe do aparelhinho.

Por ironia do destino, a internet serviu para o rádio alinhar-se com estes tempos cada vez mais velozes e tecnológicos. Assim, muitas emissoras e grupos independentes encontraram refúgio na atuação online, com a qual satisfazem uma parcela da audiência que não se identifica com o que tocam as grandes rádios comerciais.

Foi esse pensamento que levou o comunicador Edinho Negão a fundar, em janeiro de 2012, a Pop Rock Joinville (www.poprockjoinville.com.br). Sem espaço para o segmento homônimo nas emissoras locais, ele partiu para a independência e, com uma equipe de cinco pessoas, atinge cerca de oito mil ouvintes por semana tocando hits e lados B do pop rock nacional e internacional.

– O grande barato de trabalhar em uma rádio web é, primeiro, fazer rádio, que é um paixão; outro, é tocar aquilo que se tem vontade, novidades, bandas da região. Ter liberdade não tem preço – afirma Edinho, lembrando, porém, que a Pop Rock tem caixa comercial que sustenta sua programação.

Com apenas dois meses de vida, outra rádio online de Joinville, que já tem a grade bem definida, é a Hospício Rock (www.hospiciorock.com.br). O projeto nasceu num coletivo/banda movido à paixão pelo rock’n’roll. A rádio tem oito comunicadores – a maioria sem nenhuma experiência anterior com locução – que se revezam em divulgar clássicos dos anos 50, 60 e 70, curiosidades e bandas da região.

– Nos divertimos tocando aquilo que gostaríamos de ouvir em uma rádio – resume Deia Comanche, que comanda o Vitrola Rock às terças-feiras.

O B-side em Florianópolis

Layse Ventura
layse.ventura@diario.com.br

Quem curte o meio alternativo já viu algum album magazine da gravadora SIC Music, que lança apenas digitalmente o som de artistas, acompanhado de uma revista-conceito. Com o crescimento de desafios da indústria fonográfica, a gravadora decidiu ampliar sua área de atuação e criou a SIC Radio (www.sicradio.net) em 2013.

Por enquanto, para o tamanho e o tipo de engajamento que eles procuram, a internet foi a opção que fez mais sentido. Segundo seu idealizador, Isaac Varzim, nos Estados Unidos as pessoas gastam mais tempo ouvindo rádio online do que com seu equivalente em FM. Apesar de não termos pesquisas semelhantes no Brasil, ele vê esse segmento como promissor por aqui também.

Para montar a estrutura da SIC, Varzim partiu de duas ideias principais: queria que ela acontecesse comercialmente e que fosse genuinamente local. Com isso, montou uma programação pouco baseada em hits e mais focada em indicar novas sonoridades para o ouvinte:

– Com a internet, você tem acesso a qualquer conteúdo, mas poucos filtros. A Sic surgiu muito com a ideia de ser um bom filtro em um universo de milhões de coisas – explica Varzim.

Com uma audiência mensal de 40 mil ouvintes, a grade conta com cerca de 26 atrações diferentes e 47 geradores de conteúdo. Porém, recentemente, alguns programas saíram da plataforma e outros dois estreiam ainda em maio: o AiÊ Fashion e o Sounds in da City.

É com essa dinâmica em mente que ele lança em 1º de junho um novo site para a rádio – com novo player e conteúdo de notícias –, um canal no YouTube para abrigar vídeos de entrevistas com artistas e um novo servidor para entregar mais conteúdo.

No médio prazo, a meta é estruturar um estúdio-sede para conseguir fazer mais programas ao vivo. O ensaio para esse plano futuro começa agora durante a Copa do Mundo, quando Isaac e mais dois convidados que não entendem nada de futebol vão fazer a transmissão dos jogos.

A maior dificuldade da rádio ainda é técnica, pois eles dependem da qualidade da internet oferecida pelas operadoras de telefonia para conseguir aumentar sua audiência em tablets e smartphones.

24 horas de programação sempre no ar

Rubens Herbst
rubens.herbst@an.com.br

A Quarto Rock (www.quartorock.com.br) de Joinville se prepara para completar dois anos na internet e já pode se considerar um “case de sucesso”. Criada com o simples intuito de preencher uma lacuna no rádio joinvilense – transmitir 24 horas de rock por dia –, ela se transformou em um grupo empresarial que conta hoje com 14 pessoas, entre comunicadores, diretores, advogados e especialistas em cobertura de eventos.

– O mais bacana disso tudo é ver que uma brincadeira se tornou uma rádio totalmente comercial. Empresários anunciam seus produtos para os mais de 1,7 milhão acessos feitos nestes dois anos, e hoje nos orgulhamos de ter ouvintes assíduos que levam no peito a marca por meio de nossos produtos – diz o diretor Lucinei da Rocha, celebrando uma audiência que, segundo ele, chega a 29 países.

Bem diferente é a One Radio Rock (www.oneradiorock.com), de Jaraguá do Sul, tocada sozinha por Marcio Finta desde março de 2003 e sem qualquer patrocinador que financie seus esforços em divulgar o gênero musical favorito. É isso, e o fato de tratar-se de uma webradio, que ela tem em comum com suas colegas de Joinville.

Apesar de contar apenas com o apoio da noiva na divulgação, Marcio comemora a liberdade que a internet lhe proporciona – onde opera 24 horas por dia, uma parcela razoável delas reservada às bandas da região – e aguarda o reconhecimento:

– A One Radio Rock me deu a chance de estar presente de alguma forma neste mundo do rock’n’roll. Também é um escape da cruel realidade que é ter um emprego para me manter financeiramente, embora eu ainda sonhe que a One um dia possa me manter neste aspecto. Em resumo, é a paixão que me motiva.

Do rock'n roll ao público evangélico

Pamyle Brugnago
pamyle.brugnago@santa.com.br

As rádios online de Blumenau ainda caminham a passos lentos e sem muita regularidade na audiência. É o que afirma o radialista e professor de radiojornalismo do Instituto Blumenauense de Ensino Superior (Ibes), Arnaldo Zimmermann. Para o professor universitário, as webrádios ou rádios online ainda são muito segmentadas:

– Aqui em Blumenau temos algumas rádios nessa modalidade voltadas ao público evangélico, sertanejo, ao rock anos 1980, entre outros. Todas atingem um bom público, mas ainda não percebo regularidade na audiência. A regularidade se atinge com o estabelecimento de hábitos de consumo, que ainda não ocorrem – reforça o professor que desconhece o número exato de rádios online na cidade.

O DJ e produtor de eventos Nico Wolff é um dos que se aventuraram na produção de uma rádio online em Blumenau. Foi em uma viagem à Europa que ele teve a ideia. Assim que voltou ao Brasil colocou em prática a Rádio Zero 80 (radiozero80.com.br), que começou em 2013 e toca músicas focadas nos anos 1980, divulga a agenda cultural, a história de Blumenau e, em breve, deve ganhar um aplicativo para smartphones.

– A audiência é bem legal. Depois de tocar as festas na Europa, inclusive, vimos alguns acessos de brasileiros que moram lá. Além da web, fazemos festas para divulgar a Zero 80 – ressalta Nico.

 / Agencia RBS

Isaac Varzim faz programação pouco baseada em hits, focada em indicar novas sonoridades para o ouvinte
Foto:  Agencia RBS


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